Dor nas costas pode ser problema no pulmão; veja principais sinais
Se você não caiu - o que poderia provocar uma fratura -, nem tem histórico de doenças, como osteoporose ou hérnia de disco, mas passa muito tempo sentado na mesma posição para trabalhar ou assistir à TV, e anda estressado, dormindo mal e de vez em quando até exagerando nos exercícios físicos, é provável que se estiver com dor nas costas o problema seja muscular.
"Embora aguda, geralmente essa dor é benigna e, com o passar dos dias, tende a melhorar por completo. Se você for jovem, saudável e não tiver nenhuma alergia, pode se automedicar com analgésicos e fazer compressas. Em até 48 horas, o alívio começa a ser percebido", informa Alberto Gotfryd, ortopedista, especialista em coluna pelo Hospital Israelita Albert Einstein (SP).
Gotfryd alerta que as dores nas costas devem receber uma atenção maior, cabendo até ida a um pronto-socorro, se piorarem, forem persistentes, incapacitantes e, principalmente, se vierem acompanhadas de formigamentos, febre, náuseas e irradiarem para outras partes do corpo, como braços e pernas.
Crianças, idosos e pessoas com antecedentes de câncer, que pode dar metástase na coluna, precisam passar por uma investigação o mais rápido possível.
Hérnia de disco, desgastes e desvios
De acordo com Alexandre Fogaça Cristante, cirurgião de coluna e professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), a região lombar (inferior das costas) costuma ser a mais acometida por dores, principalmente devido à intensidade de sobrecargas mecânicas, seguida da região cervical (superior), que é mais tensional e pode irradiar para a região dorsal (no meio da coluna).
Em adultos, depois das dores musculares, a das de hérnia de disco, que consiste em um deslocamento ou ruptura de disco intervertebral, um tipo de sistema que absorve o impacto da movimentação do corpo, localizado entre as vértebras, costumam ser as mais comuns.
"Se causa sinais de gravidade, como perda de força e de sensibilidade ou alterações no controle da micção e evacuação, pode ser necessária cirurgia, mas não é a maioria", esclarece Cristante.
A terceira causa mais comum de dores nas costas, segundo outro especialista em coluna, João Paulo Bergamaschi, ortopedista e coordenador da pós-graduação em cirurgia endoscópica de coluna na FMUSP, são os desgastes ósseos em várias regiões da coluna, sobretudo em idosos.
"Depois da hérnia de disco, eles [os desgastes] são a causa mais comum de dores ocasionadas pela compressão de nervos. Por exemplo, forma um bico-de-papagaio (osteofitose) na articulação e comprime a raiz nervosa, o que gera uma das piores dores que existe", explica.
Curvaturas fisiológicas (lordose, cifose e escoliose) não causam dor, mas aumentadas, sim. Isso ocorre no médio e longo prazos e em razão de um desequilíbrio do grupo muscular da coluna que, consequentemente, também provoca alterações posturais, compressões e deformidades.
Tumores e infecções virais e bacterianas
Dores nas costas quando não estão relacionadas com problemas esqueléticos e musculares podem ser sintomas de tumores cancerígenos ou doenças respiratórias, como pneumonia, tuberculose e embolia pulmonar.
Infecções dentro dos pulmões podem se manifestar como uma dor no meio das costas e comumente vêm acompanhadas de febre, dificuldade para respirar e tosse persistente. Porém, apesar de serem bastante comuns, asma, bronquite, enfisema, fibrose pulmonar e bronquiectasia geralmente não ocasionam nenhum tipo de dor.
"Essas doenças geralmente não causam inflamação pleural, ou seja, na pleura, uma 'carapaça' que reveste esse órgão, pois é ela que dói e não o pulmão em si. Então, quando se tem uma inflamação na pleura, ou um acometimento dela por um tumor, uma pneumonia, é possível sentir uma dor chamada pleurítica", diz José Roberto Megda Filho, pneumologista pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e professor do grupo educacional de medicina Afya.
Essa dor é diferente da dor muscular porque, ao contrário dela, que geralmente piora quando se aperta com a mão, dorme de mau jeito ou faz um movimento na coluna, aumenta com a pressão e expansão da pleura quando se respira fundo, espirra ou tosse.
Megda Filho explica que a dor pleurítica também pode ser sentida em qualquer região do tórax e acometer nervos, costelas e coluna quando há um tumor grande. "O câncer de pulmão dói mais no estágio avançado, por isso até o diagnóstico é tardio, porque se demora em apresentar os sintomas".
Mau funcionamento dos rins
A dor renal, se você nunca a teve, saiba que também pode ser confundida com uma dor muscular na região lombar e no meio das costas, sendo a lombar muito mais frequente. No entanto, se por trás da dor estiver um cálculo renal que desceu em direção à bexiga, é possível também sentir dor na parte mais baixa da barriga. É possível perceber que se trata de algo além de dor nas costas por ser uma dor repentina, independente de qualquer movimento.
"Além de não variar de intensidade de acordo com o movimento e determinadas posições, o que é comum na dor muscular, a dor renal é comumente bastante forte e vem acompanhada de outro sintomas, como náuseas, vômito e, às vezes, diarreia", diferencia Alex Meller, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do Hospital Israelita Albert Einstein.
O médico acrescenta que não existe relação entre a intensidade da dor renal e o tamanho do cálculo, porque o que importa é o processo de obstrução que ele pode causar no ureter, e também lista como mais alguns fatores para esse tipo de dor: pielonefrite (infecção do trato urinário que subiu para os rins, causando inflamação), infarto renal, que é raro e geralmente acomete pacientes idosos, sangramentos e, mais raramente, rompimento de cistos renais.
Obesidade também gera dor
Quilos a mais também podem estar por trás de dores nas costas, tanto por representarem uma sobrecarga para o corpo como por causarem doenças que podem atingir ossos e inflamar músculos e articulações. A dor associada à obesidade não é aguda e está longe de funcionar como mecanismo de proteção, como quando se sofre uma lesão, por exemplo. É crônica e envolve mudanças hormonais, insônia, estresse, sedentarismo —relacionados à obesidade.
"Quanto maior a produção de gordura, maior a quantidade de hormônios pró-inflamatórios, que dificultam a perda de peso, a saciedade e geram mais dores e provocam alterações celulares. Por isso, o obeso é denominado um paciente inflamado crônico, ou seja, mais sensível a fatores inflamatórios", explica Gabriela Cilla, gastróloga pós-graduada em nutrição clínica funcional pela VP Consultoria.
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