Varíola dos macacos pode ser mais grave em crianças e grávidas?
Com os números de casos de varíola dos macacos aumentando no Brasil e no mundo, novas dúvidas começam a surgir, principalmente depois da primeira morte registrada no país. Além disso, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica com informações de prevenção para pessoas grávidas, lactantes e com bebês recém-nascidos.
Mas será que a doença pode ser mais grave neste público? Os médicos explicam que ainda não é possível bater o martelo, já que não há tantos casos de grávidas com monkeypox —outra nomenclatura para a doença.
No entanto, a origem do temor faz sentido, pois tem relação com o histórico da varíola humana, segundo o infectologista Carlos Magno Fortaleza, presidente da SPI (Sociedade Paulista de Infectologia) e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu (SP). "Com diversas semelhanças com a monkeypox, a varíola humana, já erradicada, apresentava maior risco de morte em gestantes", explica o médico.
No geral, as grávidas fazem parte do grupo de alto risco para doenças infecciosas. "Sabemos que a gravidez gera uma imunodeficiência e, por isso, elas perdem a capacidade de defesa para poder gerar o feto", diz o infectologista Fábio Araujo, do Hospital Emílio Ribas e do CRT (Centro de Referência e Treinamento DST/Aids) da unidade Santa Cruz, em São Paulo.
A imunodeficiência significa que o corpo, por diversos motivos, não consegue se proteger da maneira esperada de agentes infecciosos. Pessoas com HIV, em tratamento de câncer, que fizeram transplantes, são exemplos de imunossuprimidos.
"Ainda não temos estudos ou muitos casos para saber se será mais grave nelas", reforça o médico.
E as crianças?
No Brasil, já existem casos de crianças e adolescentes com diagnóstico de varíola dos macacos. Neste grupo, ocorre quase o mesmo relatado nas gestantes. Crianças ainda estão na fase de desenvolvimento, incluindo o sistema imunológico, que não está "100% pronto" para enfrentar os agentes infecciosos com os quais temos contato diariamente.
Os especialistas explicam, no entanto, que é difícil prever como as crianças vão se comportar diante de novas ameaças —se com manifestações mais graves ou não. Na covid-19, elas foram as menos afetadas pela doença, diferente do que ocorre com a gripe, por exemplo.
Mas, para Araujo, as crianças podem ser consideradas um grupo de risco para a monkeypox. "Na África, a doença atinge sobretudo crianças e adolescentes, grupo que apresenta o maior índice de mortalidade. Só que nessas regiões temos problemas graves de desnutrição", diz. "Aqui, as taxas de desnutrição são melhores, mas talvez a gente observe algumas semelhanças."
Já para o professor da Unesp, é muito difícil prever se a doença será mais grave nelas ou não, conforme dito anteriormente. "São poucas crianças acometidas para compararmos, além disso, crianças são imprevisíveis", afirma.
De qualquer forma, existem algumas medidas que diminuem o risco de infecção ou ao menos evitam a transmissão do vírus para outras pessoas. Veja:
- Ficar atento aos sintomas e buscar atendimento médico o quanto antes;
- Evitar o contato próximo com pessoas infectadas ou com suspeita de infecção: nada de toque, beijo ou sexo;
- Limitar o número de parceiros sexuais;
- Evitar compartilhamento de objetos, incluindo roupas de cama e toalhas;
- Não estigmatizar a doença: qualquer pessoa pode contrair o vírus;
- Usar máscaras;
- Cobrir braços e pernas em aglomerações;
- Higienizar as mãos.
Principais sintomas
Fique atento aos possíveis sinais:
- Erupções cutâneas na pele (que parecem espinhas ou bolhas)
- Vermelhidão na pele
- Febre
- Dor muscular
- Dor de cabeça
- Dor de garganta
- Tosse
- Inchaço dos gânglios linfáticos
- Calafrios
- Exaustão
As lesões na pele podem estar localizadas nas extremidades do corpo, como pés, mão, rosto, além do ânus, região do períneo ou nos genitais, causando dor e/ou coceira. As erupções também podem surgir dentro de boca, vagina e ânus.
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