Dentadura, ponte fixa, implante: em que idoso deve se basear para escolher?
Edentulismo é a condição de perda parcial ou total dos dentes. No Brasil, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que cerca de 40% dos idosos já não possuem nenhum dente. Entre as causas: diminuição da produção de saliva, que age como proteção contra bactérias (xerostomia), cáries, doença periodontal, traumas, falha terapêutica, faltas de consciência, prevenção e cuidados, e que podem se somar às de recursos financeiros e ética de maus profissionais.
Como consequência, sem dentes, saúde física e mental ficam comprometidas. Por problemas de mastigação, fala, nutricionais, sono e infecções, lista Paulo Camiz, geriatra e professor no HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
"O idoso, por não conseguir mastigar direito, pode ficar desnutrido ou deixar de comer alimentos mais duros e proteicos e privilegiar os que sejam moles, como carboidratos. Assim, acaba engordando e adquire problemas relacionados a doenças metabólicas", continua Camiz.
Já os prejuízos psicológicos, relacionados ao comprometimento da estética, incluem baixa autoestima, diminuição do convício social, isolamento e depressão.
Nesse sentido, tratamentos devem ser pensados logo para compensar a função dos dentes perdidos. Dentaduras, pontes e implantes dentários apresentam vantagens e desvantagens e cabe ao geriatra e ao dentista fazerem indicações e explicar sobre os resultados e as diferenças.
Dentadura (parcial ou total)
A dentadura é uma prótese dental de encaixe removível que se divide em dois tipos: parcial, que substitui uma boa quantidade de dentes ausentes, ou total, quando não há mais nenhum dente presente. Também representa uma alternativa de baixo custo, quando comparada ao implante dentário, e no que compete ao desempenho, embora não apresente a eficácia e a sensação da dentição natural, ajuda na mastigação e melhora fala e aparência.
"Podem soltar e machucar um pouco porque utilizam, muitas vezes, a mucosa como área de sustentação para mastigar (o que não é o mais apropriado) e como apoio os dentes restantes, com grampos, e isso força além do que esses dentes aguentam, o que muitas vezes ainda vai gerar uma perda de elemento dental", informa Edson Rodrigues de Paula Neto, dentista, diretor da Clínica All Smiles e membro da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas).
Ferimentos, má adaptação e reajustes constantes também podem ter relação com perda óssea das estruturas da maxila e mandíbula, devido a doenças periodontais, gengivite e osteoporose.
Sobre higiene, as dentaduras (parcial ou total) ainda têm a desvantagem de não serem ideais para dormir. À noite, é interessante que o idoso dê uma "folga" ao rebordo gengival, o local onde elas ficam em contato durante todo o dia, e que lave e deixe a prótese mergulhada em agentes antimicrobianos, para que no dia seguinte seja utilizada desinfetada.
Má higiene e uso prolongado podem ocasionalmente facilitar processos inflamatórios e infecções nas mucosas.
Ponte (prótese parcial fixa)
Essa é composta por um ou mais dentes não verdadeiros que são unidos uns aos outros e nas extremidades presos a dentes vizinhos preparados para servirem de pilares de sustentação. A ponte então é colada/cimentada, não podendo ser removida.
É diferente e menor do que uma dentadura parcial removível, mas, em comum, uma ou múltiplas pontes substituem os dentes que foram perdidos de uma arcada e sem necessidade de procedimentos cirúrgicos.
Entre as desvantagens: "O desgaste dos dentes vizinhos, que foram usados como pilares, além da dificuldade de higienização e risco de infiltração e cárie", aponta David Barros, dentista pela EBMSP (Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública) e da Clínica ITA, em Salvador.
A higiene bucal também não foge tanto do convencional, deve ser realizada após as principais refeições e antes de dormir. No entanto, os dentes de suporte e as áreas de cimentação merecem atenção extra. Para espaços, devem ser utilizados escova interdental, irrigador oral com jato d'água, passa fio, ou fio dental específico para limpeza de aparelhos ortodônticos.
Implante dentário
Hoje, na maioria dos casos, os melhores resultados são alcançados por meio da utilização dos implantes, afirmam os especialistas. Eles são dispositivos semelhantes a pequenos parafusos ou pinos de titânio que fazem a função que antes era exercida pela raiz dentária.
Sobre esses implantes, instalados na maxila e/ou mandíbula, são confeccionados os novos dentes, cujas principais vantagens são: conforto mastigatório, aparência natural, resistência e longevidade.
"Com eles, há possibilidade de comer alimentos que são difíceis para quem usa uma prótese móvel, como churrasco, pipoca ou folhas (alface, rúcula)", informa Barros. Ele continua que para a realização do implante, que não possui limite de idade, o idoso deve passar antes por avaliações de saúde geral e oral, visando garantir um tratamento seguro.
Em casos delicados, é comum o contato do dentista com o geriatra para alinhamento de condutas, adequação de medicamentos e controle de comorbidades, como diabetes e hipertensão.
Questionado sobre o potencial para infecção nos locais dos implantes, Barros reforça a necessidade de higiene oral atenciosa por parte do paciente, mas tranquiliza que quando o tratamento é bem executado, não há muito com o que se preocupar.
Não sendo um implante unitário, mas todos os dentes, a higienização requer um cuidado especial, com produtos específicos e visita ao dentista a cada seis meses para manutenção.
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