Nomear sentimentos é importante para amadurecer e lidar com as emoções
Você sabe identificar quando está feliz? Sabe a diferença entre alegria e euforia? E como diferenciar tristeza de angústia ou ansiedade? Embora essas definições ainda sejam um mistério para as crianças (que estão aprendendo a vivenciar essas emoções), para muitos adultos elas também podem permanecer desconhecidas.
Isso porque ainda existe uma dificuldade em falar sobre o que sentimentos e como isso influencia em nossas vidas. "Não temos o hábito de falar sobre nossas emoções nem de aprender a observá-las ou mesmo de validar isso", afirma Ricardo Milito, psicólogo membro do conselho de administração do Instituto Bem do Estar, em São Paulo (SP).
Mas não entender o que se sente pode levar ao silenciamento dessas emoções —e a consequência disso é o sofrimento emocional. "Sem nomear o que sentimos, fica difícil lidar com aquilo, e daí podem surgir doenças como a ansiedade e a depressão", avalia Milito.
Repertório emocional
Para entender um pouco sobre a dificuldade em nomear os sentimentos, é importante voltarmos para a infância. É nesse período da vida que o indivíduo começa a entender o mundo que o rodeia e as sensações e sentimentos que isso desperta nele.
Os adultos responsáveis deveriam, então, iniciar na criança uma espécie de "educação emocional", ou seja, auxiliar no entendimento do que ela está sentindo em diferentes situações, validar aquele sentimento e ajudá-la a definir aquilo de forma concreta.
O problema é que, muitas vezes, essa validação não é feita. Quando uma criança faz birra ou tem outro comportamento que os adultos julgam inadequado, é comum ver pais reprimindo aquele sentimento sem tentar explicar o que é ou como lidar com ele.
Se, por outro lado, os pais buscarem ter empatia e entender de onde vem aquele comportamento, isso pode abrir uma possibilidade de aprendizado sobre aquela emoção, enriquecendo o repertório da criança e fortalecendo sua autoestima e resiliência.
Amadurecimento pessoal
Como nem sempre é isso o que acontece, é bastante comum encontrar adultos que buscam a terapia para tentar desatar diversos nós emocionais que começam, vejam só, na dificuldade em nomear o que estão sentindo.
"Colocar em palavras aquilo que se sente é uma forma de representação concreta daquela emoção", avalia Bárbara Santos, psicóloga e psicanalista na Holiste Psiquiatria, em Salvador (BA). "Dessa forma, fica mais fácil identificar o motivo de angústia e ajudar a trabalhar isso de forma saudável".
Nesse processo, é esperado que algumas pessoas —especialmente as que cresceram em um ambiente sem espaço ou acolhimento para expressar o que sentiam — resistam e sintam-se desconfortáveis ao identificar sentimentos considerados "difíceis" como raiva, ódio, inveja ou tristeza.
Mas é importante lembrar que essas emoções são parte constituinte do que nos faz humanos e vão chegar até nós independente do juízo de valor que fazemos delas. "Em tese, não existem emoções ruins", afirma André Israel Werneck Miranda, psicólogo do SIASS (Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor) da UFAL (Universidade Federal De Alagoas). "Uma pessoa com raiva, por exemplo pode ter energia de sobra para uma competição", avalia.
Segundo ele, uma pessoa madura, que esteja consciente das próprias emoções, vai encontrar mecanismos para gerenciar melhor esses sentimentos e transformá-los em ação. "Ela se afeta e sente as emoções da mesma maneira, mas toma uma decisão para que possa se sentir mais confortável e adaptada", afirma.
Como entender melhor os próprios sentimentos?
Uma forma simples de buscar conhecimento e entender melhor as próprias emoções é elaborar uma lista com diversos sentimentos e tentar encontrar definições e exemplos para cada item. Vale, inclusive, buscar as definições na internet, com outras pessoas e até em livros que se dedicam ao tema.
Ricardo Milito também recomenda outro exercício: "Quando estiver diante de uma situação em que há mudança de humor ou algum conflito, escreva em um papel a situação, quem estava presente e o que passou pela sua cabeça no momento", explica. Coloque também os sentimentos e emoções que surgiram no momento, se houve alguma alteração física (como tremores ou dor de cabeça, por exemplo), e qual foi sua reação na hora. "Depois, analise se havia outra maneira de enxergar aquela situação, e se esse outro ângulo faria você se sentir melhor", diz.
Esse é um exercício de auto-observação que induz a diversos questionamentos sobre sentimentos, percepções e formas de lidar e reagir diante do outro. "Isso ajuda a entender melhor como a pessoa vê o mundo, ela mesma e como ela pode lidar de outras formas com aquela emoção", diz.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.