Dá para diferenciar a dengue de gripe, resfriado e covid? Saiba mais
Um episódio de tosse entre alguns espirros, seguido de cansaço e mal-estar. Pouco tempo depois, surge a febre. Talvez, dores de cabeça e de garganta também apareçam. A depender se você acompanha ou não as notificações das autoridades da saúde, pode ter uma ideia de qual é o vírus em maior circulação em determinada época.
Mas a verdade é que tanto a covid-19, que passa pela sua quarta onda no Brasil, como a gripe, o resfriado e até a dengue —todos quadros causados por vírus diferentes, e este último, com a diferenciação de ser transmitido por um mosquito— têm sintomas parecidos no início da infecção.
E, independentemente da sua suspeita, em caso de surgimento de sinais, o melhor é sempre procurar a orientação de um serviço de saúde para a realização de teste diagnóstico e classificação de risco.
"Os profissionais poderão distinguir entre aqueles que possam receber cuidados em domicílio dos que apresentam casos mais graves e necessitam de internação hospitalar", indica Paulo Sérgio Ramos, infectologista da UFPE (Universidade Federal do Pernambuco).
Além disso, é importante não colocar outras pessoas em risco —considerando que você pode cruzar com alguém com imunidade mais comprometida, como idosos, crianças e doentes crônicos.
"Toda pessoa com síndrome gripal tem que ser isolada e testada, para interromper o ciclo de contágio", reforça Vera Rufeisen, infectologista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP).
Cada vírus tem um tempo próprio para que ocorra sua eliminação. A gripe, assim como a dengue e o resfriado, passam em torno de sete dias, enquanto a covid-19 pode durar até 10 dias.
Diferentemente da dengue, que é transmitida através da picada do mosquito infectado, os quadros respiratórios (covid-19, gripe e resfriado), são contagiosos, e podem passar facilmente de uma pessoa para a outra por meio de partículas eliminada durante fala, tosse e espirro de indivíduos infectados.
"De todos esses, no entanto, a covid-19 ainda é a mais contagiosa, especialmente com as cepas novas, derivadas da ômicron", afirma Carolina Lázari, infectologista do Grupo Fleury.
Abaixo, com a ajuda de especialistas, VivaBem explica as principais diferenças entre os quadros.
- Resfriado
"De forma geral, os resfriados costumam cursar sem febre ou com febre baixa e tem evolução mais rápida", diz Ramos.
Entre as doenças citadas, é a que se manifesta de forma mais leve, e seus sintomas incluem coriza clara e desconforto leve na garganta. "Não é comum apresentar dores fortes no corpo e às vezes pode ser confundido com rinite", aponta Lázari.
Os resfriados costumam ser causados por vírus que comprometem preferencialmente as vias aéreas superiores, entre eles os rinovírus, adenovírus e VSR (vírus sincicial respiratório).
"O VSR é o mais preocupante por que causa quadros de bronquiolite em crianças de até cinco anos, o que pode demandar necessidade de terapia intensiva na faixa etária pediátrica", explica o infectologista da UFPE.
- Gripe
É uma doença causada pelo vírus influenza, e sua diferença mais marcante em relação ao resfriado é a intensidade dos sintomas, que costumam ser mais fortes.
"Tem início súbito, de forma que a pessoa está só espirrando em um dia, e no próximo, já sente um mal-estar generalizado. São comuns os sinais respiratórios, como coriza, dor de garanta e tosse, sintomas mais baixos das vias áreas. Nem sempre o paciente apresenta febre, mas pode acontecer. Se não for tratada corretamente, pode evoluir para casos mais graves de falta de ar e pneumonia", alerta Carolina Lázari.
- Covid-19
De acordo com Vera Rufeisen, principalmente em infecções pelas variantes mais recentes (ômicron e seus subtipos), o acometimento da via área superior é comum, diferentemente do que os profissionais de saúde notavam nos casos anteriores da doença.
"Dor de garganta, tosse e espirro são prevalentes. No começo dos quadros, influenza e coronavírus têm sinais muito parecidos. O curso da covid-19 tende a se estender mais e a doença tem uma taxa de complicação maior", afirma.
Para ter certeza do diagnóstico, é necessário um teste. Isso porque, para algumas pessoas, principalmente as imunizadas com esquema de vacinação completo, o quadro também pode ser leve e se assemelhar mais a um resfriado.
Vale lembrar que a testagem —e, inclusive, a notificação às autoridades de saúde, em caso de autoteste— é importante, já que a covid-19 é considerada a principal doença a afetar a população no momento atual.
Por volta do dia 10 de junho, a média móvel de casos da doença chegou a 39.980 —maior número desde 16 de março, quando o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) registrou média de 40.682.
No intervalo de um mês (de maio a junho de 2022), a média móvel de mortes também aumentou, saltando de 99 para 141.
- Dengue
A dengue tem uma interface em comum com as doenças citadas anteriormente, que é a febre. Mas após dois ou três dias, os outros sintomas são bastante característicos e relativamente fáceis de diferenciar.
"Os pacientes sentem dor retro-ocular [o incômodo é intenso até para mexer os olhos], muita dor no corpo, e mais tardiamente, vermelhidão na pele", diz Rufstein.
A febre costuma aparecer subitamente e ser maior que 38°C. O quadro costuma ser bastante incapacitante durante seis ou sete dias, mas depois, para casos sem complicações, há melhora gradual.
De acordo com a infectologista do Grupo Fleury, a doença é bem mais comum no verão. "Sua transmissão acompanha o ciclo de vida do mosquito que transmite a doença, e esses insetos dependem de água parada para se multiplicar e das temperaturas mais quentes para a eclosão dos ovos."
É possível, no entanto, que com as estações climáticas menos definidas como estamos vivenciando, chuvas e aumento das temperaturas façam com que ovos parados há bastante tempo eclodam, criando possíveis surtos em diferentes lugares.
Os riscos da automedicação
Ainda que um remédio que você já tenha tomado antes possa parecer uma boa ideia para aliviar determinados sintomas, é muito importante consultar um profissional da saúde antes da automedicação.
"A dengue, por exemplo, é uma doença que predispõe sangramentos por atrapalhar a coagulação do sangue e alguns medicamentos, como anti-inflamatórios, analgésicos comuns, que podem ser comprados sem receita e são comumente usados para dor no corpo e dor de garganta, podem agravar a condição de predispor fenômenos hemorrágicos", alerta Lázari. Clique aqui e entenda quais remédios você não deve tomar para dengue e os riscos.
Além disso, todo e qualquer medicamento pode oferecer risco, ainda que baixo. Um outro exemplo é o caso do uso indiscriminado de antibióticos, que podem tornar as infecções mais resistentes aos remédios e aumentar o risco para diversas complicações, incluindo o risco de morte.
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