Diarreia: conheça as causas mais comuns do problema, que pode matar
Quem nunca ficou com medo de sair de casa por conta de um desarranjo intestinal? Aquela vontade incontrolável de ir ao banheiro é chamada de diarreia. A condição pode ser definida pela ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24 horas.
A diarreia pode ser classificada como aguda ou crônica, de acordo com a sua persistência. No primeiro caso, dura até 14 dias e costuma ocorrer após uma infecção viral ou bacteriana, adquirida pelo consumo de algo contaminado, por exemplo. A duração média é de 5 a 7 dias.
Já a diarreia crônica pode persistir por semanas (ou meses) e geralmente indica algum tipo de doença intestinal.
A seguir, veja detalhes sobre os sintomas de diarreia, causas mais comuns, formas de tratamento e quando procurar ajuda médica.
Principais sintomas
É muito difícil não reconhecer os sintomas de diarreia. Na maioria das vezes, surge uma vontade repentina e incontrolável de defecar por várias vezes ao dia. Geralmente, as fezes costumam ser moles (aquosas).
Além disso, é comum que surjam outros sintomas desagradáveis como suor frio, cólicas intestinais, náuseas, vômitos, febre, inchaços e desidratação. E, em casos mais extremos, há perda de peso e fraqueza.
Causas mais comuns
As causas da diarreia variam bastante. É provável que você já tenha tido o problema após uma intoxicação alimentar, causada por um alimento contaminado. Além disso, entre os motivos para surgir o problema, podemos citar:
- Infecções virais, como rotavírus e gastroenterite viral;
- Infecções bacterianas, causadas pela Salmonella e E.coli;
- Infecções provocadas por parasitas;
- Doenças intestinais, como síndrome do intestino irritável, retocolite ulcerativa e doença de Crohn;
- Intolerância à lactose (açúcar do leite);
- Reação a um medicamento como antibióticos, laxantes e fármacos para emagrecer;
- Doença celíaca, que é uma condição autoimune provocada pela alergia ao glúten;
- Após realizar uma cirurgia da vesícula biliar ou do estômago;
- Ansiedade em excesso;
- Consumo excessivo de álcool ou cafeína.
Como é feito o diagnóstico?
Geralmente, em casos de diarreia aguda, o diagnóstico é clínico. Muitas vezes, não há necessidade de exames, e a condição é identificada apenas com o relato dos sintomas do indivíduo. Isso porque é comum o problema durar apenas poucos dias.
Quando há uma diarreia persistente, são solicitados alguns exames laboratoriais como urina, fezes e sangue. O exame de fezes, por exemplo, avalia se há a presença de bactérias e parasitas no organismo.
O especialista pode solicitar exames de imagens para checar se há alguma anormalidade ou alteração no intestino. E também pedir a colonoscopia para verificar a saúde do cólon e descartar doenças intestinais e até câncer. Em alguns casos, solicitam-se exames para identificar intolerância à lactose e doença celíaca.
Quem está mais propenso a ter diarreia?
Não existe um grupo de risco específico, mas sabe-se que condições sanitárias precárias e deficiência na higiene das mãos estão associadas a uma prevalência aumentada de infecções bacterianas e parasitárias. Portanto, nesses casos, é comum que a população tenha mais quadros de diarreia.
Complicações da diarreia
Casos persistentes de diarreia podem levar à desidratação, febre, letargia, desnutrição e até morte. A desidratação ocorre pela perda de líquidos em excesso do organismo. Nesses casos, podem surgir sintomas como sede, fadiga, tontura e dor de cabeça. Em situações mais graves, pode causar até coma e falência renal.
A diarreia também causa perda de sódio, potássio e sangue. Além disso, quando as fezes vierem acompanhadas de sangramento ou muco, seguida de perda de peso, o problema exige investigação imediata.
