Beber água antes de dormir previne infarto?
São muitas as mensagens que circulam pela internet e nos grupos de WhatsApp contendo receitas milagrosas que prometem curar ou evitar as mais diversas doenças. Uma delas garante que beber água à noite, antes de dormir, previne o infarto agudo do miocárdio, e ainda diz que a prática é indicada por médicos.
Pois saiba que isso não é verdade. Além de não haver nenhuma fundamentação científica, dependendo da condição de saúde da pessoa, ela pode até ser perigosa. No geral, recomenda-se, para indivíduos saudáveis, o consumo de dois a três litros de água por dia, mas é importante entender que cada um tem uma necessidade hídrica diferente, calculada de acordo com idade, peso e estilo de vida. E há até quem precise de um consumo minuciosamente controlado, como quem sofre de insuficiência cardíaca.
Outro ponto é que beber água à noite provavelmente fará o indivíduo levantar algumas vezes durante a madrugada para ir ao banheiro, prejudicando a qualidade do sono e aumentando o risco de quedas, com possibilidade de fraturas, sobretudo em idosos.
Água e coração
A água constitui cerca de 70% do corpo humano e participa de todos os processos de funcionamento do organismo —dentre as suas funções estão distribuir os nutrientes para os órgãos, regular a temperatura corporal, eliminar toxinas e estimular o trânsito intestinal—, por isso é indispensável criar o hábito de tomá-la com frequência, ao longo do dia, e como adiantamos, na quantidade indicada.
Em se tratando especificamente da saúde do coração, o líquido, apesar de não evitar infarto, é importantíssimo. O que acontece é que a desidratação, em pessoas que já tenham algum problema cardiovascular, tende a provocar desequilíbrio da pressão, alterações da frequência cardíaca e aumento importante da viscosidade sanguínea, obrigando o órgão a trabalhar de forma mais intensa.
O que é o infarto?
Uma das principais causas de óbitos no mundo, o infarto agudo do miocárdio é caracterizado pela obstrução de uma ou mais artérias que levam sangue ao coração, por conta do acúmulo de placas de gordura, colesterol e outras substâncias —elas podem crescer ou se romper e provocar o entupimento. Quando isso acontece, o músculo cardíaco fica sem oxigênio, e o resultado é a morte das células.
São muitos os fatores de risco para essa condição: pressão alta, diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo, estresse, colesterol alto, histórico familiar, idade elevada, abuso de álcool e uso de drogas e certos medicamentos.
Sendo assim, a melhor forma de prevenção é evitá-los, o que se consegue com a adoção de hábitos saudáveis, incluindo dieta equilibrada, prática regular de exercícios físicos (de intensidade moderada por, pelo menos 150 minutos por semana) e controle emocional e de doenças preexistentes.
O sinal mais característico do infarto é dor intensa no peito, que irradia para o braço esquerdo e até para mandíbula e a porção superior do abdome. Outro tipo de manifestação é queimação, sensação de peso ou aperto no peito e formigamento no braço. Tudo isso ainda pode ser acompanhado de um profundo mal-estar, sudorese, falta de ar, tontura, desmaio, vômito, fraqueza e ansiedade.
Em caso de suspeita, a regra de ouro é procurar imediatamente o serviço de saúde. Quanto mais rápido for o atendimento —o ideal é não passar de 90 minutos a partir do surgimento dos sintomas—, menores serão os danos provocados ao coração e a chance de complicações posteriores.
Uma vez no hospital, são realizados exames, normalmente eletrocardiograma e cateterismo, para o correto diagnóstico. Se constatado o infarto, o tratamento mais importante é a restauração do fluxo sanguíneo pela artéria obstruída, feito por meio de um procedimento mecânico chamado angioplastia ou, se os médicos julgarem melhor, o uso de drogas que ajudam a dissolver o coágulo. Porém, dependendo da gravidade do caso, se faz necessária a realização de cirurgia de revascularização.
Fontes: Leopoldo Piegas, coordenador do programa de cuidados clínicos do infarto agudo do miocárdio do HCor (SP); Marcelo Paiva, cardiologista do Hospital 9 de Julho; e Roberto Vieira Botelho, cardiologista intervencionista e diretor de comunicação da SBHCI (Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista).
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