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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Mastigação errada pode causar perda de dentes, cefaleia e zumbido no ouvido

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Keyla Assunção

Colaboração para VivaBem

01/05/2020 04h00

A mastigação é a função mais importante do sistema estomatognático, que é composto por ossos maxilares e mandíbula, dentes, articulação temporomandibular (ATM), músculos, lábios, bochechas, língua, nervos e vasos.

Todos esses componentes funcionam com sinergismo para que a pessoa tenha uma mastigação e deglutição corretas. Na primeira etapa da mastigação ocorre o processo digestivo, no qual os alimentos são fragmentados com os dentes e inicia-se a digestão química com a adição da saliva.

Mastigar é uma tarefa bastante instintiva e poucas pessoas prestam atenção se realizam os movimentos corretamente.

O padrão ideal de mastigação é a bilateral, ou seja nos dois lados da sua boca, que pode ser simultânea ou alternada, com movimentos verticais e de rotação de mandíbula. A mastigação unilateral é um desvio e não deve ser praticada.

Quando os movimentos são feitos errados podem ocorrer complicações como perda e fratura de dentes, dentes tortos e mal posicionados, azia, refluxo, cáries, cefaleia, estalidos e zumbidos nos ouvidos, retração da gengiva, disfunções na ATM, além de problemas estéticos e respiratórios.

Em indivíduos que não possuem dentes, pode haver uma desregulação do cérebro o que pode gerar movimentos involuntários da boca.

Exames de imagem como radiografia simples, tomografia computadorizada e ressonância magnética permitem avaliar toda a estrutura dentária e óssea/muscular da face. Além disso, existem exames dinâmicos como a videoendoscopia que avaliam a deglutição.

Lá na infância

bebê, chupeta, criança brincando - iStock - iStock
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Segundo Lucas Patrocinio, otorrinolaringologista especialista em cirurgia craniomaxilofacial, no caso das crianças, o uso de chupeta ou chupar o dedo influencia negativamente no crescimento dos maxilares, levando a problemas de mordida e mastigação.

A falta de estímulo correto para a sucção e a interposição mecânica (dedo ou chupeta) fazem com que os maxilares não se encontrem na parte da frente (mordida aberta) e a mandíbula (maxilar inferior) não cresça adequadamente (queixo pequeno).

Outro fator agravante são as crianças que respiram pela boca por terem desvio de septo ou rinite, por exemplo. Elas podem ter problemas no desenvolvimento dos maxilares e, por consequência, alterações na mordida e na mastigação.

"A procura por um especialista deve ser logo na infância quando a criança está respirando pela boca e não pelo nariz, ou se estiver roncando. Nesses casos é obrigatória a avaliação de um especialista, pois tratamentos precoces evitam problemas na vida adulta", diz Patrocinio, professor da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e membro da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial).

Ajuda o mais cedo possível

A jornalista Letícia Neco teve problemas ortodônticos ainda na infância. Quando tinha nove anos seus pais perceberam que ela apresentava dificuldade para mastigar e seu maxilar estralava dependendo do esforço que fazia para triturar determinados alimentos.

Muitas vezes, ela não conseguia manter a boca fechada enquanto comia, pois era bem cansativo. Foi aí que seus pais decidiram levá-la a um especialista.

"O dentista disse que eu tinha a mordida cruzada e a arcada inferior era muito menor que a superior. Iniciei o tratamento com um aparelho. Algumas semanas depois, comecei a usar um aparelho extraoral para 'segurar' o crescimento da arcada superior. Ao todo, usei três tipos de aparelhos. Depois usei um outro que era fixo com elásticos, que ligava as duas arcadas e fazia muita pressão para ficarem alinhadas. Era bem sofrido, ainda lembro da dor quando precisava regular o aparelho ou quando algum 'ferro' escapava e prendia na parte de dentro da bochecha", conta.

De acordo com Alessandro Silva, especialista em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial, "as pessoas devem consultar o dentista a cada seis meses, mas se ainda assim notarem que os dentes não encaixam direito, se têm uma mordida cruzada (os dentes de baixo cobrem os dentes de cima nas regiões anterior e posterior), se o movimento da mandíbula for visivelmente anormal, se existe alguma dor, entre outros fatores, é imprescindível que um especialista avalie o caso, faça o diagnóstico e inicie o tratamento adequado rapidamente", explica Silva, que é diretor da clínica Maxilart.

O papel dos dentes

"O comando da mastigação é feito pelo cérebro e pelo tronco cerebral. Doenças neurológicas com sintomas deficitários ou com sintomas positivos (contraturas e outros movimentos involuntários) podem impactar na mastigação", explica Pedro André Kowacs, neurologista-chefe da Clínica do Instituto de Neurologia de Curitiba e coordenador do Setor de Cefaleia e Dor do Serviço de Neurologia do HC-UFPR (Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná).

A mastigação correta melhora o tônus muscular da boca e da língua, auxilia na manutenção do peso, previne alterações na arcada dentária e disfunções na ATM.

As funções de cada dente devem ser aproveitadas em sua totalidade. Os oito dentes incisivos (quatro na parte superior e quatro na inferior) ficam na frente da boca, são finos e retos. Eles exercem o papel de apreender e cortar os alimentos.

Ao lado deles estão os caninos, somando um total de quatro, que rasgam a comida. Já os pré-molares e molares trituram o que é ingerido.

"Cada alimento deve ser mastigado aproximadamente 30 vezes de forma lenta e pausada, ajudando também na saciedade. Carnes e vegetais com muitas fibras devem ser mastigados mais vezes. Evite beber durante a refeição porque a ingestão de líquidos causa a diluição do ácido clorídrico e do suco gástrico dificultando a digestão e provocando a distensão abdominal. Se não for possível, beba apenas 100 ml de água", aconselha Silva.

Calma, tem tratamento

Existem inúmeros tratamentos para solucionar problemas relacionados à mastigação. Quando há a falta de dentes, o recomendado são os implantes, próteses fixas ou removíveis para que o paciente volte a mastigar corretamente.

Aparelho ortodôntico, braquetes - iStock - iStock
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Se o paciente não teve perda dentária, mas apresenta dentes desalinhados, o ortodontista irá administrar um tratamento para realinhar desde que os maxilares estejam bem relacionados.

Quando o osso não está bem coordenado (inferior e superior), o paciente tem algum problema no maxilar e não nos dentes. Nessa situação é indicada a cirurgia ortognática, que corrige diversas alterações na mordida e na face. Visa à melhora na mastigação, fala e respiração, além da estética facial.

O procedimento é realizado após avaliação ortodôntica. Na maioria das vezes, é necessária uma preparação prévia com aparelho. A cirurgia dura de 2 a 3 horas.. "No pós-operatório, é necessário o repouso e os movimentos da boca ficam limitados por um tempo", explica Silva, que é membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF).

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