Vítima de Daniel Alves recebe tratamento para evitar ISTs; o que é a PEP

Além de tratamento psiquiátrico para lidar com o trauma, a mulher espanhola que acusa Daniel Alves de estupro está recebendo medicações antivirais para evitar infecções sexualmente transmissíveis. A advogada da vítima, Ester García Lopez, disse ao UOL Esporte que o jogador não utilizou preservativo na noite do suposto crime, em Barcelona, onde Daniel está preso provisoriamente.

"Ela está recebendo apoio psicológico por meio de uma entidade pública especializada em tratar vítimas de violência. O hospital prescreveu todo um tratamento dirigido a evitar qualquer tipo de doença infecto-contagiosa, porque não foi utilizado nenhum preservativo", disse Lopez.

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Uma das principais medidas de prevenção de urgência após casos de violência sexual ou sexo desprotegido é a chamada PEP (profilaxia pós-exposição).

Ela consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de adquirir HIV.

Para quem é recomendada

• Vítimas de violência sexual (sexo não consentido)
• Pessoas que tiveram uma relação sexual com penetração sem camisinha --ou na qual a camisinha tenha estourado-- com alguém que possua um vírus como o HIV ou alguém que não se sabe se vive ou não com o vírus
• Pessoas que possam ter entrado em contato com o vírus recentemente, através da exposição ocupacional, no caso de profissionais de saúde.

Como funciona a PEP

A prevenção é feita por meio do uso de medicamentos antirretrovirais, que tentam evitar que o vírus HIV alcance o sistema imunológico.

• Por isso, é importante iniciar a profilaxia em, no máximo, 72 horas. Este é o tempo que o vírus pode levar para ultrapassar a superfície dos genitais, vencer as defesas naturais do corpo e infectar a pessoa.
• O tratamento deve ser iniciado, de preferência, nas duas primeiras horas após a exposição.
• Quanto mais rapidamente for administrada a profilaxia, melhor será o resultado.
• No Brasil, a PEP está disponível gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
• Tem duração de 28 dias.

A PEP é um método eficaz de prevenção do HIV já comprovado e disponível no Brasil. Não podemos deixar de divulgá-la, pois certamente as situações com indicação precisa do seu uso devem ser na realidade muito mais frequentes do que os apenas alguns milhares que chegam aos serviços de saúde todos os meses no Brasil. Rico Vasconcelos, infectologista e especialista em HIV, em coluna ao VivaBem.

Como é o atendimento nos casos de violência sexual

Segundo o Ministério da Saúde, o atendimento para a violência sexual tem duas vertentes: uma que é realizada pela equipe de saúde e a outra pelo atendimento policial e judicial.

• Se a pessoa que sofreu a violência estiver em fase reprodutiva, a primeira recomendação é receber a anticoncepção de emergência --conhecida popularmente como pílula do dia seguinte-- o quanto antes;
• Depois, é necessário receber a profilaxia das IST não virais, e a profilaxia pós-exposição do HIV (a PEP) e da hepatite B.
• Também é necessário receber a vacina para hepatite B se o teste realizado for negativo.
• A vítima deve retornar 30 dias depois para seguimento clínico/laboratorial.

Qual a diferença entre PREP e PEP?

A PEP é o uso de medicamentos antirretrovirais após um possível contato com o HIV.

Já a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) é o uso dos medicamentos antirretrovirais antes da exposição ao HIV, para reduzir a probabilidade da pessoa se infectar com o vírus.

Nenhuma das duas substitui o uso do preservativo.

• A PrEP não é para todos e também não é uma profilaxia de emergência, como é a PEP. Ela deve ser utilizada em casos em que a pessoa se encontra em alto risco de contrair o HIV.
• Segundo o Ministério da Saúde, os públicos prioritários para PrEP são as populações-chave que estão sob maior risco e que concentram o maior número de casos de HIV no país: gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH); pessoas trans; trabalhadores/as do sexo e parcerias sorodiferentes (uma parceria sexual onde uma pessoa está infectada pelo HIV e a outra não).