"Comia uma pizza sozinha e mudei hábitos após perder 50 kg com bariátrica"

Com 20 anos e 118 kg, a influenciadora digital Sheilla Raquel, 29, era bem resolvida com seu peso. Mas, após ser alertada por um médico que poderia ficar doente por causa da obesidade, ela decidiu fazer bariátrica, perdeu 50 kg e mudou seu comportamento. A seguir, ela conta como conseguiu adotar novos hábitos:

"Nunca fui uma criança gorda e comecei a ganhar peso aos 16 anos. Eu não tinha horário para fazer as refeições, comia muito rápido e minha alimentação não era saudável. Adorava salgados, frituras, hambúrguer e outros lanches. Chegava a comer uma pizza inteira e a tomar dois litros de refrigerante sozinha.

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Com esses hábitos, em quatro anos, fui de 70 kg para 118 kg. Cheguei a usar manequim 50. Mas o excesso de peso não me incomodava e eu era uma gorda bem resolvida. Se eu fosse à praia, por exemplo, não ia de maiô e fazia questão de usar biquíni. Gostava de peças decotadas, vestido apertado, roupas que as pessoas, por preconceito, consideram apropriadas para magras e não para gordas.

Como já tinha histórico de obesidade na família —meu pai e meu irmão mais velho haviam feito bariátrica —, minha mãe se preocupava com minha saúde mais do que eu. Ela me levou ao endocrinologista algumas vezes. O médico me passava remédio para emagrecer e uma dieta, eu fazia por 15 e depois parava. Não conseguia mudar hábitos.

Quando atingi 115 kg, minha mãe me levou ao cirurgião que fez a bariátrica no meu pai. Eu tinha 20 anos e já estava com obesidade nível 2. O médico disse que eu era jovem e podia tentar emagrecer de uma forma menos agressiva. Ele sempre usava o meu pai como exemplo. Ele dizia que se eu não me cuidasse, eu poderia desenvolver uma série de doenças, como pressão alta e diabetes. Lembro que o cirurgião foi curto e grosso: "Você pode ficar doente para o resto da sua vida".

Esteticamente eu não me incomodava com o excesso de peso, mas fiquei com muito medo de ficar doente por causa da obesidade

Sentia dores nas costas e não tinha disposição e energia para fazer as coisas. Isso começou a me deixar mais preocupada com a minha saúde e meu futuro.

Antes de indicar a cirurgia, o médico fez uma última tentativa de emagrecimento, me passou um cardápio e pediu para eu retornar em dois meses. Não consegui seguir a dieta e engordei 5 kg, atingindo 120 kg. O cirurgião me disse que se eu perdesse 2 kg, ele faria a bariátrica. Eliminei esse peso e marcamos a cirurgia.

Então, recebi acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, formada por cardiologista, nutricionista, endócrino e psicólogo. Ao conversar com o terapeuta, descobri que eu comia exageradamente não por estar com fome, mas por causa da ansiedade.

Antes de me operar, o médico fez um alerta: "Você vai fazer a cirurgia e emagrecer, mas se você não mudar, se não se alimentar corretamente e não praticar atividade física regularmente, vai engordar tudo de novo após alguns anos".

Em dezembro de 2011, eu fiz a bariátrica e com ela adotei novos hábitos saudáveis. O primeiro foi aprender a comer. A nutricionista montou um plano de reeducação alimentar, em que eu deveria seguir algumas regras: comer de três em três horas, em pouca quantidade e devagar.

No café da manhã, às 7h, eu comia um ovo mexido e tomava café sem açúcar. Às 10h, ingeria uma fruta ou castanha. No almoço, às 13h, meu cardápio era uma colher de arroz integral, uma colher de feijão, salada à vontade e uma proteína. Eu não tomava suco nem refrigerante. Às 15h, o lanche da tarde era uma fruta ou mix de sementes. No jantar, às 18h, eu tomava uma sopa. E na ceia, às 21h, eu tomava whey protein. Cortei massa, frituras e doces. Só voltei a incluir isso no meu cardápio depois de um ano, mas de forma moderada.

No segundo mês após a cirurgia, comecei a fazer academia. Como era algo que eu não curtia, adotei algumas estratégias que me ajudaram a tornar a atividade física um hábito. Como não gostava de treinar sozinha, contratei um personal trainer. Isso foi muito importante para me manter motivada, pois tinha um professor me esperando para treinar e não podia deixar de cumprir esse compromisso.

Como não gostava de esteira e bike, eu fazia uma hora de aula de dança, que é uma atividade dinâmica e permite movimentar o corpo todo. Depois fazia uma hora de musculação com o personal. Além disso, praticava muay thai uma vez por semana.

Seis meses após a cirurgia, já tinha eliminado 50 kg, chegando a 68 kg. Fiquei muito magra para a minha altura (1,77 m) e aos poucos fui ganhando alguns quilos. Hoje, me mantenho entre 79 kg e 83 kg e, o mais importante, consegui fazer com que a prática de exercícios a alimentação saudável se tornassem algo natural na minha vida.

Como fiquei com sobra de pele nos seios e na barriga, fiz dois procedimentos estéticos: mamoplastia com implante de silicone e abdominoplastia. Em 2014, realizei um sonho de criança e participei do Miss Sergipe. Fiquei em 5º lugar no concurso. Eu me tornei influenciadora digital e passei compartilhar fotos de antes e depois e a contar sobre o meu processo de emagrecimento no meu Instagram (@sheillaraquel).

Muita gente critica e julga quem faz a bariátrica por achar que é fácil, mas não é. A pessoa que se submete a isso sofre uma mudança drástica e rápida no organismo. A cirurgia não faz milagre, não eterniza a perda de peso, ela te dá um empurrão para depois você andar com as próprias pernas, mas se não houver uma mudança de comportamento, o peso volta. No meu caso, a bariátrica não me ajudou só a emagrecer, ela me ajudou a ser mais saudável e adotar hábitos que vou levar para o resto da minha vida."