Farinha de uva ou espinafre? Opções vegetais adicionam fibras às refeições
Pode parece estranho para alguns, mas há farinhas produzidas a partir de frutas, legumes ou grãos. É possível encontrar opções feitas de maracujá, banana, uva, maçã, laranja, abóbora, abobrinha, cenoura, coco, couve-flor, feijão-branco, espinafre, beterraba ou grão-de-bico.
Apesar de não substituírem os benefícios do consumo dos alimentos in natura, essas farinhas são usadas para suprir as necessidades de fibras no dia a dia. Além disso, são menos perecíveis e o menor volume quando comparado ao de vegetais confere praticidade na armazenagem e transporte.
Entre os benefícios, alguns componentes apresentam teores superiores na farinha, como as fibras e o potássio, no caso da de maracujá, segundo Antonia Miwa Iguti, engenheira de alimentos e professora no curso de engenheira de alimentos do Instituto Mauá de Tecnologia. A de uva apresenta níveis elevados de antioxidantes, que ajudam a combater os radicais livres.
"De modo geral, o processamento dessas farinhas não afeta nutrientes como as proteínas, as gorduras e os minerais. Já as vitaminas, especialmente a vitamina C, são perdidas nas etapas dos processos convencionais de secagem", esclarece.
O processo de obtenção de cada uma varia, pois são usadas diferentes partes de cada alimento. Por exemplo, a farinha de uva é constituída do bagaço residual do processo de produção de vinhos e inclui cascas, sementes, engaços (ramificações dos cachos) e polpa. Já a farinha de maracujá é proveniente da casca após a extração da polpa destinada ao suco, enquanto a da berinjela usa o fruto em sua totalidade.
A seguir, veja as vantagens de incluir essas farinhas "diferentes" na sua alimentação:
1. O processo de produção ajuda no aproveitamento dos alimentos
Esses produtos permitem o aproveitamento integral dos alimentos, como cascas e sementes que são ricos em nutrientes e, em especial, evitam o descarte e o desperdício.
Além disso, as farinhas, por não serem perecíveis, conseguem alcançar, geograficamente, populações que sofrem com a insegurança alimentar, de acordo com Renata Faraco Fantaccini, engenheira de alimentos e VP da ABEA-SP (Associação dos Engenheiros de Alimentos do Estado de São Paulo).
2. São fáceis de consumir e substituem as farinhas refinadas
Outra vantagem é que elas podem ser consumidas até por pessoas que não gostam dos sabores característicos de cada fruta, legume ou grão. Segundo Fantaccini, a granulometria pequena dilui o gosto.
"Além disso, é possível adicioná-las a preparações alimentares onde se tornam imperceptíveis, como pães e bolos." São indicadas ainda para o preparo de iogurtes, sucos, smoothies, vitaminas, saladas, mingaus e sopas.
"Para os que buscam um padrão alimentar saudável, constituem uma excelente opção de substituição das farinhas refinadas", sugere Mayara Bernardo, nutricionista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Pernambuco), ligado a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), e especialista em nutrição clínica e renal.
As de espinafre e beterraba, por exemplo, são usadas também como corantes naturais em preparações em que se deseja cor, além do aporte nutricional.
3. Asseguram a quantidade de fibras alimentares para regular o funcionamento intestinal
As farinhas, como a de maracujá, possuem em sua formulação cascas das matérias-primas, onde justamente se concentram o maior teor de fibras alimentares. Assim, são ideais para dietas que necessitam de mais fibras, que ajudam a regular o funcionamento do intestino.
Elas podem ser adicionadas a preparações líquidas, para evitar a constipação intestinal, e aumentam até a sensação de saciedade. "Colaboram no controle do peso e na melhora dos índices de colesterol e glicose", lista Bernardo.
4. Ajudam a preservar os nutrientes, como vitaminas e antioxidantes
Todas essas farinhas são altamente nutritivas, por serem obtidas a partir de processos industriais simples que preservam as características nutricionais.
Nas cascas desses alimentos encontram-se a maior parte dos antioxidantes e vitaminas, que são bem preservados durante o processo de obtenção destas farinhas, de acordo com Fantaccini, engenheira de alimentos da ABEA-SP.
5. O consumo não tem contraindicação
Podem ser consumidas sem restrições por crianças, adultos e idosos, como um complemento alimentar, e não como substituto ou alimento principal.
Contudo, a introdução dessas farinhas na alimentação deve ocorrer de forma fracionada, com o aumento das quantidades de forma controlada, a fim de evitar desconfortos intestinais, por exemplo, flatulência e distensão abdominal, avaliando-se, ainda, a tolerância de cada pessoa, segundo a nutricionista do HC-UFPE.
É importante também contar com o acompanhamento de especialistas, seja um médico nutrólogo ou nutricionista.
6. São boas opções para dietas low carb
"As farinhas de coco e de castanhas apresentam menor teor de carboidratos e maior teor de gorduras, sendo bem aceitas em adeptos da dieta low carb", indica Bernardo.
Muitas, como a de grão-de-bico, são isentas de glúten e favorecem quem tem intolerância ou mesmo alergia ao componente.
Fontes: Antonia Miwa Iguti, engenheira de alimentos e professora no curso de engenheira de alimentos do Instituto Mauá de Tecnologia; Mayara Bernardo, nutricionista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Pernambuco), ligado a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), e especialista em nutrição clínica e renal; Renata Faraco Fantaccini, engenheira de alimentos e VP da ABEA-SP (Associação dos Engenheiros de Alimentos do Estado de São Paulo).
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