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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


É cefaleia ou enxaqueca? Entenda a diferença e saiba como amenizar a dor

Imagem: iStock

Alexandre Raith

Colaboração para VivaBem

15/10/2021 04h00

Você costuma ter dor de cabeça com frequência? A intensidade é leve, moderada ou forte? E, com ela, é comum ter náuseas e vômito? Aparece em momentos de estresse ou em caso de sinusite? Piora com a luz? Você sente-se melhor depois de tomar um analgésico ou a dor perdura por horas e até dias?

Essas e outras perguntas são fundamentais na hora de diagnosticar se a sua dor de cabeça é classificada como cefaleia —a popular dor de cabeça— ou uma enxaqueca, quando a dor é de forte intensidade e demora a passar.

A classificação é importante porque causas, sintomas e tratamentos são específicos para cada uma delas. Estima-se que existam entre 150 e 200 tipos de cefaleia —e a enxaqueca é um deles— e que acometem entre 10% e 20% da população. Os dois quadros se diferem pela localização da dor; duração; intensidade; intolerâncias, como a odores ou luminosidade; e se é acompanhada de outros sintomas, como enjoo.

A cefaleia é motivada por múltiplos fatores, como a sinusite, por exemplo. A mais comum é a chamada cefaleia tensional, que pode estar associada a estresse ou insônia. Já a enxaqueca, também conhecida como migrânea, é causada por uma predisposição genética e se caracteriza pela forte intensidade, podendo se tornar crônica quando ocorre mais de uma vez por semana ou mais de quatro vezes por mês.

Veja a seguir as particularidades de cada tipo de dor e como lidar com elas:

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1. Cefaleia tensional

Considerada a mais prevalente na prática médica, a cefaleia do tipo tensional é classificada como primária, ou seja, a dor de cabeça é o principal ou único sintoma.

Pode aparecer de forma episódica ou crônica e tem entre as principais características a sensação de dor em aperto ou pressão nos dois lados da cabeça. A intensidade é de leve a moderada e a duração pode variar de 30 minutos a sete dias.

Outra característica importante é que a cefaleia tensional não traz consigo outros sintomas, como náusea ou vômito, nem piora com a prática de atividade física. Geralmente, está associada a estresse, insônia e jejum prolongado, mas pode também ser provocada por múltiplas causas, como sinusite, meningite e aneurisma, entre outras.

Identifique as causas

Apesar de a dor ser mais leve que a da enxaqueca, a cefaleia tensional requer acompanhamento e tratamento médico quando se torna frequente. O mais importante é saber a causa determinante que está provocando a dor. Na hipótese de uma sinusite, por exemplo, primeiramente, é preciso tratar a inflamação nasal.

Em casos de crises persistentes a ponto de atrapalhar as atividades diárias e prejudicar a qualidade de vida, é necessário procurar um neurologista. Ele irá distinguir entre cefaleia primária (a dor é o único sintoma) ou secundária (que pode ser provocada por tumor, AVC ou trombose venosa, entre outros problemas), ou mesmo se o que afeta o paciente é, na verdade, uma enxaqueca.

Além de saber o diagnóstico, na consulta médica você receberá a correta recomendação de medicação, pois o popular analgésico que tomamos em situações específicas —uma dor de cabeça decorrente de uma noite mal dormida ou após um dia estressante, por exemplo— só é recomendado para uso de forma pontual e não como tratamento.

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2. Enxaqueca

Ao contrário da cefaleia tensional, em que existe uma causa subjacente como uma infecção ou uma enfermidade, a enxaqueca tem causa genética e hereditária, uma vez que a maioria das pessoas que sofrem dela tem histórico familiar do quadro. É também considerada uma doença crônica e sem cura.

A intensidade da enxaqueca é de moderada a forte e a dor, unilateral e latejante. Pode durar de quatro a 72 horas e se torna crônica quando permanece por mais de 15 dias. Já a frequência é variada: há quem sofra todos os dias, mas é possível também que aconteça uma vez por mês.

