Covid-19: infecção entre vacinados é 3 vezes mais comum em imunossuprimidos
Apesar de raras, as infecções por covid-19 entre pessoas que receberam as duas doses das vacinas ocorrem com maior frequência —e maior gravidade— entre indivíduos com a imunidade comprometida. Estudo que analisou os dados de cerca de 1,2 milhão norte-americanos mostra que o risco para os imunocomprometidos é três vezes maior.
Pessoas com a imunidade comprometida apresentam deficiências no sistema de defesa do organismo. As causas podem ser genéticas ou adquiridas, como após uma infecção ou algum tratamento médico. Fazem parte dessa lista os pacientes oncológicos, com doença nos rins, condições reumatológicas ou inflamatórias, alguns diagnosticados com HIV/Aids, e quem passou por transplante de órgãos.
Conduzido por pesquisadores da farmacêutica Pfizer (desenvolvedora de uma das vacinas usadas contra a covid-19, ao lado da BioNTech), o estudo destaca que, do total de participantes, apenas 0.08% tiveram a covid-19 após o esquema vacinal completo. Destes, 38% eram pessoas com a imunidade comprometida.
Dos indivíduos que desenvolveram uma versão grave da doença e precisaram de internação, 60% eram do grupo dos imunocomprometidos. O estudo também identificou duas mortes e, nos dois casos, eram pessoas com o sistema imune deficiente. Os resultados foram publicados no periódico científico Journal of Medical Economics.
"As infecções que surgem mesmo após a vacina da covid-19 são raras, mas são mais comuns e graves em indivíduos com a imunidade comprometida. Os achados desse estudo apoiam a autorização do FDA [órgão regulatório norte-americano] e as recomendações do CDC [agência do departamento de saúde norte-americano] de oferecer a terceira dose da vacina para aumentar a proteção entre indivíduos imunocomprometidos", destacam os autores na conclusão do artigo.
No início de dezembro, um grupo de especialistas da OMS (Organização Mundial da Saúde) também recomendou a terceira dose das vacinas para pessoas com imunidade comprometida. Até então, o órgão destacava como prioridade a vacinação igualitária no mundo, visto que alguns países ainda não puderam imunizar a população com as primeiras doses.
Grupo de risco
A deficiência do sistema imunológico de algumas pessoas se assemelha ao processo de envelhecimento, de acordo com Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). O avanço da idade e, com ele, a chamada imunossenescência (envelhecimento do sistema imunológico), fazem com que as infecções se tornem mais frequentes e mais graves.
"Pelo mesmo motivo que os fazem mais vulneráveis para doenças infecciosas, os fazem piores respondedores das vacinas. É um fenômeno esperado que indivíduos de mais idade tenham mais falhas vacinais, e soma-se a esse grupo aqueles que têm problemas de imunidade, pois o mecanismo é o mesmo, o imunocomprometimento", explica Kfouri.
Ele também recomenda que as pessoas imunocomprometidas realizem o esquema vacinal completo com as três doses. "Todas as vacinas contra a covid-19 estão na categoria inativadas. Ou seja, não há componentes vivos e, portanto, nenhuma contraindicação. Mesmo sabendo que as vacinas não atinjam a sua melhor performance nessa população, é preciso garantir algum grau de proteção", ressalta o especialista.
(Fonte: Agência Einstein)
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