Joga sementes de frutas fora? Algumas têm mais nutrientes que a polpa

Aquele hábito de consumir apenas a polpa de algumas frutas, descartando suas sementes como se não tivessem propriedade nutritiva, é um grande erro. Estudos já demonstram que as partes não convencionais dos alimentos (cascas, sementes, talos), em alguns casos, costumam apresentar teores mais elevados de nutrientes como fibras, vitaminas e minerais, quando comparadas às partes comestíveis, como a polpa.

Além disso, aproveitar essas partes pode trazer novos atributos sensoriais às preparações, tornando os pratos mais coloridos e com texturas diferenciadas. No caso das sementes, infelizmente, existe uma tendência em escolher frutas sem elas, fazendo com que algumas sejam produzidas e/ou comercializadas sem essa parte. No entanto, tanto elas quando os caroços são bastante nutritivos. Para que sejam melhor aproveitados, listamos os principais comestíveis a seguir.

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Mamão

As sementes apresentam quantidades significativas de macronutrientes como lipídios, proteínas e fibras. Além disso, demonstram números relevantes de compostos fenólicos, os quais podem ser empregados como antioxidantes naturais na preservação dos alimentos, além de promoverem efeitos benéficos para a saúde.

Nas sementes do mamão encontramos a papaína e a carpaína, que têm poder antibacteriano e anti-inflamatório. E também têm propriedades desintoxicantes, ajudando na limpeza do fígado.

Ao ser consumida in natura, há quem a considere amarga. Por isso, a sugestão é preparar uma farinha após a secagem e trituração das sementes, como forma de adicioná-las em outras preparações como sucos, iogurtes, saladas de frutas.

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Uva

As sementes contêm alto percentual lipídico e, portanto, têm sido exploradas para extração de óleo, prática bastante difundida na Europa. Esse óleo obtido é rico em ácidos graxos poli-insaturados, com teores elevados do ácido linoleico (ômega 6).

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Além disso, as sementes de uva apresentam substâncias com elevado potencial antioxidante, tais como fitoesterois, tocoferol (vitamina E), carotenoides, e compostos fenólicos, com destaque para os ácidos fenólicos e flavonoides.

A dica é aproveitar sementes e cascas em sucos naturais, já que são ricas em proantocianidina (um flavonoide presente em maiores concentrações nas uvas vermelhas). "Este composto de importante ação antioxidante protege e preserva a estrutura dos vasos sanguíneos, além de possuir efeito benéfico no controle dos níveis de açúcar e gordura no sangue", afirma a nutricionista Samantha Rhein, pós-doutoranda e doutora pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

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Abacate

O caroço de abacate apresenta em sua composição quantidades relevantes de carboidratos, fibras, ácidos graxos poli-insaturados, como o ácido oleico (ômega 9) e esteárico, além de minerais como ferro, zinco e potássio.

Rico em fibras, aminoácidos e antioxidantes, contribui no sistema intestinal e imunológico, previne doenças cardíacas, tem função termogênica, antimicrobiana e antifúngica, sendo considerado um antibiótico natural.

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Devido à sua resistência e tamanho, o caroço do abacate é de difícil consumo. Portanto, a sugestão é preparar uma farinha com o caroço após ser desidratado (em forno ou estufa) e realizar a remoção de sua película superficial. Em seguida, pode ralar o caroço ou reduzi-lo em pedaços menores e processá-los em um multiprocessador ou liquidificador. A farinha obtida pode ser empregada em sucos, smoothies, bolos, biscoitos etc.

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Jaca

Suas sementes apresentam teores relevantes de amido, proteínas, vitaminas (sobretudo complexo B), e minerais como potássio, cálcio, ferro, zinco e cobre. Outro composto de destaque é a jacalina, uma proteína que contribui para a formação do sistema imunológico.

As sementes de jaca não costumam ser consumidas cruas, e sim após serem maceradas e torradas, cozidas ou ainda transformadas em farinha após sua secagem.

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Melão

As sementes demonstram quantidades satisfatórias de fibras, proteínas e lipídeos, com destaque para os ácidos graxos poli-insaturados como o linoleico (ômega 6), oleico (ômega 9), palmítico e esteárico. Também é composta por minerais como cálcio, potássio, ferro e zinco.

