12 formas de convencer alguém a tomar a vacina contra a covid-19
Desde que a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou a pandemia do novo coronavírus, em março de 2020, laboratórios e pesquisadores se empenharam para descobrir vacinas contra a covid-19.
E elas chegaram em tempo recorde (eu ouvi um "amém"!?), mas, com isso, surgiram também muitas dúvidas e notícias falsas sobre os imunizantes. A desinformação é tamanha que a OMS deu o nome de "infodemia" ao ato de disseminar informações falsas sobre a doença e assuntos relacionados.
E quem é que não conhece um "tiozão do pavê" que é craque em espalhar esse tipo de coisa no zap da família, não é mesmo?
Mas as vacinas são seguras e eficazes e passaram por um processo sério de testes e aprovação por órgãos competentes antes de serem autorizadas para a população. Mais que isso, são a única forma de prevenção e combate ao vírus Sars-CoV-2.
Se você está numa missão para convencer alguém da família a se vacinar, respire fundo, mantenha a calma e veja alguns argumentos que podem ajudar na hora de conversar com essa pessoa:
Vacinas são seguras sim!
Sim, sabemos, é óbvio, mas há toda uma gama de notícias falsas e boatos assustando as pessoas —desde uma suposta mudança no DNA de quem recebe o imunizante até a implantação de um chip (!) de controle que nos transformaria em zumbis.
Mas nada disso é verdade. As vacinas contra a covid-19 são de vírus inativado (CoronaVac), vetor viral modificado (Oxford/AstraZeneca, Sputnik e Janssen) ou RNA mensageiro (Pfizer e Moderna), tecnologias consideradas seguras e eficazes para prevenir a doença na maior parte dos casos (e impedir a morte do indivíduo) —sem transformar você em jacaré no processo.
Todas as vacinas disponíveis são eficazes naquilo que se propõem
Os "sommeliers" de vacina —aquele que quer escolher qual vai tomar— não são uma exclusividade brasileira e estão espalhados pelo mundo. E isso só faz atrasar a nossa tão sonhada volta ao normal, já que, enquanto não tivermos bons índices de vacinação, o vírus continuará se espalhando de forma descontrolada.
Então, vale reforçar que todas as vacinas autorizadas no país são eficazes para aquilo que foram feitas: evitar formas graves da doença e mortes. A melhor vacina para a covid-19 é a que está no seu braço.
A imunidade de rebanho só é alcançada com vacinação
A tão falada imunidade coletiva, também chamada de imunidade de rebanho, acontece quando uma grande parte da população está protegida contra o vírus. Mas a ideia vem sendo usada de forma equivocada para defender a contaminação em massa da população —o que é errado, já que a expressão é utilizada pelos médicos no contexto da vacinação coletiva.
Ou seja, quem defende a estratégia precisa aderir à vacinação para que ela de fato se torne realidade. Para a covid-19, os especialistas estimam que seja necessário entre 70% e 80% da população vacinada para conter o patógeno; mas, atualmente, cerca de 33% da população brasileira recebeu a primeira dose e apenas 12% estão completamente imunizados —ou com duas doses ou com a vacina de dose única.
Não existe tratamento para a covid-19
Nunca se falou tanto em cloroquina e ivermectina como agora. Mas esses medicamentos não previnem e não funcionam contra a covid-19, de acordo com a ciência —e não devem ser usados nem para o famoso (e falso) "tratamento precoce", nem como tratamento para pacientes graves e intubados.
Portanto, as vacinas que estão sendo utilizadas no Brasil e no mundo são a única forma de prevenção da doença.
Mesmo quem já foi contaminado precisa se vacinar
Diferentemente do que tem sido dito por algumas pessoas, mesmo quem já teve covid precisa, sim, ser vacinado. Por um simples motivo: com a doença descontrolada, o número de novas variantes continua crescendo e isso aumenta as chances de reinfecção pelo vírus.
Por isso, vale reforçar que todo mundo precisa se vacinar —quem teve covid-19 deve esperar 15 dias após o início dos sintomas ou a recuperação clínica para a aplicação.
Pessoas saudáveis também ficam doentes e morrem
Sempre tem o colega esportista saudável que vai argumentar, com um sorriso maroto no rosto, que a covid é "só uma gripezinha". E, mais de 500 mil mortos depois, podemos afirmar com certeza que não é bem assim, certo?
