Argentina pode ser a 2ª pessoa a se curar do HIV sem tratamento
Médicos argentinos e norte-americanos revelaram hoje que uma mulher que lutou contra o HIV por anos agora está livre do vírus, apesar de não tomar nenhum medicamento.
A argentina não identificada, de 30 anos, é a segunda pessoa registrada com um sistema imunológico que livrou seu corpo naturalmente do vírus. A anterior foi uma norte-americana.
A "Paciente Esperanza" - nome dado a paciente por pesquisadores para simbolizar uma mensagem de esperança na busca pela cura da HIV - foi diagnosticada pela primeira vez com a doença em 2013, mas agora tem níveis indetectáveis do vírus em seu corpo.
Nos primeiros oito anos após o diagnóstico, ela não recebeu medicação, exceto por seis meses, quando estava grávida, para garantir que seu bebê estivesse saudável.
Os pesquisadores afirmam que a descoberta cria expectativas para uma possível cura para as 38 milhões de pessoas que vivem com a infecção responsável pela doença da AIDS em todo o mundo.
Um grupo de médicos de Harvard anunciou a descoberta em um grande encontro internacional de especialistas em HIV em março. Os especialistas revelaram que a paciente, cujo ex-namorado morreu de AIDS, não tinha o vírus causador da doença.
As descobertas foram agora confirmadas na revista Annals of Internal Medicine.
Dr. Xu Yu, especialista do Hospital Geral de Massachusetts, e seus colegas não encontraram vestígios intactos do vírus em 1,5 bilhão de células de sangue e tecidos que analisaram.
Nenhum outro detalhe da paciente é atualmente público, mas os médicos da época revelaram que ela tinha um namorado e um bebê recém-nascido, ambos soronegativos.
Apenas uma outra pessoa também eliminou o vírus naturalmente. Trata-se da norte-americana Loreen Willenberg, de 67 anos, que apresentou sua cura do HIV em 2020.
Os acadêmicos também relacionaram esse caso ao de outros pacientes livres do vírus, como Timothy Ray Brown, de Berlim, e Adam Castillejo, de Londres.
Tanto Brown quanto Castillejo tinham câncer e receberam um transplante de medula óssea de um doador com genes resistentes ao HIV para eliminar a doença e o vírus causador da AIDS de uma só vez.
No entanto, Loreen Willenberg e a paciente Esperanza não foram submetidas a esse tipo de tratamento.
As duas mulheres são exemplos de "controladores de elite" um grupo raro de pessoas que nunca fizeram terapia anti-retroviral, mas não apresentam sinais do vírus no sangue.
Normalmente, quando uma pessoa é infectada pelo HIV, o vírus se liga ao DNA de sua célula imunológica e começa a se reproduzir a partir deste local. A terapia anti-retroviral pode ajudar a prevenir o processo de replicação, mas não pode eliminar o HIV do corpo por completo, o que significa que as pessoas precisam fazer tratamento diário para suprimir o vírus.
Mas, deve-se levar em conta que os controladores de elite representam uma em cada 200 pessoas e a maior parte do vírus se instala em partes inativas do genoma, conhecidas como "desertos de genes", sem causar danos. O vírus restante é eliminado pelo sistema imunológico do corpo.
Por outro lado, Dr. Yu acredita que esses surpreendentes casos de cura do HIV criam novas possibilidades de ajuda a outros pacientes.
"Essas descobertas, especialmente com a identificação de um segundo caso, indicam que pode haver um caminho acionável para uma cura esterilizante para pessoas que não são capazes de fazer isso por conta própria", afirma o médico. "Estamos agora olhando para a possibilidade de induzir este tipo de imunidade em pessoas submetidas a terapia antirretroviral por meio da vacinação, com o objetivo de alterar seus sistemas imunológicos para serem capazes de controlar o vírus."
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