Pandemia só acaba quando nº de casos cair drasticamente, avaliam cientistas
A pandemia do novo coronavírus completou pouco mais de um ano, no entanto, para os cientistas, ela só vai terminar quando o número de casos em todo o mundo cair drasticamente. Essa foi a avaliação dos especialistas Drauzio Varella, Natalia Pasternak e Esper Kallás que participaram do UOL Debate hoje (4) com a jornalista Fabíola Cidral, apresentadora do UOL.
Eles defendem que o número de casos novos de covid-19 seja o termômetro para avaliar o status da pandemia, e não o índice de vacinados ou a imunidade de rebanho, por exemplo.
"Sem bola de cristal para data. Essa previsão é quando o número de casos novos cair, quando a curva descer drasticamente, para próximo de zero. Quando a gente parar de observar novos casos, novas hospitalizações, óbitos, aí a gente vai ter uma flexibilização realmente significativa. Quando a gente estiver como Israel está hoje, com um número de casos que caiu drasticamente, poucas hospitalizações, a gente pode pensar 'quem sabe já dá para tirar a máscara quando a gente estiver ao ar livre", avaliou a microbiologista Natalia Pasternak.
O Brasil tem hoje quase 15 milhões de casos de covid-19 confirmados, de acordo com o levantamento do consórcio de imprensa do qual o UOL faz parte junto às secretarias estaduais de saúde.
"Nenhuma pandemia dura para sempre. O quanto ela dura depende muito da nossa capacidade de colaborar. Então, o comportamento de pessoas é essencial para o controle de uma pandemia. Infelizmente, é nisso que a gente menos investiu no Brasil desde o começo", completou ressaltando que o "controle da pandemia é um controle ativo, não passivo. A gente precisa participar e colaborar para chegar naquele número de pouquíssimos casos para poder ter uma vida normal de novo".
Kallás disse que são quatro passos para controlar a pandemia: que as pessoas usem máscaras, que haja o máximo de testes possíveis, suporte às vacinas e às campanhas de vacinação e valorização da ciência.
"É o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação que encontra soluções. Saber que não existem soluções mágicas, mas que a gente deve reforçar o método científico para encontrar soluções mais rápidas. Quando a gente tiver assim, vamos ter 10 vacinas para escolher, 20 tratamentos para escolher, e a gente vai sair de uma situação como essa que, infelizmente, não será a última, teremos outra pandemia adiante, de uma maneira muito mais rápida e com menos sofrimento", reforçou o infectologista.
Reforçando a fala do colega, Drauzio destacou que "tudo o que aconteceu de combate a pandemia foi dado pela ciência". "Todos os passos. Fora disso, sobrou cloroquina, ivermectina e outras bobagens que foram usadas para quê? Para enganar o povo, tapear a população, dizer 'olha, sai para rua, sem máscara, pode aglomerar à vontade. Se você ficar doente tem um remedinho maravilhoso, cloroquina, toma cloroquina que não vai te acontecer nada'. Então foi a ciência que apontou o caminho", afirmou.
O oncologista afirmou ainda que, "na próxima pandemia", o correto seria não falar em "grupo de risco".
"Na Aids nós erramos, dissemos que o grupo de risco eram homens homossexuais. As mulheres acharam que não iam ter problema, os homens heterossexuais também não e os usuários de drogas injetáveis também não. E nós espalhamos a Aids. Agora, o grupo de risco tem que ter mais de 60 anos, pressão alta, diabetes, obesidade, e estamos vendo o resultado disso. Os mais jovens se expondo, adquirindo o vírus e morrendo, muita gente que poderia ter se preservado da infecção", concluiu.
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