As sementes do melão são normalmente consumidas na forma de petiscos, após serem assadas e salgadas. Outra opção é elaborar uma farinha com as sementes secas, a fim de se agregar valor nutricional às preparações de panificados como pães, bolos e biscoitos.

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Maracujá

Suas sementes fazem parte da massa da fruta e são importantes fontes de fibras, proteínas e ácidos graxos poli-insaturados, como o oleico (ômega 9) e linoleico (ômega 6). A semente tem elevada concentração do piceatannol, um composto fenólico com atividade vasoativa (relaxa os vasos, auxiliando no controle da pressão arterial), e ajuda a prevenir doenças do coração ou aquelas associadas como derrame e infarto.

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Aproveite as sementes do maracujá que podem ser consumidas cruas ou ainda após cocção, na preparação de doces como mousses, geleias, caldas, entre outros.

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Jabuticaba

Sua semente é um dos principais resíduos obtidos após a extração da polpa. É formada por elevados teores de carboidratos e proteínas, além de minerais como potássio, fósforo, ferro e zinco. No caroço da jabuticaba encontram-se elagitaninos, substâncias anti-inflamatórias que ajudam a controlar quadros de obesidade.

O caroço da jabuticaba pode ser consumido cru, no entanto, em pequenas quantidades, afinal sua ingestão em excesso pode levar à constipação.

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Tangerina

As sementes de tangerina, assim como de outras frutas cítricas, como laranja e limão, são repletas de ácido palmítico, ácido linoleico e ácido oleico, que atuam no armazenamento de energia, combate dos radicais livres e na produção de outros ácidos importantes para nosso corpo. Além disso, são ricas em vitamina C, favorecendo o sistema imunológico.

Podem ser ingeridas junto com a polpa, ou trituradas durante o preparo de sucos, vitaminas, cremes, sorvetes e mousse.

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Tamarindo

São ricas em fibra dietética, minerais, açúcares e vitaminas. Suas funções são aumentar o volume do bolo fecal e os movimentos intestinais, prevenindo a constipação/prisão de ventre, diminuindo os níveis de colesterol, acalmando o sistema digestivo e contribuindo no metabolismo do sangue.

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As sementes não devem ser engolidas inteiras, é necessário mastigá-las para que durante o processo de digestão sejam absorvidos os nutrientes. Ou podem ser utilizadas cozidas ou assadas para compor diversos pratos salgados em forma de patê ou petisco.

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Melancia

As sementes são fontes de proteínas, vitaminas, ácidos graxos, magnésio, zinco, cobre, potássio, ômega 3 e ômega 6, oferecendo inúmeros benefícios. Desde reduzir os níveis de açúcar no sangue e controlar o metabolismo, até prevenção de doenças como o câncer.

As sementes da melancia podem ser batidas junto com a fruta para aproveitar seus nutrientes.

Nada de excessos

A melhor forma de aproveitar os nutrientes dessas sementes e caroços é evitar o excesso. Todas devem ser consumidas com moderação, uma vez que possuem muitas fibras e, em excesso, podem causar problemas intestinais.

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Embora haja muitos benefícios já descritos, não são todas as sementes que podem ser consumidas livremente. Alguns trabalhos científicos mostraram que a semente de tangerina pode favorecer quadros alérgicos em crianças menores de 5 anos e que apresentem predisposição a alergias, podendo evoluir para o choque anafilático, sendo que isso dependerá da predisposição da criança e da quantidade de sementes consumida.

Outras sementes de frutas que merecem atenção especial são as da pera, maçã e pêssego, pois são ricas em amigdalina, composto de defesa produzido naturalmente pela fruta, e que ao ser digerido irá liberar cianeto, substância tóxica e, portanto, prejudicial à saúde.

Fontes: Durval Ribas Filho, médico nutrólogo; Nataly Maria Viva de Toledo, doutora em ciência e tecnologia de alimentos; Virgínia Siqueira, nutricionista.

*Com reportagem de junho de 2021

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