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Com queimação nas pernas, indiana de 24 anos descobre doença medieval

Exame mostra que indiana tinha condição que era comum na Idade Média, conhecida como "Fogo de Santo Antônio". A doença é causada pelo consumo de produtos contaminados pelo fungo esporão-do-centeio - The New England Journal of Medicine
Exame mostra que indiana tinha condição que era comum na Idade Média, conhecida como "Fogo de Santo Antônio". A doença é causada pelo consumo de produtos contaminados pelo fungo esporão-do-centeio Imagem: The New England Journal of Medicine

De VivaBem, em São Paulo

27/07/2020 10h30

Uma indiana de 24 anos foi diagnosticada com ergotismo, uma condição comum na Idade Média, conhecida como "Fogo de Santo Antônio". Trata-se de uma intoxicação causada pelo consumo de produtos contaminados pelo fungo esporão-do-centeio.

O caso foi divulgado pelos médicos da Faculdade de Medicina do Governo de Thiruvananthapuram, na Índia, onde a paciente foi atendida, e publicado no The New England Journal of Medicine.

A jovem apresentou uma dor intensa e ardente nas pernas após tomar ergotamina para tratar a enxaqueca. Ela também estava tomando ritonavir, medicamento usado para combater o HIV e que tem efeito inibidor da CYP3A4, enzima que inativa toxinas. Isso teria contribuído para o aumento dos níveis de ergotamina no corpo da jovem, provocando um efeito vasoconstritor.

"A angiotomografia revelou estreitamento difuso e simétrico das artérias em ambas as pernas, o que era consistente com ergotismo", diz o estudo. Aos médicos, ela se queixou de uma queimação nas pernas que se estendia dos dedos dos pés até o meio das coxas. Após o diagnóstico, ela está sendo tratada com prostaglandina intravenosa e heparina não fracionada e conseguiu normalizar o fluxo sanguíneo das pernas. No entanto, devido à gravidade do caso, ela precisou amputar um dos dedões do pé.

O ergotismo é o envenenamento por Ergot, também chamado "Fogo de Santo Antônio". Trata-se de uma intoxicação causada pela ingestão de produtos contaminados pelo esporão do centeio (Claviceps purpurea), um fungo contaminante comum do centeio e outros cereais, ou pelo uso excessivo ou mal orientado de drogas derivadas da ergolina, e que teria sido responsável por numerosos surtos epidêmicos na França, Escandinávia e Alemanha, entre os séculos 14 e 17.

De acordo com um material publicado no site do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), os sintomas de ergotismo se caracterizam por depressão e confusão mental, hipertensão, bradicardia, vasoespasmos (com perda de consciência e cefaleia), cianose periférica (mãos e pés pálidos) com claudicação, podendo ainda levar ao coma e morte. A intoxicação tem níveis, podendo apresentar ergotismo gangrenoso ou convulsivo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no 4º parágrafo desta matéria, a paciente foi tratada com prostaglandina intravenosa e heparina não fracionada, e não com terapia antirretroviral. A informação já foi corrigida.