Nos momentos de crise, é possível sentir mais sintomas além da dor, como náuseas, enjoo e vômito. Também pode provocar intolerância à luminosidade, a odores e ao barulho, e costuma piorar com a movimentação do corpo e ao realizar atividades rotineiras.

Por que tanta dor?

O mecanismo pelo qual ocorre a dor da enxaqueca é o seguinte: durante uma crise, um nervo chamado trigêmeo, que é responsável pela sensibilidade da cabeça, crânio e estruturas intracranianas, é ativado. Com isso, são liberadas substâncias que têm a capacidade de dilatar e inflamar os vasos cranianos.

Portanto, a enxaqueca é uma doença neurovascular. Inclusive, durante uma forte crise, a pessoa pode apresentar sintomas neurológicos. O mais conhecido é a aura, que são flashes de luz que aparecem antes do início de uma intensa dor de cabeça. A alteração ou o embaçamento de visão pode durar alguns minutos ou até uma hora.

A depender da intensidade da dor, a crise de enxaqueca também pode vir acompanhada de tontura, transpiração excessiva, dificuldade para falar ou se movimentar e formigamento em algumas partes do corpo como mãos, pés e braços.

Mulheres são as mais afetadas

A enxaqueca é mais comum em mulheres com idade entre 20 e 40 anos. Estima-se que de 5% a 25% delas sofram da doença, contra de 2% a 10% dos homens. Uma das explicações é a disfunção hormonal, que é mais prevalente em meninas a partir da adolescência.

Por isso, um dos fatores desencadeadores de crise é o ciclo menstrual, quando acontece a queda dos níveis hormonais. As dores mais intensas costumam ocorrer antes e durante a menstruação. Outras doenças relacionadas a disfunção hormonal, como a endometriose, também podem suscitar uma enxaqueca.

Curiosamente, durante a gravidez e a menopausa, períodos em que os níveis hormonais estão mais equilibrados, as crises de enxaqueca (em que tem predisposição) costumam ser menos frequentes e a dor tem intensidade menor.

Estímulos a evitar

Embora a enxaqueca tenha um claro componente genético e hereditário, existem alguns fatores que podem desencadear uma crise de dor e acabam funcionando como um gatilho para pessoas predispostas.

Alguns deles são a ingestão de alimentos gordurosos e condimentados, de frutas cítricas e de bebidas lácteas e alcoólicas, além de ansiedade, estresse, jejum prolongado, sedentarismo, privação de sono e excesso de cafeína —presente em café, chá, refrigerante, chocolate e até alguns analgésicos. Há ainda quem sinta aquela dor interminável quando está em contato com barulho ou odores muito fortes.

Prevenção de crises

Ainda que não exista cura para a enxaqueca, é possível controlá-la com medicamentos específicos e com um estilo de vida apoiado em alimentação e hábitos saudáveis. Mas o encaminhamento do tratamento e a prescrição de remédios, se necessária, são determinados apenas depois de feito o diagnóstico por um médico especialista.

Os medicamentos utilizados para os ataques de dor de cabeça de enxaqueca são os anti-inflamatórios, para crises leves a moderadas; e os triptanos, indicados para casos crônicos. Ambos reduzem a produção de substâncias responsáveis pelo surgimento da dor e podem ser prescritos juntamente com remédios para enjoos e náuseas.

Em casos em que a frequência das crises é maior, como quinzenalmente, antidepressivos, ansiolíticos ou anticonvulsivantes também podem ser recomendados. Alguns médicos também indicam a aplicação de toxina botulínica no nervo trigêmeo —aquele que libera substâncias associadas à dor durante a crise.

Há também medicamentos apropriados para o tratamento preventivo, que podem ser utilizados diariamente com o objetivo de diminuir a frequência das crises e melhorar a qualidade de vida.

Fontes: Silvana Sobreira, coordenadora de neurologia do Hospital Memorial São José, da Rede D'Or (PE); Aline Lariessy Campos Paiva, neurocirurgiã do HCor (SP); Marcelo Ciciarelli, coordenador do Departamento Científico da ABN (Academia Brasileira de Neurologia) e SBCe (Sociedade Brasileira de Cefaleia).

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