É comum também que a pessoa com diarreia fique desnutrida, suscetível a outras doenças e tenha mais crises de desarranjo intestinal. Todas essas complicações citadas podem levar ao óbito, se não tratadas.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a diarreia causou a morte de 370 mil crianças menores de cinco anos em 2019. Além disso, quando há uma diarreia crônica é comum que ocorram problemas na absorção de alguns nutrientes. Isso acarreta desnutrição, perda de peso e diminuição da imunidade.
Formas de tratamento
A melhor forma de tratamento da diarreia é a terapia de reidratação oral, ou seja, reposição dos líquidos perdidos. Geralmente, indica-se a ingestão de água potável e sucos naturais e também soro caseiro ou soluções de reidratação.
Em casos mais graves, pode ser indicado o soro por via endovenosa (pela veia). Se for uma infecção bacteriana, a pessoa precisará tomar antibióticos. Além disso, alguns medicamentos (como antiparasitários e analgésicos) também podem ser prescritos para controlar os sintomas. Probióticos costumam ter um efeito na diminuição dos desconfortos e na frequência das evacuações.
É possível prevenir a diarreia?
A diarreia é causada por diversos fatores. No entanto, algumas atitudes podem evitar o problema de saúde. Entre eles, podemos citar:
- Evitar a intoxicação alimentar ao realizar a higienização adequada dos alimentos antes e durante o preparo das refeições;
- Beber sempre água potável;
- Lavar as mãos com água e sabão após usar o banheiro e antes de manipular alimentos;
- Ficar de olho na data de validade dos alimentos e jogar fora os que estiverem vencidos;
- Usar tábuas e pratos separados para carne crua, aves e frutos do mar e evitar assim a contaminação cruzada;
- Descongelar alimentos com segurança na geladeira, na água fria ou no micro-ondas;
- Armazenar e refrigerar alimentos de forma adequada;
- As carnes e ovos devem ser consumidos sempre cozidos.
Alimentação de quem está com diarreia
É muito importante que quem está com diarreia se mantenha hidratado. Por isso, é preciso beber muita água, água de coco e sucos naturais. A alimentação deve ser leve, com itens de fácil digestão. Vale a pena consumir frutas como bananas e maçãs, arroz branco, sopas, batatas cozidas, torradas e biscoitos de água e sal.
Por outro lado, é melhor evitar alimentos condimentados, açucarados, fritos, gordurosos e processados. A recomendação é ficar longe de bebidas alcoólicas, cafeína e alimentos com fibras, que tendem a soltar ainda mais o intestino.
Quando procurar ajuda médica?
A diarreia é um sintoma bastante desagradável, que pode atrapalhar a rotina. No entanto, é comum que passe depois de alguns dias. Porém, é preciso buscar ajuda médica se a diarreia persistir por mais de três dias.
Vale a pena também ficar atento à coloração das fezes: quando estiverem esbranquiçadas pode indicar problemas de fígado; já o cocô preto e com odor forte sugere um sangramento do esôfago.
A atenção deve ser redobrada se surgirem outros sintomas como calafrios, febre, mal-estar, perda de peso, muco ou sangue nas fezes. Os idosos e as crianças tendem a se desidratar com mais facilidade. Por isso, devem procurar um médico assim que surgir a diarreia.
Além disso, pessoas imunossuprimidas, ou seja, que possuem o sistema imunológico comprometido, também devem procurar assistência médica com urgência para investigação das causas do problema. É o caso de quem tem HIV, pessoas em tratamento de câncer ou que passaram por um transplante.
Quando há uma diarreia crônica por conta de uma doença intestinal, geralmente é necessário acompanhamento regular de um especialista. Com frequência, são solicitados exames específicos de imagens para checar a saúde do intestino e demais órgãos, como o estômago.
Fontes: Henrique Perobelli, gastroproctologista da Rede de Hospitais São Camilo (SP), Bruno César Silva, coordenador da gastroenterologia do Hospital da Bahia e Vanessa Prado, cirurgiã do aparelho digestivo do Hospital Nove de Julho (SP).
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