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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Conheça 10 fatores evitáveis que prejudicam a fertilidade na mulher

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Adriano Ferreira

Colaboração para VivaBem

18/11/2022 04h00

Você sabia que existem vários fatores que atrapalham a fertilidade (capacidade de gestar espontaneamente) e a fecundidade (ter o bebê saudável)? Todos relacionados a escolhas pessoais, profissionais, sexuais, de consumo, de controle do estresse e da falta de busca por auxílio especializado.

Se você, pessoa com útero, sonha em gerar um filho, é imprescindível estar atenta aos seguintes motivos que podem colocar o seu sonho por água abaixo ou deixá-lo mais difícil de realizar:

1. Deixar para engravidar após os 35 anos

Karina Adami, ginecologista, especialista em medicina reprodutiva, membro consultivo da comissão nacional da Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), afirma que, biologicamente, a melhor idade para engravidar é entre 26 e 30 anos.

A média de idade das mulheres que buscam consultas especializadas por causa da infertilidade passa dos 35 anos, sendo que esta situação não pode ser freada ou revertida com medicações ou tratamentos reprodutivos atuais.

Isso acontece porque nesta etapa da vida da mulher aumentam os diagnósticos de patologias como endometriose, miomas, distúrbios da tireoide, e o início de uma progressiva redução na quantidade e qualidade dos óvulos.

Adami revela que o segredo do sucesso em reprodução humana, seja para gestação espontânea ou assistida, aquela que acontece com ajuda de tratamentos especializados, depende da quantidade e, principalmente, da qualidade dos óvulos da mulher, fatores diretamente relacionados com a idade.

2. Praticar sexo inseguro e desprotegido

camisinha, preservativo, vida sexual, sexo, relação sexual - iStock - iStock
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Para Adami, atualmente a realidade está preocupante devido às relações sem camisinha que, além de trazer o risco de infecção por HIV, pode causar doenças como sífilis, tão danosa para o casal e para a criança, assim como o aumento de contaminação por germes como Chlamidia Trachomatis, gonococos, ureaplasma e micoplasma. Estes germes são causadores de inflamações do aparelho reprodutor feminino e masculino. Muitas vezes essas infecções são silenciosas.

O exame ginecológico preventivo de rotina não faz essas pesquisas. Com isso, ao longo do tempo, mulheres podem apresentar alterações nas trompas ou no útero como sequelas dessas infecções, semelhantes a cicatrizes, trazendo a infertilidade por obstrução à passagem do espermatozoide ou dificuldades à implantação do embrião.

Infelizmente, não há correção medicamentosa ou cirúrgica para essas sequelas, em especial nas trompas, com danos permanentes. Nestes casos, a gestação não ocorre naturalmente, só podendo acontecer através de fertilização in vitro.

3. Cigarro, álcool, drogas e remédios

Cigarro, fumar - iStock - iStock
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Gestante não deve beber e fumar porque afeta a formação e funções do feto. Usar drogas como cocaína, maconha e heroína também traz repercussões negativas para a mãe e o feto.

Até mesmo alguns medicamentos de uso rotineiro na saúde precisam ser ajustados —antes— de engravidar. Anti-hipertensivos (remédios usados para hipertensão), neurolépticos usados para depressão, ansiedade e insônia, assim como regimes terapêuticos para problemas na tireoide, diabetes e obesidade precisam ser modificados para não afetar a fertilidade e a fecundidade.

Componentes de limpeza doméstica, esmaltes, tintas, corantes alimentícios, cosméticos e tinturas são muito tóxicos quando a exposição é excessiva. Agrotóxicos e pesticidas, produtos como benzeno, éter, tolueno e formaldeído podem ser responsáveis por abortos espontâneos, malformações e redução da fertilidade mesmo em pequenas quantidades.

4. Descuidar de doenças crônicas

Pessoa medindo glicemia, diabetes, glicose, açúcar no sangue - iStock - iStock
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Algumas doenças impactam diretamente na fertilidade e trazem uma maior dificuldade no alcance da gestação espontânea e assistida.

Problemas endocrinológicos, cardiovasculares, nos rins, fígado, doenças autoimunes, diabetes, câncer, ciclos irregulares ou alterações metabólicas importantes, hipertireoidismo e o hipotireoidismo são fatores que trazem prejuízos para uma gravidez. Casos como esses devem ser avaliados corretamente e tratados de forma ampla e precoce por um especialista.

5. Praticar exercícios de forma excessiva ou não se exercitar

Mulher fazendo musculação, treino, exercício - iStock - iStock
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Segundo Ana Paula Avritcher Beck, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), exercícios físicos podem afetar a fertilidade, porém isso vai variar de acordo com a intensidade e a duração.

Para fins reprodutivos, treinos intensos com altas cargas e impacto, em regime quase atlético, possivelmente trazem prejuízos à pulsatilidade e função dos hormônios sexuais que controlam os ciclos femininos. Os exercícios físicos em excesso podem bloquear a ovulação, dificultando o alcance da gestação.

