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Pessoas com zika ou dengue podem atrair mais mosquitos, mostra estudo

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Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

02/07/2022 12h05

Os vírus da zika e da dengue podem alterar o cheiro do nosso corpo, deixando o odor mais atraente para mosquitos. É o que mostra um novo estudo publicado no periódico Cell nesta quinta-feira (30).

A ideia da pesquisa surgiu quando cientistas da Universidade de Tsinghua, em Pequim, na China, suspeitaram que a dengue e o zikadoenças transmitidas por mosquitos da mesma famíliapudessem estar manipulando os hospedeiros de alguma forma para atrair mais mosquitos.

A malária, de acordo com eles, já muda o cheiro das pessoas e, por isso, eles pensaram que com essas outras doenças, o mesmo poderia ocorrer. Em climas tropicais, principalmente, sempre há mosquitos; o vírus só precisa de um para morder um animal hospedeiro infectado para se espalhar.

Como o estudo foi feito e os resultados

Primeiro, a equipe testou se os mosquitos mostravam preferência por camundongos infectados. E, de fato, quando os insetos receberam as opções de camundongos saudáveis ou doentes com dengue, eles foram mais atraídos pelos animais infectados.

Em seguida, os cientistas analisaram as moléculas com odor na pele de camundongos infectados e saudáveis. Eles identificaram várias moléculas que eram mais comuns em animais doentes e as testaram individualmente.

Os pesquisadores aplicaram tanto em camundongos limpos quanto nas mãos de voluntários humanos, e descobriram que uma molécula odorífera, a acetofenona, era especialmente atraente para os insetos.

Os odorantes cutâneos coletados de pacientes humanos com dengue mostraram a mesma coisa: mais atrativos para mosquitos e mais produção de acetofenona.

"O vírus pode manipular o microbioma da pele dos hospedeiros para atrair mais mosquitos para se espalharem mais rapidamente" disse Penghua Wang, um dos autores do estudo. As descobertas podem explicar como os vírus do mosquito conseguem persistir por tanto tempo.

Remédio para acne pode ajudar

Os pesquisadores também testaram um potencial preventivo. Eles deram aos camundongos com dengue um tipo de derivado da vitamina A, a isotretinoína (nome comercial de Roacutan), conhecida por aumentar a produção do peptídeo antimicrobiano da pele e auxiliar no tratamento da acne.

Os animais tratados com a substância emitiram menos acetofenona, reduzindo sua atratividade para os mosquitos e potencialmente reduzindo o risco de infectar outras pessoas com o vírus.

Agora, o próximo passo é analisar mais humanos com dengue e zika para ver se a conexão do odor da pele-microbioma é verdadeira em condições do mundo real. Além disso, a ideia é ver se a isotretinoína reduz a produção de acetofenona em humanos doentes, assim como nos ratos.