De testes iniciais a ensaios clínicos, busca por droga anticovid continua
Pesquisadores do mundo inteiro se debruçam em estudos para encontrar soluções para o controle da pandemia do sars-cov-2. Muitos trabalham com substâncias com potencial para ajudar no tratamento da covid-19, desde a fase mais leve até a mais aguda da doença. Na USP em Ribeirão Preto, entre substâncias pesquisadas estão o extrato de própolis verde, estudado ainda em laboratório pela professora Priscyla Daniely Marcato Gaspari, e o antiviral fumarato de tenofovir, já em testes clínicos pelo professor Norberto Peporine Lopes, ambos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.
Antiviral usado contra o HIV
Para os casos mais graves da doença, o professor Peporine Lopes, também em conjunto com a FMRP, vem avançando nos testes com o fumarato de tenofovir, princípio ativo de um medicamento antiviral produzido no Brasil que faz parte do coquetel de tratamento contra o HIV. Como o antiviral se mostrou promissor em testes realizados até o momento, "alguns grupos no Brasil e no exterior se interessaram" e estão investindo nos estudos, comenta o professor.
A pesquisa que realizam no Brasil, conta Peporine Lopes, está em fase de estudo clínico na Universidade Federal do Ceará (UFC), em colaboração com o Hospital São José, em Fortaleza. Apesar do interesse de outros grupos em testes clínicos com o antiviral no País, os resultados da eficácia, por enquanto, ainda não são considerados conclusivos. Segundo o professor, no entanto, os pesquisadores da UFC já notaram que a segurança do fumarato de tenofovir contra a covid é satisfatória, tendo sido observados poucos efeitos colaterais no uso da substância.
O professor Peporine Lopes é o coordenador deste grupo de estudos da FCFRP, integrado pelos professores Giuliano Clososki (FCFRP), João Luis Callegari Lopes (FCFRP), Eurico de Arruda Neto (FMRP) e Luis Lamberti da Silva (FMRP).
Testes in vitro
Ainda em testes iniciais, a professora Priscyla Gaspari, do Laboratório de Nanobiotecnologia da FCFRP, e seus colegas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP trabalham com o extrato de própolis verde em duas formas: extrato de própolis verde puro, e outra, uma formulação com nanotecnologia com extrato de própolis verde, que ainda não pode ser revelada pela pesquisadora por estar em fase de patente. O estudo se encontra na fase de testes in vitro, no qual as fórmulas são aplicadas em amostras de células no laboratório. "Nós infectamos a célula com o Sars-CoV-2, vírus causador da covid-19, e testamos, nessas células infectadas, o extrato de própolis verde puro e a nova formulação com nanotecnologia", conta a professora.
Os resultados dos estudos in vitro obtidos até o momento animam a professora. Priscyla informa que a nova formulação com nanotecnologia com própolis verde chegou a 87% de eficácia no combate ao vírus. Nos testes apenas com o extrato de própolis verde puro, foi observada redução de até 50% da presença do vírus na célula. Ela diz que o próximo passo é avançar para a pesquisa com animais.
Integram a equipe da professora Priscyla, o professor Jairo Kenupp Bastos (FCFRP), Eurico de Arruda Neto (FMRP), o pesquisador Ronaldo Martins (FMRP) e a aluna de doutorado Iasmin Ferreira (FCFRP).
Mesmo com a corrida contra o tempo, nenhum dos estudos tem uma data para finalização, ou seja, nenhum dos pesquisadores tem estimativa se e quando os possíveis medicamentos podem chegar ao mercado com uso indicado para a covid.
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