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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Excesso de cálcio no sangue causa cálculo renal; veja sintomas e riscos

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Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

21/07/2022 04h00

O cálcio é um dos minerais mais importantes para o organismo: é essencial para a formação e preservação dos ossos, participa da coagulação sanguínea, da contração muscular e contribui com a manutenção do ritmo cardíaco. No entanto, em excesso no sangue, causa uma condição conhecida como hipercalcemia.

"Os níveis de cálcio no corpo são regulados principalmente pelo paratormônio, hormônio das glândulas paratireoides, localizadas ao redor da tireoide. A dosagem é realizada por meio de exame de sangue e os níveis normais de cálcio total variam de 8,5 a 10,2 mg/dl", explica Iane Gusmão, endocrinologista do Hupes (Hospital Universitário Professor Edgard Santos), na Bahia.

Em quadros leves, a hipercalcemia costuma ser assintomática e se desenvolve lentamente. Por conta disso, é comum que as pessoas só descubram o problema após realizar exames de rotina.

Vale destacar que esse mineral se encontra armazenado nos ossos, e apenas uma pequena parte do cálcio do nosso corpo circula na corrente sanguínea, algo em torno de 1%.

Quando o indivíduo apresenta níveis altos do mineral no sangue surgem sintomas como:

  • Sonolência excessiva;
  • Desidratação e sede (principalmente em idosos e pacientes oncológicos);
  • Fraqueza;
  • Dor muscular e óssea;
  • Cálculos renais de repetição;
  • Constipação;
  • Náuseas e vômitos;
  • Perda de apetite;
  • Dor de cabeça;
  • Confusão mental, desorientação e dificuldade para pensar.

Principais causas de hipercalcemia

Existem vários motivos que levam à hipercalcemia. Os mais comuns são decorrentes do excesso da produção do hormônio paratormônio ou PTH.

Ele é produzido por quatro pequenas glândulas, conhecidas como paratiroides. O PTH é o principal responsável pelo controle de cálcio no organismo. Portanto, essa desregulação é definida como hiperparatireoidismo e é a principal causa do problema.

Além disso, o excesso de cálcio no sangue ocorre em outras situações, como:

  • Câncer

O excesso de cálcio no sangue é bastante comum em pessoas com câncer. É mais comum em neoplasias de mama, mieloma múltiplo, linfoma, leucemia, na cabeça e pescoço e gastrointestinal.

"Quando há o aumento dos níveis de cálcio no sangue, esse quadro pode ser fatal por ser uma comum desordem metabólica associada ao câncer. Estima-se que atinja de 10% a 20% dos pacientes que possuem um tumor maligno", afirma Roberta Frota Villas Boas, endocrinologista do Hospital Nove de Julho.

  • Intoxicação por vitamina D
Vitamina D suplemento - iStock - iStock
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Em excesso, a vitamina D também aumenta a capacidade de absorção de cálcio no organismo. Geralmente, a situação acontece em indivíduos que fazem suplementação da vitamina D, quando apresentam carência dessa substância.

"O excesso de vitamina D provoca a hipercalcemia porque há um aumento da captação intestinal de cálcio, que também é retido pelos rins, evitando que seja eliminado pela urina. E também porque retira o cálcio dos ossos, transferindo assim para o sangue", explica André Tavares, hematologista do Hospital do Servidor Público Estadual.

  • Efeitos colaterais de medicamentos

O uso de medicamentos também pode provocar a hipercalcemia como efeito colateral. Geralmente, eles aumentam a quantidade de urina e a concentração excessiva de cálcio no sangue. Entre eles, estão os diuréticos e o lítio (estabilizador de humor), que libera mais PTH no organismo.

  • Outras condições de saúde

Algumas doenças afetam a forma que o organismo absorve o cálcio, acarretando a hipercalcemia. Entre elas, estão tuberculose, doença renal crônica e infecções fúngicas graves.

  • Mobilidade reduzida

Quem passa longos períodos sem se locomover, devido a doenças ou acidentes, também apresenta maior risco de ter hipercalcemia. Nesses casos, os ossos trabalham menos, ficam enfraquecidos e liberam mais cálcio na corrente sanguínea.

  • Desidratação severa
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Pessoas que estão desidratadas de forma severa têm menos água no organismo, o que aumenta a concentração de cálcio. Porém, nesses casos, o tratamento é realizado com hidratação oral ou venosa.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico da hipercalcemia é realizado quando há suspeita clínica (há sintomas) e é feita a dosagem de cálcio no sangue. Portanto, a medição dos níveis anormais do mineral no organismo é normalmente detectada durante exames de rotina.

"Se for identificada a hipercalcemia, são solicitados outros testes para determinar o que está provocando a condição. Geralmente, são feitos outros exames de sangue específicos e de urina. O especialista também pode pedir uma radiografia do tórax e exames genéticos", complementa Villas Boas.

Formas de tratamento e prevenção

O tratamento para hipercalcemia depende da gravidade da condição e da causa. Na maioria das vezes, casos leves não precisam de medidas terapêuticas imediatas, apenas monitoramento dos níveis de cálcio no sangue e hidratação oral.

Em quadros mais graves, há necessidade de internação hospitalar, hidratação venosa e uso de medicamentos específicos. Já nos casos leves, é indicada apenas hidratação oral. Raramente há indicação de uma cirurgia para remover as paratireoides.

"Para prevenir devemos fazer exames periódicos quando indicados. E a reposição de vitamina D e cálcio só deve ser realizada quando realmente necessária e sempre com orientação médica", orienta Tavares.

A importância da alimentação

Alimentos ricos em cálcio - iStock - iStock
Alimentos ricos em cálcio
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Quem está com excesso de cálcio no organismo, deve se atentar para o consumo exagerado de alimentos que ofereçam o mineral. A recomendação dos especialistas consultados por VivaBem é que adultos devem consumir cerca de 800 a 1.000 mg/dia de cálcio, o que equivale a três porcões de derivados do leite.

Além disso, é importante saber que algumas substâncias atrapalham a absorção do cálcio. É o caso do café, os refrigerantes à base de cola e o sal em excesso.

"Dessa forma, pessoas que ingerem suplemento de cálcio, não devem ingerir estes alimentos junto às refeições, já que atrapalham a absorção do mineral", reforça Villas Boas.

Complicações comuns

Pessoas com diferentes tipos e quadros de hipercalcemia também costumam apresentar problemas relacionados à saúde bucal. A presença de níveis elevados de cálcio altera a matriz do dente, provoca calcificações em tecidos moles e sensibilidade dentária ao morder e mastigar.

Além disso, por conta das quantidades excessivas de cálcio na corrente sanguínea, os ossos ficam mais densos e causa a osteoporose, aumentando o risco de fraturas.

Outra condição bastante frequente em quem tem hipercalcemia é o surgimento de cálculos renais. E, em casos mais graves, provoca a falência renal, ou seja, quando os rins param de funcionar. Vale lembrar que o excesso de cálcio sobrecarrega os órgãos e dificulta a limpeza do sangue, influencia a produção de urina e a remoção de fluidos corporais.

A hipercalcemia também interfere nos batimentos cardíacos, tornando-os irregulares. Por fim, em casos extremos, provoca confusão, demência e coma, levando ao óbito, em algumas situações.