Insolação, afogamento, tubarão: como agir em diferentes acidentes na praia
Verão é sinônimo de praia, mas que nem sempre é sinônimo de descanso e diversão, infelizmente. Por falta de cuidados, orientações, fiscalização ou puro azar, vários tipos de acidente podem ocorrer na areia e no mar. E caso a ajuda não chegue a tempo, ou acabe prestada errada, sem conhecimento, a vítima pode agravar de estado clínico e até morrer.
Por isso, em situações críticas com banhistas, como afogamentos, ataques de animais marinhos, cortes por motivos diversos, mal-estar com princípio de desmaio, é preciso acionar rapidamente um posto de salva-vidas e discar pelos Bombeiros no 193 ou pelo Samu no 192. Enquanto o resgate não chega, você pode colaborar, mas como os médicos orientam a seguir.
Insolação e desmaio
Excesso de exposição ao sol e ao calor intenso é coisa séria. Repercute em super aumento da temperatura corporal, falha do mecanismo de transpiração e incapacidade de resfriamento. A pessoa pode apresentar pele ressecada e quente, tontura, visão turva, dor de cabeça, náuseas, pulso acelerado, respiração ofegante, palidez, tremores e risco de desmaio, convulsão e coma.
Diante de um mal-estar, quem estiver perto deve conduzir o acompanhante para a sombra, em lugar ventilado, e resfriá-lo. Consciente, ele deve se hidratar com bastante água fria (valem isotônicos e sucos naturais, mas bebida alcoólica não) e, se possível, borrifá-la pelo corpo, ou aplicá-la como compressa, para baixar a temperatura. Testa, nuca, axilas e virilhas são as áreas de maior atenção. Já havendo sinal de desmaio é caso para atendimento profissional.
Ao notar um "apagão" a caminho, peça ajuda e mantenha o corpo rente ao solo, para evitar quedas. É importante respirar fundo e devagar e, deitado, levantar as pernas, para direcionar o fluxo sanguíneo ao cérebro.
Já manter a cabeça virada de lado evita, caso se desmaie, o risco de aspiração de um eventual vômito. Por isso, lembre-se sempre de beber água regularmente, comer de forma leve, não se expor ao sol intenso e reaplicar o protetor solar a cada 2/3 horas.
Afogamento
Tentar socorrer um adulto que está se afogando no mar pode levar a um duplo afogamento, devido ao desespero dele o seu. O mais indicado é gritar por um socorrista experiente e, não havendo nenhum, tentar ajudar sem entrar na água, isto é, jogando algum objeto flutuante e com corda (boia ou prancha de surfe), para que o sujeito possa se agarrar e ser puxado de volta.
Agora, se a vítima chegou à praia, mas inconsciente, deve receber os primeiros socorros ali, o mais depressa possível. Se estiver respirando, deixe-a deitada de lado e aquecida até a chegada do resgate. Do contrário, sem respirar, mas com pulso, inicie imediatamente uma ventilação boca a boca, obstruindo o nariz com a mão esquerda e abrindo a boca com a direita, realizando cinco ventilações, respeitando o tempo de enchimento e esvaziamento do tórax.
Em caso de ausência de pulso será necessária uma reanimação cardiorrespiratória na proporção de 30 para 1 ventilação. Havendo dois socorristas, após o primeiro ciclo, a proporção compressão/ventilação pode passar para 15 para 2.
Fique de joelhos ao lado do corpo, que deve ficar deitado de barriga para cima, e com os braços esticados, posicione as mãos, uma sobre a outra, com os dedos entrelaçados, no centro do tórax da vítima, comprimindo-o repetidamente com força e ritmo, na tentativa de fazê-la reagir. Em crianças de 1 a 9 anos, utiliza-se uma mão e, em menores de um ano, dois dedos.
Ataque de tubarão
Se encontrar um tubarão, não entre em pânico. Agitar a água facilita ataques, pois ele percebe o desespero alheio. Dar as costas, aumenta o risco de ser mordido por trás desprevenido. Afasta-se de frente e bem lentamente, sem bater braços e pernas. Mas se ele vier para cima, reaja e grite para afugentá-lo e atrair pessoas. Acerte seus pontos fracos: ponta do nariz, guelras e olhos.
Em situações de lacerações é fundamental estancar o sangramento com um tecido limpo, pressionando o local e sem aplicar nenhuma substância, até chegar o socorro. Em se tratando de membros amputados (dedos, braços), se estiverem em boas condições para um reimplante cirúrgico, devem ser higienizados com água limpa, enrolados num pano ou guardados num saco plástico ou recipiente térmico, mas sem contato com gelo, e levados para o hospital.
Ao escolher uma praia, atente-se às sinalizações de perigo e tome precauções: não entre no mar com ferimentos (sangue atrai tubarões), evite se banhar ao escurecer (predadores têm hábitos noturnos), ou em águas com muitos cardumes ou de pesca. Não se afaste demais da costa para nadar e nem use acessórios metálicos, pois imitam o brilho das escamas dos peixes.
Lesão por água-viva
Quando ameaçadas ou tocadas nos tentáculos, mesmo recém-mortas, águas-vivas liberam toxinas que podem causar lesões que parecem queimaduras. A região afetada arde, inflama, dói e muda de cor, fica avermelhada ou escurecida por ação do veneno. A depender da reação, pode-se ter ainda náuseas, falta de ar, enxaqueca, dor no peito e choque anafilático.
Nessa situação, lave o ferimento com água salgada fria. Qualquer outra substância aplicada, o que inclui água doce, pode estimular os tentáculos, eventualmente ainda vivos e presos à pele, a liberarem mais veneno.
Assim, também os remova com cautela, sem causar atrito, e depois faça compressas de vinagre para neutralizar seu efeito. Casos leves podem ser tratados sem necessidade de pronto-socorro, para o qual devem ser conduzidos pacientes em estado grave.
Corte por cerol, vidro e espinho
Pipas (também conhecidas por papagaios ou raias), garrafas quebradas e oferendas com flores são comuns de serem vistas nas praias brasileiras. Então, preste atenção ao local frequentado. Em se tratando de acidentes com linhas cortantes, principalmente em cabeça e pescoço, as orientações consistem em se fazer compressão local com pano limpo e ligar imediatamente para o 193. Para perder menos sangue, fique parado e, com uma linha presa à pele, não mexa.
Se o estrago for outro, como um corte profundo com sangramento volumoso por um pedaço de vidro que entrou na pele, acione uma ambulância ou corra para o hospital. Não há muito o que fazer, a não ser, de novo, cobrir e pressionar a área com um pano ou toalha limpos e, durante o caminho, elevar o membro para reduzir a hemorragia. Mas, se foi um caquinho que só cortou, limpe a área com água e sabão e depois consulte um médico para evitar infecção.
Por espinhos, a retirada deles da pele pode ser feita após uma limpeza local e com uma pinça esterilizada, mas isso se não envolver trauma incapacitante. Do contrário, exige busca por uma unidade de saúde.
Da mesma forma, se a planta for tóxica e causar reação alérgica. Ela ainda pode conter fungos causadores de quadros sérios, como esporotricose, uma micose profunda.
Fontes: Luciano Sampaio, ortopedista e traumatologista da Clínica Ortocenter BemStar de Ilhéus (BA), parceira da Central Nacional Unimed; Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e da Academia Americana de Pediatria; Isabela Leiva, dermatologista e médica pela Fundação UnirG (Universidade de Gurupi), no Tocantins.
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