Isso porque existem muitas variáveis que determinam se um indivíduo terá a forma grave da covid-19 ou não. E isso vai além da faixa etária, das comorbidades, dos suplementos nutricionais ou dos alimentos que você ingere.
Os médicos sabem, por exemplo, que alguns aspectos genéticos da resposta imunológica favorecem esse tipo de evolução mais grave, mas ainda não entendem bem o mecanismo. Traduzindo: qualquer um, qualquer um mesmo, pode precisar de intubação e morrer, e só a vacina pode prevenir isso.
As reações adversas não são preocupantes
Se você conhece alguma criança pequena, sabe que, depois da aplicação de algumas vacinas, é comum o surgimento de dores no corpo, febre baixa e indisposição. E tudo bem: alguns imunizantes provocam mesmo esse tipo de reação no corpo enquanto este produz os anticorpos, e não há nada de errado nisso.
Então, não faz sentido reclamar desse tipo de coisa com relação às vacinas contra a covid-19, simplesmente porque os efeitos adversos não são graves. E isso nem é regra: cada organismo responde de uma forma à vacinação. Algumas pessoas não vão apresentar reação ou sentirão, no máximo, uma dor no local da aplicação.
Os eventos adversos graves são raros
O maior medo de muita gente é sofrer com a trombose, evento adverso que foi descrito como muito raro para quem é imunizado com as vacinas de Oxford/AstraZeneca e Janssen.
Mas essa possibilidade é muito, muito pequena —estima-se que pode acontecer um caso a cada 250 mil aplicações. Mais: alguns estudos já mostraram que o risco de desenvolver trombos é consideravelmente maior se você for contaminado pelo vírus. Ou seja, estar desprotegido é mais arriscado do que se vacinar.
Grávidas e pessoas imunodeprimidas precisam dessa proteção
Gestantes, puérperas, assim como pessoas em tratamento de câncer ou HIV são considerados grupo de risco e precisam se vacinar —desde que autorizadas pelo médico. As vacinas contra covid-19 não possuem componente vivo e, portanto, podem e devem ser aplicadas em pessoas com doenças que afetam a imunidade. Esses indivíduos, inclusive, são mais propensos a formas graves da doença.
Quanto às gestantes, puérperas e lactantes, a recomendação atual é vaciná-las, sendo que a única ressalva é que os documentos técnicos autorizam o uso dos imunizantes Pfizer e CoronaVac nesse público.
Vacina da gripe não protege contra a covid-19
A primeira é feita para proteger apenas contra o vírus influenza. Alguns estudos demonstraram que, por ativação do sistema imune, ela poderia ajudar na prevenção da covid-19, mas isso é um efeito aditivo —ou seja, uma não substitui a outra.
O importante é que ambas as vacinas sejam aplicadas com intervalo de 14 dias, conforme recomendação do Ministério da Saúde do Brasil.
Uma única dose não é suficiente para imunizar
O retorno para a segunda dose no Brasil está baixo —mas, sem ela, não há proteção efetiva. Por isso, quem tomou apenas uma dose do imunizante deve retornar ao posto na data estabelecida para a segunda aplicação, garantindo a total efetividade do imunizante.
A exceção é para quem recebeu a vacina da Janssen, feita para ser aplicada em dose única.
Vale lembrar que estudos sobre a imunidade após a infecção pelo Sars-CoV-2 ainda estão em curso. A OMS já declarou que pessoas mais vulneráveis à infecção pela covid-19 devem se vacinar anualmente como medida de reforço, e a cada dois anos aqueles que não tenham maiores fatores de risco.
A fertilidade está protegida
A fake news mais recente fala sobre a influência das vacinas na fertilidade dos indivíduos. Mas nenhuma das vacinas que foram liberadas teve esse efeito até o momento.
Um estudo realizado na Universidade de Miami (EUA) mostrou que a vacina de RNA mensageiro da Pfizer e da Moderna não alteram a qualidade e nem a quantidade de espermatozoides.
Fontes: Newton Bellesi, infectologista e membro do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia); Daniela Bergamasco, infectologista do HCor (SP); Mariana Margarita Martinez Quiroga, infectologista do Hospital Regional do Baixo Amazonas (PA); Bernardo Porto, infectologista do Hospital de Campanha do Hangar (PA); Ministério da Saúde; Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e OMS (Organização Mundial da Saúde).
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