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Dia do Idoso: atualizou sua caderneta? Vacinação deve acontecer a vida toda

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Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

01/10/2022 04h00

Neste sábado (1/10), são comemorados o "Dia Nacional do Idoso" e o "Dia Internacional das Pessoas Mais Velhas". A data é uma oportunidade para celebrar a vida de pessoas com mais de 60 anos, além de reforçar cuidados importantes para a saúde nessa fase da vida, como a vacinação.

À medida que os anos passam, o sistema imunológico, nosso defensor contra qualquer invasor nocivo à saúde, começa a perder sua eficiência. Esse processo, chamado imunossenescência, começa no início da vida adulta e depois dos 60 anos nos torna muito mais desprotegidos, devido à redução e alteração progressivas das células de defesa do corpo.

Com isso, aumenta-se a suscetibilidade ao desenvolvimento de câncer, doenças autoimunes e infecções oportunistas. Quem tem HIV (vírus da imunodeficiência adquirida), por exemplo, pode vir a sofrer com pneumonias bacterianas, tuberculose, coqueluche ou com a potencialização de sintomas de condições como DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica): tosse, dificuldade para respirar (dispneia) e fadiga.

Nessas situações, ou ainda com outras doenças preexistentes (diabetes, colesterol alto, hipertensão), herpes-zóster (que pode se reativar em pessoas que tiveram catapora na infância), mas sem acompanhamento médico regular e controle por medicamentos, incluindo vacinas, maiores são as chances de se precisar de hospitalização, sofrer sequelas e até morrer.

Vacinação é para a vida toda, sabia?

idosa vacina - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Você, adulto, atualizou a sua carteira de vacinação recentemente? Ao ouvir falar de vacina, logo se pensa em covid-19, gripe, doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas (zoonoses) ou em crianças e idosos.

Porém, são muitas as vacinas que adultos devem receber. Elas estimulam a resposta vacinal, evitam que pegue várias doenças que são incomuns em jovens, complicações graves, reativação de infecções e disseminações.

As vacinas recomendadas a pessoas adultas e idosas pelo Ministério da Saúde são:

  • Hepatite B. Segunda dose: um mês após primeira dose e terceira dose: seis meses após primeira dose.
  • Dupla bacteriana adulto (difteria e tétano - dT). A cada dez anos. Em caso de ferimentos graves, a cada cinco anos.
  • Febre amarela. Dose única para pessoas até 59 anos, não vacinadas. Em adultos com HIV, a recomendação depende da avaliação imunológica e do risco epidemiológico de ter infecção.
  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). Duas doses até 29 anos. Uma dose entre 30 e 59 anos. O uso em imunodeprimidos deve ser avaliado pelo médico para a tomada de decisão.
  • Pneumocócica 23-valente. Meningite e pneumonia: uma dose, acima de 60 anos, para acamados ou institucionalizados.

A SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) acrescenta:

  • Tríplice bacteriana adulto (difteria, tétano e coqueluche - dTpa ou dTpa-VIP). O uso da vacina dTpa, em substituição à dT, segundo a SBIm, objetiva, além da proteção individual, a redução da transmissão da bactéria Bordetella pertussis, causadora da coqueluche, principalmente para indivíduos suscetíveis, com alto risco de complicações, como pacientes com HIV e DPOC, valendo mesmo para quem já teve infecção, pois a proteção conferida não é permanente. Com esquema de vacinação básico completo, vale o reforço com dTpa a cada dez anos.
  • Influenza (gripe). Se disponível, a vacina influenza 4V é preferível à 3V, por conferir maior cobertura das cepas circulantes, 4 ao invés de 3. Dose única anual. Em imunodeprimidos e em situação epidemiológica de risco, pode ser considerada uma segunda dose, a partir de três meses após a dose anual.
  • Pneumocócicas. Esquema sequencial de VPC13 e VPP23 é recomendado para adultos com algumas comorbidades. Entre 50/59 anos, a VPC13 fica a critério médico.
  • Herpes-zóster. A partir de 50 anos. Vacina atenuada (VZA), dose única. Vacina inativada (VZR), duas doses com intervalo de dois meses. A VZR é preferível pela maior eficácia e duração da proteção. Uso em imunodeprimidos: VZA é contraindicada; VZR é recomendada.
  • Hepatites A, B ou A e B. Hepatite A: duas doses, no esquema 0 - 6 meses. Hepatite B: três doses, no esquema 0 - 1 - 6 meses. Hepatite A e B: três doses, no esquema 0 - 1 - 6 meses. A vacina combinada para as hepatites A e B é uma opção e pode substituir a vacinação isolada.
  • HPV. Três doses: 0 - 1 a 2 - 6 meses. Adultos mesmo que previamente infectados podem ser vacinados. Meninas e mulheres de 9 a 45 anos; meninos e homens de 9 a 26 anos.
  • Varicela (catapora). Para todos os adultos suscetíveis: duas doses com intervalo de um a dois meses. A vacina, porém, está contraindicada na gestação e em pessoas com imunodeficiência.
  • Meningocócicas conjugadas ACWY ou C. Na falta da vacina ACWY, vale a C conjugada. Uma dose. A indicação, bem como reforços, depende da situação epidemiológica.
  • Meningocócica B. Há uma licenciada para quem tem até 25 anos e outra para quem tem até os 50 anos. A indicação dependerá da situação epidemiológica. Duas doses com intervalo de um ou seis meses.
  • Dengue. Até 45 anos, mas apenas para adultos soropositivos para dengue. Esquema de três doses com intervalo de seis meses. Contraindicada para imunodeprimidos, gestantes e mulheres que amamentam.
  • Covid-19. Atualmente, para adultos, são recomendadas três doses para completar o esquema vacinal.

