Alimentos tóxicos: 5 itens que causam problemas se ingeridos em excesso
Provavelmente, você já ouviu o ditado popular "a diferença entre o remédio e o veneno é a dose". E isso também é verdade em relação ao consumo de certos alimentos. Apesar de alguns serem considerados saudáveis e proporcionem benefícios, em quantidades excessivas fazem mal ao organismo.
Por isso, a moderação é a palavra-chave e, em alguns casos, previne problemas de saúde como intoxicações, mal-estar e até mesmo levar à morte.
A seguir, Magda Rosa Ramos da Cruz, nutricionista e professora do curso de nutrição da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Cristiane Hanasihiro, nutricionista da BP - Beneficência Portuguesa; Amanda Mineiro, nutricionista do HCor (Hospital do Coração) e Ana Paula Pereira, coordenadora de nutrição da Casa de Saúde São José, destacam quais são os riscos de comer ou beber em excesso alguns alimentos e as quantidades recomendadas para cada caso.
1. Café e cafeína
Quem resiste a um cafezinho? A bebida é a preferida dos brasileiros e consumida diariamente por muitas pessoas pelo seu sabor e efeito estimulante. Mas, apesar de ter diversos nutrientes como antioxidantes e vitaminas, beber muito café pode causar problemas de saúde como gastrite, úlcera ou refluxo, uma vez que a cafeína altera a secreção gástrica.
Em excesso, também aumenta o batimento cardíaco, a ansiedade, a irritação e a dificuldade para dormir. A quantidade de cafeína recomendada é de 300 a 400 mg por dia, o que equivale a até quatro xícaras de café fresco passado. Mas para ser tóxico para o organismo, de acordo com a FDA (Food and Drug Administration —órgão norte-americano com função semelhante à Anvisa), é preciso consumir mais de 1.200 mg de cafeína diariamente por longos períodos de tempo, ou seja, o triplo do recomendado. Em alguns casos, o excesso causa convulsões e morte.
Além do café, outros alimentos possuem cafeína como refrigerantes, energéticos e alguns chás, por exemplo. Por isso, é importante ficar atento quando ingerir esses itens para não ultrapassar a quantidade ideal.
2. Noz-moscada
A especiaria com sabor adocicado e aroma forte entra na lista devido à presença de um composto chamado miristicina —que é uma substância psicoativa, agindo principalmente no sistema nervoso central.
Entre os sintomas de intoxicação estão convulsões, arritmias, náuseas, tonturas, dores e alucinações. Há poucas pesquisas que relatem a toxicidade da noz-moscada em excesso. Um casal, por exemplo, apresentou mal-estar após ingerir cerca de 30 g do alimento no café da manhã.
A recomendação dos especialistas é consumir em pequenas quantidades: no máximo 5 g ao dia para evitar os efeitos tóxicos do alimento. Em pequenas quantidades, que normalmente são usadas na cozinha, o alimento não oferece riscos.
3. Atum
Esse peixe é fonte de ácidos graxos ômega 3 e de proteínas. Mas também pode conter metilmercúrio, que é um poluente ambiental tóxico para o organismo. De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, realizada com 129 pessoas, o consumo de peixes com essa substância causou déficit na função neurocognitiva. Por isso, afetou a atenção, a coordenação e a memória.
O ideal é evitar consumir todos os dias, principalmente se for na versão em lata: a indicação dos profissionais é não ingerir mais de quatro latas de atum por semana. Se for o atum fresco, indica-se variar com outras fontes de proteína, como salmão e sardinha, e consumir de duas a três vezes por semana e no máximo 100 g do alimento por dia.
4. Carambola
A fruta de formato exótico, que lembra uma estrela de cinco pontas, deve ser evitada por quem tem problemas renais. Isso porque contém alto teor de oxalato, uma toxina que é eliminada pelos rins, mas quem tem insuficiência renal não consegue filtrar e eliminar a substância. Nesses casos, em excesso no organismo, chega ao cérebro e surgem vômitos, fraqueza muscular, agitação, confusão mental e convulsão.
Um estudo realizado com 110 pessoas que tinham doença renal crônica mostrou que a carambola pode ser tóxica. De acordo com os pesquisadores, esse grupo deve evitar consumir a fruta tanto em suco quanto in natura.
Já a recomendação para pessoas saudáveis é consumir até duas carambolas (aproximadamente 220 g) por dia. Extrapolar essa quantidade frequentemente pode aumentar o risco de insuficiência renal aguda a longo prazo.
5. Canela
Essa especiaria é usada há milhares de anos por conta de suas propriedades medicinais e por agregar sabor e aroma nas receitas. Mas, em excesso, pode ser prejudicial à saúde. Um tipo de canela (conhecida como Cássia) possui uma substância chamada cumarina que em grandes quantidades, de acordo com uma revisão sistemática divulgada no Clinical Nutrition Journal, causa distúrbios gastrointestinais e reações alérgicas. No estudo, não foi indicada uma quantidade em especial em que a toxicidade aparecesse: os cientistas concluíram que o consumo diário como especiaria é seguro, mas o uso medicinal de grandes doses por longos períodos de tempo é que oferece riscos de efeitos adversos.
Sabe-se também que em excesso pode ser tóxica ao fígado. O consumo tolerável da substância é cerca de 0,1 mg por peso corporal. E a quantidade máxima recomendada pelos especialistas consultados por VivaBem para adultos saudáveis é uma colher de chá (6 g). Quem consumir mais do que isso frequentemente e em longo prazo, pode sentir os sintomas citados. Vale lembrar que algumas pessoas são mais sensíveis e apresentam desconfortos com quantidades menores.
Revisão técnica: Amanda Mineiro.
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