Ele perdeu o olfato e foi diagnosticado com o novo coronavírus
Na última semana, autoridades médicas de países como China, Alemanha, Itália e França alertaram sobre um novo sintoma entre os pacientes contaminados pelo novo coronavírus: a perda súbita do olfato e/ou do paladar.
Chamada de anosmia (perda de olfato) e disgeusia (perda do paladar), a condição também foi detectada em pacientes na Coreia do Sul. No Brasil, a ABR (Academia Brasileira de Rinologia) e a ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial) divulgou nota em 22 de março orientando os profissionais a considerar o sintoma, quando surgir de forma súbita e sem congestão nasal, como um possível sinal da covid-19.
No mesmo dia, o empresário Paulo Henrique Guglielmi, 36, acordou sentindo-se indisposto e com dor de cabeça. Como os sintomas eram leves, ele não deu importância e seguiu a programação do fim de semana fazendo um churrasco em sua residência, na Grande São Paulo.
Na hora de saborear a carne, no entanto, ele sentiu algo estranho. "Falei para a minha mulher que não estava sentindo o gosto da carne. Só aí percebi que não estava sentindo o cheiro do churrasco também", afirma. A perda, afirma ele, foi súbita.
Dois dias depois, ainda com os sintomas e incentivado pelo irmão, que achou a situação estranha, Paulo decidiu procurar um hospital em São Paulo. "Eu estava tranquilo, cheguei falando para a enfermeira que não era nada com relação ao coronavírus", diz. Ele foi encaminhado para um neurologista e fez uma tomografia para descartar qualquer problema neurológico e obstrução nasal.
Como o resultado voltou normal, o especialista fez alguns testes. "Ele colocou álcool em um pano e me mandou aspirar. Eu não sentia nada, zero", afirma. Por último, foi pedida uma tomografia do pulmão, que também voltou sem alteração. "Só aí eles me disseram que, pelos exames clínicos, eu tinha 99% de chance de estar com covid-19", revela.
Como não estava com os sintomas graves, como tosse e febre alta, o empresário não conseguiu ser testado com o kit específico para o vírus. Mesmo assim, foi orientado a ir para casa e ficar isolado por pelo menos 14 dias.
Isolamento e preocupação com os filhos
Paulo conta que a maior preocupação foi com os filhos —ele tem um menino de seis anos e uma bebê de apenas dois meses. "Os médicos me tranquilizaram e disseram que, em crianças, a doença costuma se manifestar como um leve resfriado ou nem isso", contou.
Após o diagnóstico, Paulo conta que ainda sente muita dor de cabeça e começou a ter um leve desconforto na respiração, que fica difícil em alguns momentos, como quando está conversando.
Os médicos recomendaram que ele monitore a temperatura e a falta de ar, e só procure ajuda se estiver com dificuldade de respirar e/ou febre alta que não cessa com remédios. "Por enquanto, sigo sem sentir cheiro nem gosto. Os médicos também não sabem quando vai voltar", diz.
Ele também se mantém distante da família em um quarto. "Estou lavando a roupa separadamente, e evitando andar pela casa", diz. A família, no entanto, entrou no isolamento.
"Minha sogra está nos ajudando e deixando alimentos na porta, que abrimos só depois que ela já foi embora", diz. Ela e o filho de Paulo vivenciaram a cena mais forte desse isolamento. "Os dois são muito apegados e ficaram conversando algum tempo pela porta, sem poder se ver. Foi triste, mas vai passar", contou.
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