Disponíveis no SUS e na rede particular

Vacina da gripe, vacinação influenza - Tomaz Silva/Agência Brasil - Tomaz Silva/Agência Brasil
Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil

A maioria das vacinas indicadas está disponível no serviço público, o SUS (Sistema Único de Saúde), sendo que algumas demandam apresentação de laudo médico, em caso de se ter condições de saúde especiais e crônicas em que há propensão a se adoecer gravemente, ou são aplicadas sobretudo sob situações endêmicas (de risco/surto), bem como para viajantes.

Nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) são encontradas as vacinas:

  • dT e dTpa para gestantes, puérperas e profissionais da saúde
  • Influenza 3V para adultos de grupos de risco
  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
  • Hepatite B
  • Febre amarela
  • Covid-19

Quanto às demais vacinas, em clínicas particulares:

  • dTpa-VIP (dTpa combinada à pólio inativada), pode substituir a dTpa
  • Influenza 4V
  • Pneumocócicas
  • Herpes-zóster VZA e VZR
  • Hepatite A e A e B
  • HPV
  • Varicela (catapora)
  • Meningocócicas conjugadas ACWY ou C
  • Meningocócica B
  • Dengue

Pode tomar várias vacinas de uma vez?

Aprendeu que precisa atualizar a sua carteira vacinal e quer aproveitar a ida ao posto? Tudo bem, não tem problema, qualquer adulto saudável pode tomar mais de uma vacina no mesmo dia —preferencialmente em braços diferentes, mas há exceções: alguns poucos casos em que não é recomendada a aplicação de mais de uma vacina seguida de outra.

Idoso mostra músculos, forte, saudável - iStock - iStock
Imagem: iStock

No caso de vacinas feitas de vírus atenuado, a recomendação é que se espere 30 dias entre as aplicações de cada uma. "Quando se aplica uma vacina atenuada, a replicação viral começa depois do quinto dia e forma anticorpos entre 10 e 15 dias. Se eu aplico outra vacina, por exemplo, depois de três dias, o sistema imunológico desvia sua resposta para combater o novo antígeno", explica Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Asbai.

Um exemplo são os imunizantes contra febre amarela e herpes-zóster. Agora, se as vacinas forem inativadas (sem o vírus enfraquecido), elas podem ser aplicadas no mesmo dia em qualquer pessoa —inclusive no mesmo membro, desde que haja 2,5 cm de distância entre as picadas.

Fontes: Alessandro Farias, médico infectologista e líder do serviço de infectologia do Hospital Português, em Salvador; Giovanna Sapienza, infectologista pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Meniá Centro de Prevenção, ambos em São Paulo (SP); Marcel Albuquerque, pneumologista, coordenador do serviço de pneumologia do Hospital Cárdio Pulmonar, em Salvador; Marcelo Cabral, mestre em ciências da saúde e geriatra do Hospital Esperança, em Recife; e Natan Chehter, geriatra da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia).