Febre: entenda quando ela se torna perigosa e como tratar o problema
A temperatura corporal costuma variar algumas vezes durante o dia. No entanto, o organismo tem a capacidade de manter o calor interno entre 36ºC e 37°C. Quando esse limite é ultrapassado, surge a febre, que também é chamada de pirexia.
É bem provável que você já tenha pensado que a febre é uma doença. Mas, na verdade, ela representa um sinal de que algo não vai bem com o corpo. Muitas vezes, não indica condição de saúde grave e até desaparece sozinha. Porém, se a temperatura subir muito, geralmente, é um sintoma que merece avaliação médica.
A seguir, confira detalhes sobre as causas da febre, quando precisa de tratamento e como medir a temperatura adequadamente.
Causas da febre
O cérebro possui uma área chamada de hipotálamo, que monitora o equilíbrio entre a produção e a perda de calor corporal. Quando o sistema imunológico responde a algum tipo de agressão, o hipotálamo aumenta a temperatura para combater doenças. Surge assim a febre, que, muitas vezes, é uma reação do organismo para combater invasores.
Entre as causas da febre estão:
- Infecções virais (como a covid-19) ou bacterianas (como meningite ou pneumonia);
- Exaustão por calor, queimaduras solares ou excesso de exposição solar (insolação);
- Artrite reumatoide;
- Alguns tumores;
- Uso de medicamentos, como antibióticos e remédios para tratar a pressão alta ou convulsões;
- Reação leve de vacinas;
- Desidratação;
- Abuso de álcool ou alguns entorpecentes.
Sintomas que acompanham a febre
Dependendo do que está causando a febre, outros sinais podem surgir. Os mais frequentes são:
- Sudorese, ou seja, suor em excesso;
- Calafrios e arrepios;
- Dor de cabeça;
- Dores musculares;
- Perda de apetite;
- Irritabilidade;
- Desidratação;
- Fraqueza geral.
Em casos mais graves, a febre alta provoca confusão mental, delírios e convulsões.
Tipos de febre
Você sabia que há diferentes formas de a febre se manifestar? É importante diferenciar se há um padrão para avaliar a gravidade do sintoma e até mesmo identificar a causa. Veja detalhes de cada tipo.
Febre contínua: é aquela que se mantém, ou seja, tem poucas oscilações.
Febre remitente: quando a temperatura varia mais do que 2ºC.
Febre intermitente: o sintoma vai e volta e a pessoa apresenta oscilações entre temperaturas altas e normais.
Febre irregular: como o nome já indica, ocorrem variações irregulares de temperatura, alternando entre altos picos e quedas acentuadas.
Febre de origem indeterminada: temperatura elevada em várias ocasiões por, pelo menos, três semanas e que se mantém sem causa aparente.
Febre recorrente: quando o indivíduo apresenta períodos com febre e, em seguida, grandes intervalos sem o sintoma.
Como medir a temperatura?
A melhor forma de diagnosticar a febre é medindo a temperatura corporal com um termômetro. O ideal é colocá-lo na região da axila, posicionado adequadamente e esperar o tempo para a leitura. No caso de termômetro de mercúrio, o tempo varia de 2 a 10 minutos.
Vale a pena medir a temperatura em diferentes momentos do dia e também anotar os horários e as alterações apresentadas. Vale destacar que o estado febril passa a ser considerado a partir dos 37,8°C. A febre é considerada leve até 38,5°C e grave quando atinge ou ultrapassa os 39,5°C.
Como é feito o diagnóstico e tratamento para febre
O diagnóstico da febre é feito pela aferição da temperatura corporal. Para identificar as causas, o médico poderá solicitar exames (sangue, urina e imagem) após analisar a história clínica da pessoa.
Neste momento da consulta, será questionado se o indivíduo viajou recentemente, quais vacinas tomou, se a febre vem acompanhada de outros sintomas ou se teve contato com alguém doente recentemente.
Geralmente, baseada na coleta desses dados e exames, pode-se chegar a um diagnóstico e elaborar um plano terapêutico. Para diminuir a febre, os médicos receitam medicações para controle da temperatura, como dipirona ou paracetamol. Isso também contribui para que se diminuam os desconfortos, como calafrios e mal-estar.
É importante evitar a automedicação, que pode mascarar alguns sintomas de doenças e, em alguns casos, piorar o quadro.
Quando a febre é preocupante?
É importante destacar que, em casos de febre persistente por mais de três dias, a recomendação é buscar atendimento médico para avaliar as causas e começar o tratamento o quanto antes.
Além disso, vale a pena ficar atento a outros sintomas como dores de cabeça fortes, pescoço rígido, manchas pelo corpo, pressão baixa, falta de ar, dificuldade para respirar ou respiração acelerada.
Pessoas que possuem o sistema imunológico comprometido, como quem tem HIV ou câncer, devem procurar ajuda médica logo que surgir a febre. Além disso, quem tem diabetes, problemas renais ou realizou alguma cirurgia recentemente deve dar maior importância ao sintoma.
Nesses casos, é fundamental realizar um check-up para garantir que está tudo bem com o organismo ou se são necessárias outras intervenções médicas.
Atenção com as crianças
Quando a febre atinge crianças é fundamental redobrar a atenção, principalmente se ultrapassar a temperatura de 37,5°C em bebês de até três meses, e atingir mais de 39ºC em crianças pequenas. Também é importante checar se há outros sintomas associados como coriza, tosse ou diarreia.
Muitas vezes, a febre em crianças não indica algo grave. Pode surgir devido a uma infecção no ouvido, gastroenterite ou viroses. No entanto, também é um sintoma de doenças como meningite, infecção nos rins e pneumonia.
Além disso, há o risco de convulsões febris quando a temperatura do corpo aumenta rapidamente. Nesses casos, há perda de consciência, tremores de membros em ambos os lados do corpo, olhos virando e/ou rigidez corporal. Geralmente, não causa sequelas, mas pode voltar a acontecer.
Os pais devem ficar atentos se a criança fica muito irritada, chora muito, com o corpo "mole", apática (sem reação), não quer se alimentar. Procure um pediatra imediatamente ao perceber que a pele está vermelha, há dificuldade para dobrar o pescoço, vômitos incessantes, ausência de xixi, confusão mental e dificuldade para respirar.
Formas de diminuir a febre e recomendações
É provável que você já tenha ouvido que para baixar a febre em casa o ideal é tomar um banho gelado. No entanto, os especialistas consultados por VivaBem destacam que o ideal é manter a água morna, ajudando a relaxar e a reduzir a temperatura corporal.
Quem está com febre também deve beber bastante líquido para evitar a desidratação. É importante ingerir água, sucos e chás. Isso também contribui para regular a temperatura corporal.
Outra recomendação é ficar em repouso, já que qualquer atividade aumenta a temperatura. Evite também o excesso de roupas e cobertores para não reter o calor.
Além disso, as compressas frias com uma toalha úmida na testa e tronco podem ajudar a abaixar a febre.
Mesmo se a febre diminuir o apetite, é preciso se alimentar adequadamente. Invista em uma dieta leve e nutritiva, com alimentos de fácil digestão, como caldos, sopas e purês.
Fontes: João Prats, infectologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Igor Brasil Brandão, infectologista do Hospital da Bahia e Jaime Emanuel Brito, infectologista do Hospital Universitário Alcides Carneiro, em Campina Grande (PB), vinculado à rede Ebserh.
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