Agência francesa associa alimentos embutidos ao câncer; entenda relação
Um relatório publicado pela Anses (Agência Nacional de Segurança Sanitária da França) nesta terça-feira (12) reacendeu o alerta sobre os riscos à saúde atrelados ao uso de nitritos e nitratos como aditivos nos alimentos.
Segundo a análise, quanto maior a exposição a esses conservantes, maior o risco de câncer colorretal (que afeta partes do intestino grosso) na população. Essas substâncias são utilizadas na indústria alimentícia para limitar o crescimento de bactérias nocivas, principalmente em embutidos, queijos e carnes processadas.
O que são esses compostos e qual a relação com o câncer
Os nitritos e nitratos não são, por si próprios, cancerígenos. Ambos são compostos químicos naturais que contêm nitrogênio e oxigênio e estão presentes na água, no solo e em vegetais, como na beterraba e no espinafre, por exemplo.
O problema é que, ao reagir com alguns compostos, como os aminoácidos (presentes nas proteínas), eles podem formar substâncias com potencial nocivo à saúde, como as nitrosaminas, estas sim consideradas carcinogênicas —isto é, que têm potencial de causar câncer.
"A maior preocupação em torno do consumo de nitritos e nitratos é que eles são consumidos principalmente não por meio dos vegetais, mas das carnes processadas, que acabam tendo uma quantidade muito maior desses compostos do que aquela que a gente encontra naturalmente na água, no solo e em alimentos de origem vegetal", explica Luciana Grucci, nutricionista do Inca (Instituto Nacional do Câncer).
Quanto consumir?
As agências de vigilância sanitária e outros órgãos reguladores são responsáveis por estabelecer os limites para a adição de conservantes nos alimentos. Na União Europeia, por exemplo, o limite máximo de nitritos e nitratos permitido é de 150 mg por quilo de alimento, mesmo valor recomendado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil.
Na França, por sua vez, o limite é de 110 mg/kg. Por causa dos riscos à saúde, a Anses recomenda que o consumo de carnes processadas, uma das principais fontes desses compostos, não ultrapasse os 150 gramas mensais. Essa lista inclui produtos como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela, peito de peru e blanquet de peru, além de queijos.
Já no Brasil, o Inca, ligado ao Ministério da Saúde, recomenda que o consumo desse tipo de proteína animal seja totalmente evitado ou, ao menos, reduzido. "O ideal é não consumir e, se for necessário, comer a menor quantidade possível, porque as evidências mostram que não existe uma quantidade mínima segura para o consumo desses alimentos", diz Grucci.
Os riscos à saúde atrelados às carnes processadas não dizem respeito somente à presença de conservantes. O maior risco de desenvolver câncer também está relacionado a outras etapas de produção desses produtos, como o salgamento, a curagem, a fermentação e a defumação.
O consumo de carne processada é reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como um fator de risco para o desenvolvimento de câncer. Em 2015, a Iarc (Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer), sediada na França, que faz parte da OMS, adicionou as carnes processadas em sua lista de grupo 1 de carcinogênicos para os quais já existe evidência suficiente de ligação com o câncer —é a mesma lista que inclui tabaco, amianto e fumaça de diesel, por exemplo.
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