Chulé nem sempre é causado por má higiene, e pode ser tratado e evitado
Levante as mãos quem nunca ficou receoso em tirar os sapatos perto de alguém por conta de um possível mau cheiro nos pés. É o chulé ou podobromidose, em linguagem científica.
Ao contrário do que pode parecer, em muitos casos o chulé não é causado por falta de higiene, como o sapo que não lava o pé da canção infantil. Ele simplesmente acontece: é a combinação do suor com a queratina (um tipo de proteína) na pele e bactérias que naturalmente vivem na região.
Como o chulé está ligado ao suor, e daí é uma questão genética, algumas pessoas têm mais tendência a enfrentar esse problema do que outras. Adolescentes, devido a alta produção de hormônios típicos da fase que estimulam as glândulas sebáceas e mudam o pH da pele, também tendem a ter um período com chulé mais acentuado.
Fatores como o estresse, ansiedade, obesidade, hipertireoidismo, diabetes e o uso de antidepressivos orais também podem estar associados a sudorese. Alguns alimentos, tais quais o alho, a cebola e a pimenta, além das bebidas alcoólicas e do café também contribuem para o suor no corpo como um todo —no entanto, não há comprovação de que afetam diretamente a área dos pés.
A boa notícia é que o chulé pode ser tratado. A má notícia é que ele pode voltar e, em alguns casos, é necessária a intervenção de um médico, pois o fato de estar com podobromidose indica a proliferação bacteriana e isso ajuda a desenvolver micose, por exemplo. Quando há vermelhidão, coceira e o cheiro está muito acentuado, afetando a autoestima, também é necessário procurar um profissional de saúde.
Higiene também é importante
Se você está com chulé e respirou aliviado por entender que não é responsável por esse fedor no corpo, tenha calma. Em certos casos, a higiene também é fator importante para o chulé.
Por exemplo: o uso frequente do mesmo calçado fechado ou de um mesmo par de meias, sem que sejam lavadas, são prejudiciais aos pés. Durante o banho, também é necessário lavar bem e com sabonete a sola dos pés —o hábito deve ser diário.
Os calçados costumam ter uma tecnologia contra o acúmulo de cheiro ruim. Mas assim como as coisas quebram, ela também pode falhar. Nunca aconteceu com você de, após uma chuva torrencial, nunca mais ter o tênis cheiroso novamente? O uso frequente também pode estragar o sapato nesse aspecto. Daí, não há muito mais o que fazer e o cheiro ruim será constante.
Algumas práticas simples no dia a dia ajudam a evitar o chulé:
- A lenda urbana envolvendo sapatos de plástico é real: eles não absorvem a transpiração dos pés. É melhor evitar.
- Após o uso, coloque os calçados para secar o suor em local arejado.
- Procure usar meias de algodão, pois esse tecido absorve melhor o suor.
- Após usar um par de meias, troque-o.
- O talquinho funciona e o ideal é que seja usado todos os dias para ajudar a secar o suor. Após o banho, seque bem os pés, passe o talco, vista a meia, coloque talco dentro do sapato e aí sim vista-o. Se ao longo do dia for trocar de meia ou calçado, repita o passo a passo.
- Depois de fazer a higiene dos pés, um desodorante próprio para a área pode ser utilizado para amenizar a questão aromática.
Fontes: Juliana Toma, dermatologista, pós-graduada em oncologia cutânea pelo Hospital Sírio-Libanês (SP) e fellowship em tricologia pelo HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Leonardo Abrucio, dermatologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; e Tatiana Villas Boas Gabbi, dermatologista pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e assistente do Departamento de Dermatologia do HC-FMUSP.
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