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Rosácea: alimentos condimentados, álcool e bebidas quentes são gatilhos

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Imagem: iStock

Fabiana Gonçalves

Colaboração para o VivaBem

13/12/2021 04h00

Mal a temperatura começa a subir e o rosto já reage: sensação de calor frequente, como se estivesse queimando, vermelhidão, pele sensível ao toque, além da presença de pequenos vasinhos dilatados na região central da face, bolinhas vermelhas e de pus, dependendo do grau do problema. Esses estão entre os principais sintomas da rosácea, uma doença vascular inflamatória crônica.

A rosácea ocorre em 1,5% a 10% das populações estudadas. A causa ainda é desconhecida, mas há uma predisposição maior em mulheres com idade entre 30 e 50 anos, e é mais comum em brancos e descendentes de europeus. "Já se sabe que 30% dos casos de rosácea vêm de uma história familiar positiva, evidenciando uma possível base genética. Há forte influência de fatores psicológicos como ansiedade e estresse", afirma Carla Albuquerque médica dermatologista de São Paulo, membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e da AAD (Academia Americana da Dermatologia).

O problema também está relacionado a micro-organismos —dois se destacam: o ácaro Demodex folliculorum e a bactéria Bacillus olenorius, ambos normalmente já presentes na nossa pele. Porém, alguns alimentos são capazes de aumentar consideravelmente a irritação e a inflamação da pele, piorando a sensibilidade e o quadro geral da rosácea.

Além disso, esses alimentos favorecem a vasodilatação, o que é péssimo para quem tem rosácea, pois tende a provocar as crises. Logo, o ideal é que sejam evitados não apenas durante as crises, mas por toda a vida, já que se trata de uma dermatose crônica.

Alimentos ultraprocessados e temperos picantes, como hortelã-pimenta, menta, eucalipto, gengibre, cominho, pimenta-preta são péssimas opções para quem tem rosácea. No primeiro caso, o problema está na inflamação provocada por essas comidas; já no segundo, essa "picância" pode causar a sensação de queimação para a pele sensível, segundo Roberta Padovan, médica graduada pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), pós-graduada em dermatologia e medicina estética pelo Incisa (Instituto Superior de Ciências da Saúde).

O mesmo acontece com bebida alcoólica e aquelas que são ingeridas muito quentes, casos do café e dos chás. De acordo com Albuquerque, elas tanto podem ser gatilhos como podem piorar a crise, já que agem nessa microvasculatura, favorecendo a vasodilatação e inflamação da pele. "Vale ressaltar que a microvasculatura da pele dos portadores de rosácea é muito reativa e pode reagir de forma exacerbada mesmo aos menores estímulos", avalia.

Por isso, fique longe de:

  • Bebidas alcoólicas, café e chá quentes e comidas picantes: eles favorecem a dilatação dos vasos sanguíneos, que podem levar às crises de rosácea;
  • Alimentos processados e ultraprocessados, com alto teor de sódio: podem exacerbar todo tipo de inflamações;
  • Alimentos ricos em carboidratos e açúcares refinados, de absorção rápida: são alimentos chamados de pró-inflamatórios, e no caso da rosácea aumentam o risco de desencadear uma crise;
Saladas com legumes - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
É importante fugir de alimentos inflamatórios, como ultraprocessados e bebidas alcoólicas; opte por comida fresca e saudável
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Quanto mais natural a alimentação, melhor

Uma dieta equilibrada e variada, rica em alimentos frescos de origem vegetal, fontes de fibras, ácidos graxos benéficos e antioxidantes, como os polifenóis e carotenoides, é muito recomendada para as pessoas que têm rosácea, pois além de ajudarem a controlar fatores inflamatórios, ainda conferem algum fator de fotoproteção oral.

"Entre as melhores escolhas estão as proteínas magras e de origem vegetal como as leguminosas (feijões, ervilhas, lentilhas)", afirma Marcella Garcez, médica nutróloga, mestre em ciências da saúde pela Escola de Medicina da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), diretora e docente do Curso Nacional de Nutrologia da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

Segundo a especialista, também vale apostar em fontes de ômega 3, como os peixes de água fria, nozes e sementes de linhaça e chia, e fontes de fibras solúveis e insolúveis como as frutas, cereais integrais e vegetais folhosos. "Vegetais coloridos que são as principais fontes de carotenoides e polifenóis, que têm efeitos antioxidantes. Tudo isso sem esquecer o consumo adequado de água diariamente, condicional para manter a doença sob controle."

Veja exemplos do que colocar no prato:

  • Vegetais como aspargo, espinafre, couve-flor, ervilha e pepino são ricos em antioxidantes e fibras, que podem ajudar a acalmar a pele e aliviar a vermelhidão;
  • Ervas como camomila e erva-cidreira têm propriedades calmantes. Ajudam tanto no uso tópico para melhorar a sensibilidade da pele quanto o uso oral, para aliviar o estresse e a ansiedade;
  • Salmão, sardinha, atum e sementes oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas, avelãs) são alimentos ricos em ômega 3, um excelente antioxidante que alivia e ajuda a controlar a inflamação.

Como controlar a doença

Como não há cura para rosácea, apenas o controle, o tratamento envolve cuidados especiais, priorizando produtos para peles sensíveis, sendo que o recomendado é que a prescrição seja customizada e feita por um dermatologista. O uso de antimicrobianos tópicos ou orais e antiparasitários pode ser necessário. Em casos persistentes e redicivantes, a isotretinoína oral em dose baixa pode ser uma opção. O laser ou a luz pulsada são excelentes para o tratamento das telangiectasias (vasinhos sanguíneos que ficam logo abaixo da pele).

Para Daniel Cassiano, médico dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e professor de dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo (SP), além da alimentação, a infecção pela bactéria H. Pylori (Helicobacter pylori) também aumenta a produção de óxido nítrico, que causa a vasodilatação da pele.

"Em todos os casos, o estímulo exacerbado aos vasos da pele provoca a inflamação. Por isso, no verão pedimos aos pacientes reforçarem as medidas de fotoproteção. Como a pele de quem tem rosácea é sensível, deve-se dar preferência aos filtros solares minerais", orienta. "Em dias de muito calor, borrifar água termal gelada no rosto também traz conforto para os pacientes", afirma.

Logo, usar filtro solar diariamente (o ideal para rosácea é o mineral ou físico, com FPS 50 +), além de proteções extras como chapéus ou bonés, manter a pele hidratada e evitar banhos quentes e demorados são recomendações dermatológicas fundamentais para serem seguidas.