Por que comer certos alimentos ou tomar suplementos não melhora a imunidade
Desde o começo, a doença provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) foi comparada a uma gripe ou um resfriado comum. Não à toa, uma das notícias falsas que mais circulou — e continua circulando — é a necessidade de comer certos alimentos ou usar suplementos para reforçar a imunidade e ficar saudável durante a pandemia.
Isso ficou ainda mais em evidência depois da notícia de que um estudo de cientistas da Universidade de Turim, na Itália, havia constatado que muitos pacientes internados por conta do novo coronavírus apresentavam baixos níveis de vitamina D no organismo, levantando o debate sobre a influência dessa e outras vitaminas no nosso sistema imunológico.
É claro que uma alimentação saudável faz a diferença para o funcionamento do corpo como um todo —e não é diferente para o sistema imunológico. No entanto, de acordo com Viviane Cordeiro Veiga, coordenadora de UTI da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, não há alimento específico ou suplemento mágico que impeça o seu corpo de contrair o vírus e desenvolver a covid-19. "Mas é claro que, em um organismo saudável, em teoria, a resposta à doença é melhor", explica.
Ela reforça o "em teoria" pois, já é sabido, pessoas imunodeprimidas ou com alguma comorbidade que provoca essa baixa nas defesas são consideradas do grupo de risco —mas não é regra. "Infelizmente, sabemos que jovens saudáveis também desenvolvem a forma grave da doença", alerta.
Alimentação e inflamação
Embora sejam muitas as mensagens incentivando o consumo de suplementos para reforçar as defesas do corpo, é de fato a alimentação do dia a dia que vai fazer a maior diferença na sua imunidade.
Isso porque uma alimentação pobre em nutrientes e rica em gorduras, sódio e açúcares, por exemplo, favorece o aumento de peso — e a obesidade, por si só, já é considerada um estado inflamatório.
"Sabemos que a covid-19, em estado grave, também provoca uma inflamação exacerbada no corpo", afirma Marise Lazaretti, endocrinologista e professora de endocrinologia da EPM da Unifesp (Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo). "Ou seja, pacientes que tenham já uma pré-condição inflamatória têm mais risco de piora no quadro", acredita.
E não é só isso: além de manter o peso saudável, uma alimentação variada e equilibrada, com alimentos naturais e proteínas magras, já supre a necessidade de ingestão de vitaminas e minerais importantes para fortalecer o sistema imunológico —como as vitaminas C, D, do complexo B; e os minerais como zinco e selênio — e evitando a necessidade de suplementação.
De acordo com a especialista, apenas quem possui uma alimentação restrita ou deficiência comprovada de algum nutriente deve fazer a suplementação, mas sempre sob orientação e acompanhamento médico.
Comer direito não é tudo
Embora a alimentação seja um pilar fundamental para fortalecer a imunidade, ela não é o único. Todos os especialistas consultados pelo VivaBem afirmam que os hábitos saudáveis também são importantes para fortalecer essa função.
"Isso significa que é preciso um esforço em outras áreas da vida, como manter uma rotina de sono todos os dias, praticar exercícios físicos para ajudar a melhorar a função pulmonar e até tentar controlar o estresse com momentos de relaxamento durante o dia", afirma Rosana Perin, gerente de nutrição do HCor.
Ela lembra ainda que, embora a quarentena seja um bom momento para rever hábitos ruins, a imunidade não vai responder de um dia para o outro. "Não é porque eu tomei uma cápsula de vitamina C hoje que já estou fortalecida", explica. "A imunidade não se constrói de um dia para o outro, é um processo que vai sendo conquistado ao longo do tempo, e por isso a importância de se manter hábitos saudáveis", avalia.
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