Por outro lado, mulheres sedentárias acumulam toxinas orgânicas e tecido adiposo na região central do abdome, além de aumento das gorduras no sangue e regiões periféricas, o que só piora as chances gestacionais e aumenta os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares.

Por isso, a prática equilibrada de exercícios modula positivamente as funções menstruais, ovulatórias e produz a liberação de substâncias que auxiliam na regulação do sono, apetite, funções imunológicas e anti-inflamatórias que promovem a melhora de doenças.

6. Usar remédios, vitaminas e suplementos sem recomendação

vitaminas; suplementos; multivitamínicos - iStock - iStock
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Outro ponto bastante controverso na área reprodutiva é o das suplementações vitamínicas e de aditivos à fertilidade. A ciência vem especulando sobre várias substâncias que poderiam estimular a quantidade e qualidade dos óvulos na mulher.

Entretanto, estudos, até o momento atual, não conseguiram concluir o perfil exato deste benefício. Vale a pena usar? Faz mal usar? Quanto custa usar? Neste diálogo sincero entre médico e paciente, muitas destas decisões são compartilhadas para decidir sobre este uso. Usar de modo automedicado, sem um especialista que vigie efeitos colaterais, pode trazer mais danos que melhorias.

7. Manter ritmo de vida estressante

Mulher frustrada com laptop no escritório; frustração; raiva; estresse; impaciência; tecnologia - Jay Yuno/iStock - Jay Yuno/iStock
Imagem: Jay Yuno/iStock

Adami avisa que mulheres estressadas e ansiosas engravidam menos. Para a especialista em medicina reprodutiva, numa visão simplista, o estresse afeta o ritmo dos hormônios femininos, prejudicando a periodicidade menstrual e ovulação.

Pois, de modo primitivo e até instintivo, o corpo é programado para bloquear funções "não vitais" diante de "perigo" ou tensões. Então, não existe lógica na biologia para reproduzir quando a prioridade é garantir a sobrevivência.

Isso acontece quando o nosso reflexo básico de "luta e fuga" permanece ativado, em constante alerta, por estamos sempre correndo e o organismo vai reagir de acordo com o ritmo que lhe é imposto.

Muitas alternativas têm sido sugeridas para manejo do estresse cotidiano, dentre elas as práticas meditativas e os cultos espirituais. Pessoas espiritualizadas tendem a ser mais resilientes, desaceleram para buscar momentos reflexivos e de oração, fazendo escolhas mais ponderadas.

8. Peso inadequado

Mulher com pés na balança, peso, obesidade, pessoa se pesando - iStock - iStock
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Maria Socorro Medeiros de Morais, médica nutróloga especialista pela Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) e diretora do Instituto Ser Melhor em Natal e Brasília, alerta que, no caso do sobrepeso e obesidade, a infertilidade tem relação com 20% dos casos de infertilidade primária, ou seja, para aquelas nunca engravidaram.

A obesidade relaciona-se muito frequentemente com a SOP (síndrome dos ovários policísticos), que corresponde a cerca de 25% dos casos de infertilidade primária e afeta 40% das mulheres inférteis.

Uma mulher obesa tem risco de duas a quatro vezes mais de ser incapaz de conceber um filho, ou um risco relativo de ter abortos espontâneos de duas a seis vezes maior do que aquela de peso normal. Em 70% dos casos, a infertilidade é revertida com a perda de peso e adoção de hábitos saudáveis.

Por outro lado, se o peso está abaixo da normalidade, ou seja, um IMC abaixo de 20, esse também é um motivo para infertilidade devido ao desequilíbrio entre os ovários e a glândula hipófise.

9. Desconhecer doenças da família

Muitas mulheres sequer sabem sobre a saúde de seus entes mais próximos, mas ter essas informações é importante quando o médico questiona sobre avós, pai, mãe, irmãos, tios e primos em primeiro grau para avaliar o risco de alguma doença atingir seus pacientes e filhos.

Sabendo sobre a árvore genealógica, as pessoas auxiliam os profissionais de saúde a verificar e oferecer medidas de prevenção para seus futuros filhos. Uma ferramenta chamada heredograma pode ser utilizada pelo geneticista para calcular o risco de passar para a prole futuras doenças conhecidas entre seus familiares. A depender destas informações, o casal poderá passar por um aconselhamento genético.

10. Não buscar planejamento reprodutivo

Casal na consulta médica, endometriose, especialista, fertilidade, infertilidade - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

O ritmo sexual com encontros de duas a três vezes por semana representa uma periodicidade mínima para quem deseja engravidar espontaneamente. Diante disto, quando a gestação desejada não ocorre após um ano de tentativas, há necessidade de buscar ajuda, pois 85% dos casais engravidam nesse prazo.

Por vezes, ocorre a gestação após mais dois anos de aguardo sem auxílio médico entre mulheres até 35 anos. Mas, diante da idade feminina maior que 35 anos ou presença de fatores de riscos para redução da fertilidade, se recomenda buscar ajuda antes, com apenas seis meses de tentativas sem sucesso. Para mulheres com 40 anos ou mais, o aconselhamento reprodutivo deve ser imediato, visando melhores resultados.

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