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Sintomas e tratamentos da doença


Mielodisplasia: entenda câncer raro que matou o arquiteto Ruy Ohtake

Arquiteto Ruy Ohtake morre aos 83 anos em São Paulo - Reprodução
Arquiteto Ruy Ohtake morre aos 83 anos em São Paulo Imagem: Reprodução

Danielle Sanches

Do VivaBem, em São Paulo

27/11/2021 14h32

O arquiteto paulistano Ruy Ohtake morreu na manhã deste sábado (27), aos 83 anos. Filho primogênito da artista nipo-brasileira Tomie Ohtake, ele assinou obras arquitetônicas importantes como os hotéis Unique e Renaissance, além da sede do Instituto Tomie Ohtake, todos na capital paulista.

Ruy lutava contra um tipo de câncer raro na medula chamado de mielodisplasia. Também chamada de Síndrome Mielodisplásica, a doença é mais comum em idosos acima dos 70 anos, mas também pode acontecer entre pessoas jovens e até crianças.

O que é a mielodisplasia?

Esse tipo de câncer ocorre quando as células-tronco localizadas na medula óssea e responsáveis por "fabricar" as células do sangue apresentam uma mutação genética que provoca um defeito na maturação das células jovens.

Estas, por sua vez, são incapazes de exercer corretamente suas funções —já que não estão suficiente maduras para isso— e acabam sendo eliminadas antes mesmo de chegar à corrente sanguínea, explica Mariana Oliveira, hematologista do CPO Oncoclínicas, de São Paulo.

Com isso, é comum que o paciente apresente a deficiência de três tipos de células no sangue: os glóbulos vermelhos (responsáveis pelo transporte de oxigênio no sangue), os glóbulos brancos (que cuidam das defesas do organismo) e as plaquetas (responsáveis por cicatrização de feridas e reparação de vasos sanguíneos).

Principais sintomas e diagnóstico

"A suspeita de que um paciente possa ter mielodisplasia aparece quando o paciente apresenta baixa contagem de glóbulos vermelhos, brancos ou plaquetas no sangue", afirma a especialista.

Por isso, os sintomas mais comuns estão relacionados justamente à deficiência dessas estruturas: anemia (no caso da falta dos glóbulos vermelhos); baixa imunidade e aumento de infecções (na baixa contagem de glóbulos brancos) e ainda sangramentos e hemorragias (quando há baixa contagem de plaquetas).

O diagnóstico é feito a partir de exames clínicos como hemograma, mielograma (que é um exame de avaliação de medula óssea), biópsia de medula (se necessário) e ainda pesquisa de mutações genéticas.

Tratamento

A única forma de cura para a doença é o transplante de medula óssea, que nem sempre pode ser feito em pacientes idosos que já tenham outras doenças.

Mas o controle da doença e aumento da qualidade de vida são possíveis com outras alternativas. Uma delas é estimular de forma medicamentosa a produção de glóbulos vermelhos e melhorar a anemia do paciente.

Há ainda a opção de usar medicamentos hipometilantes que auxiliam no controle da doença. Em casos mais avançados, é possível associar essas substâncias com a terapia-alvo (quando medicamentos são direcionados para agir especificamente nas células tumorais).

Mielodisplasia x leucemia

Em alguns casos, as células-tronco alteradas podem apresentar novas mutações genéticas ao longo do tempo e a doença evoluir para uma leucemia mieloide aguda.

Nesse caso, há um acúmulo de células defeituosas na corrente sanguínea e, com o tempo, a medula para por completo de produzir células saudáveis.