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Alho negro tem mais benefícios que o tradicional; conheça os principais

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Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

26/05/2021 04h00

Resumo da notícia

  • O alho negro é produzido por meio do processo de maturação do alimento que compramos no mercado
  • Ele pode apresentar até 6 vezes mais antioxidantes do que o tradicional, o que ajuda a eliminar radicais livres, prevenindo envelhecimento celular
  • O alimento também pode ajudar quem tem diabetes, ao reduzir a resistência à insulina

Já imaginou um tipo de alho ainda mais potente que o tradicional em benfeitorias para o nosso organismo? Pois ele existe e tem nome: alho negro. O alimento, bastante consumido no Oriente, é produzido a partir do tempero que estamos acostumados a comprar no supermercado, mas ele passa por um processo de maturação, em que os bulbos são deixados em um forno durante 30 a 40 dias, com alta umidade, temperatura de 65°C a 85°C e sem o acréscimo de qualquer tipo de aditivo químico. O resultado é o alimento com a coloração escura, novas características de textura, odor, e sabor adocicado e frutado.

Por aqui, o alimento pode ser encontrado em empórios, lojas de produtos naturais ou orientais. Seu consumo é indicado em diversas receitas, como massas, frango, peixes, saladas, e é possível fazer também pastas e molhos. Também pode ser utilizado até em algumas sobremesas gourmets.

Benefícios pra dar e vender

Se por um lado o alho comum é rico em nutrientes, como as vitaminas A, B1, B2, C, e os minerais enxofre, iodo, cálcio, magnésio e zinco, estas propriedades são ainda mais fortes no primo nada distante. "O alho negro tem o dobro de antioxidantes do que o alho normal, por exemplo", aponta Débora Palos, especialista em terapia nutricional e nutrição clínica pelo GANEP Nutrição Humana e nutricionista da Clínica Dra. Maria Fernanda Barca, em São Paulo.

E é exatamente o processo de aquecimento controlado que leva a uma reação química no alimento —responsável pela coloração marrom escura —, que acaba potencializando os compostos antioxidantes. Foi o que apontou um estudo de 2017 realizado por cientistas da Universidade Gyeongsang, na Coreia do Sul. Já uma outra pesquisa, realizada em 2014 na Universidade Kyung Hee, também na Coreia, descobriu que com 21 dias de fermentação, o alimento atingiu seu teor máximo de antioxidantes. "O alho negro pode chegar a ter até 6 vezes mais antioxidantes do que a versão in natura", diz Priscila Moreira, nutricionista e conselheira do CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região do Estado de São Paulo).

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O coração pode se beneficiar com o alho negro, já que o alimento ajuda a diminuir o nível de gordura no sangue, entre outros benefícios
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O resultado deste verdadeiro bombardeio de antioxidantes é a diminuição do estresse oxidativo no nosso organismo, levando à eliminação dos radicais livres e, com isso, à prevenção do envelhecimento celular, entre outras ações, como o combate às inflamações.

Glicose equilibrada

O alho negro também pode ajudar quem tem diabetes, segundo dois estudos realizados pela Universidade Autônoma de Madrid, na Espanha, e pelas universidades Kyungpook e Daegu Haany, situadas na Coreia do Sul. Durante as pesquisas, verificou-se que o alimento reduziu a resistência à insulina e os níveis séricos de colesterol total e triglicerídeos em ratos. E tem mais: o alho negro aumentou os níveis do colesterol "do bem" (HDL). Tudo isto, mais uma vez, graças ao poder dos antioxidantes. Agora, será preciso um estudo com humanos para que a ciência chancele este benefício.

Além disso, durante o processo de maturação, o alho negro aumenta a sua quantidade de arginina, aminoácido que pode ajudar a normalizar os níveis de glicose no sangue e, assim, prevenir o diabetes. Um estudo realizado pelo Instituto Italiano de Diabetes Cardiovascular relatou que a arginina funciona na própria insulina para promover a secreção, melhorar a circulação e reduzir o açúcar no sangue.

Coração fortalecido

Os efeitos sobre os níveis de colesterol e triglicérides que a pesquisa com camundongos apontou podem, inclusive, proteger este que é um dos órgãos mais importantes do nosso corpo, o coração. Além disso, o alho negro também tem uma grande quantidade de outro aminoácido: a cisteína, que ajuda a controlar melhor a pressão arterial ao dilatar os vasos, o que facilita a circulação sanguínea.

Em um estudo conduzido pela Universidade Nacional de Chonbuk, na Coreia do Sul, 60 participantes com taxa elevada de colesterol sanguíneo acrescentaram o alho negro em suas dietas por 12 semanas. Após este tempo, os autores da pesquisa observaram que o alimento foi capaz de reduzir os níveis de lipídios (gorduras) no sangue destas pessoas.

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O alimento pode ser encontrado em empórios, lojas de produtos naturais ou orientais
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Fígado protegido

Responsável por diversas funções no nosso corpo, como a produção da bile, elemento primordial para a digestão de gorduras no estômago e por filtrar o nosso sangue, eliminando as substâncias tóxicas, o fígado também pode ser beneficiado com o consumo do alho negro. Isso porque o alimento protege o órgão de possíveis danos causados pela exposição constante a produtos químicos, medicamentos, álcool e germes. Estudos realizados em ratos descobriram que esse tipo de alho exerce efeitos protetores em caso de lesão hepática, evitando maiores danos ao fígado.

Já outra pesquisa, feita em conjunto por diversas universidades chinesas, chegou à conclusão de que o alho negro apresenta efeitos protetores significativos para o fígado em animais com lesão hepática aguda. O alimento reduziu os níveis de algumas substâncias químicas no sangue que indicam danos ao órgão.

É benefício que não acaba mais. O ideal é consumir o alho negro cru. Basta descascá-lo e picá-lo conforme você preferir. Lembrando de não ultrapassar um dente do alimento por dia, e sempre consultar um profissional para ajustar a quantidade do alimento de acordo com o seu perfil.

Fonte: Vanderli Marchiori, nutricionista, fundadora da APFIT (Associação Paulista de Fitoterapia) e integrante da Sban (Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição).