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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Ligado no 220 ou marcha lenta? Entenda como seu funcionamento afeta a saúde

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Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

18/08/2022 04h00

Ninguém é igual a ninguém. Somos diferentes em termos de personalidade, humor, comportamento e isso é influenciado por genética, criação, hábitos e rotina. Porém, mudanças repentinas e bruscas no modo de ser, especialmente se não houver por trás algum motivo importante, como estar em tratamento medicamentoso ou perder uma pessoa querida, em geral indicam que algo está errado.

Quando o processamento cerebral, que poderia ser definido como tempo e velocidade para se desempenhar uma tarefa mental ou reagir a uma informação recebida (visual, auditiva ou de movimento), for lento demais deve se considerar transtornos de aprendizagem como TDAH (déficit de atenção e hiperatividade), dislexia, discalculia, além de esquizofrenia, autismo, depressão e Alzheimer.

Do contrário, se o sujeito for acelerado demais em todas as suas funções, pode ser que sofra de taquipsiquia (patologia observada principalmente em estados maníacos e de euforia), síndrome do pensamento acelerado (comum em quem se mantém constantemente atento, produtivo e sob pressão), transtorno de ansiedade generalizada, bipolaridade e burnout.

Lento ou rápido: há vantagens?

Pessoa com TDAH, mente cheia, ansiedade, cérebro - iStock - iStock
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Quando a velocidade de processamento cerebral é elevada, mas dentro da normalidade, sem causar prejuízos e sofrimentos, mais eficiente será a capacidade de aprender, raciocinar, agir e executar, especialmente sem ter muito tempo. Mas não há relação com ser mais inteligente. Dos profissionais que tiram vantagem dessa habilidade estão socorristas, pilotos e matemáticos.

No que compete a uma velocidade de processamento mais lentificada, mas igualmente sem relação com fatores preocupantes, pode ser considerada "positiva" se estiver associada com uma mente relaxada, mais desestressada, o que é importante, por exemplo, quando se lida com desafios diários, mas não se pode deixar levar por impulsos, emoções e conflitos interiores.

É preciso pensar no cérebro como um músculo, que precisa de descanso e de estímulo, para funcionar de maneira equilibrada. Quando ele é rápido demais pode acabar esgotado e vai repercutir no corpo. Porém, muito lento também não é bom, pois naturalmente é um órgão que sempre busca economizar energia e, por isso, tende a se inclinar para hábitos sedentários.

Extremos alteram mente e físico

Memória fotográfia, inteligência artificial - iStock - iStock
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Diminuição da velocidade de processamento cerebral pode prejudicar memória, equilíbrio, visão espacial, produção de hormônios, comunicação, expressão facial (pode ficar apática), tempo de reação e rendimento, processos, como ler, calcular, ouvir e escrever anotações, estabelecer objetivos, tomar decisões, iniciar tarefas, prestar atenção e seguir instruções.

Por outro lado, um cérebro que não desliga, sempre em alerta, pode gerar no indivíduo irritabilidade, insônia, inquietação, dificuldade de concentração e vício por estímulos. Com as funções cognitivas sobrecarregadas, podem ocorrer alterações na fala, que fica embaralhada, lapsos de memória, mudança de humor repentina e incapacidade de tomar decisões lógicas.

Estresse e ansiedade são causas, mas também efeitos de um ritmo agitado, e elevam os níveis hormonais de adrenalina e cortisol, indicando que o emocional e o psicológico precisam de uma pausa, antes que o corpo entre em colapso, com tremores, fadiga excessiva, falta de ar, tensão muscular, dor de cabeça, queda de cabelo, gastrite, alta dos batimentos e diarreia.

E como se regula o cérebro?

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Na presença dos sintomas citados, de distúrbios de ordem neurológica ou psicoemocional e que podem alterar a saúde mental e física, é preciso consultar médicos, realizar exames de imagem, ou uma série de testes que detectam os déficits na velocidade de processamento cognitiva. Quanto aos tratamentos, variam de psicoterapia a administração medicamentosa.

Se for algo inato, da personalidade, mas que atrapalhe, cabe da mesma forma buscar suporte de profissionais e adotar novos hábitos. Um cérebro preguiçoso —mas isso vale para todos, a fim de se evitar neurodegenerações— deve ser exercitado por meio de novos, variados e cada vez mais desafiadores aprendizados intelectuais, atividades físicas e mudanças, como de dieta.

Agora, para "frear" uma mente apressada, é necessário reservar momentos, pausas no dia, para se dedicar ao autoconhecimento, meditação, passatempos dos quais se gosta e cuidados com a saúde física. Some a essas iniciativas desempenhar as atividades por vez, intercalando, se possível, complicadas com leves e, ao final do dia, se desconecte de telas e preocupações.

Fontes: Júlio Pereira, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião com especialização pela UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles); Lucy Carvalhar, psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas); e Yuri Busin, mestre e doutor em neurociência do comportamento e psicólogo pós-graduado pela PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).