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Maíra Medeiros ignorou o pré-diabetes 2 vezes e hoje tem a doença crônica

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para VivaBem

25/02/2023 04h02

"A criadora de conteúdo digital Maíra Medeiros, 38, foi diagnosticada com pré-diabetes duas vezes. Mas, por achar que diabetes era um problema de pessoas mais idosas e nunca teria a condição, ela negligenciou a saúde por anos. Em 2021, seu quadro evolui para o diabetes e hoje ela alerta sobre a importância de não ignorar a doença:

"Venho de uma família com várias mulheres que tiveram diabetes e minha bisavó ficou cega por causa da doença.

Em 2003, quando eu estava com 19 anos, um exame detectou o pré-diabetes. O endocrinologista me orientou a melhorar a alimentação e a caminhar 30 minutos por dia, mas em nenhum momento ele explicou que, se eu não me cuidasse, poderia desenvolver diabetes.

Na minha cabeça, diabetes era coisa de pessoas mais idosas, pois lembrava que minha bisavó e minha avó tiveram a doença. Na época eu era jovem e achava que nunca desenvolveria o problema. Pensava que era só fazer uma dieta e alguns exercícios durante um mês e tudo voltaria ao normal.

Sem noção da seriedade e da gravidade da doença crônica (que não tem cura), não liguei para as recomendações do médico.

Maíra Medeiros, influenciadora digital - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Segui sem fazer exercícios regulamente e sem me alimentar bem até 2019. Após trocas de experiências com algumas pessoas no meu canal no YouTube Nunca Te Pedi Nada, decidi tentar adotar um estilo de vida mais saudável e marquei uma consulta com uma endocrinologista.

Assim, aos 35 anos, fui diagnosticada com pré-diabetes pela segunda vez. Não fiquei surpresa e disse que há 16 anos também tive o problema.

A endócrino me explicou que o quadro poderia evoluir para o diabetes (entenda mais abaixo) e reforçou que eu precisava me cuidar.

Por dois meses, segui o plano alimentar que a nutricionista montou para mim. Não sei cozinhar, então comprava refeições prontas. Porém, consegui manter a constância e disciplina, por viajar muito a trabalho. Comia sempre em hotéis e restaurantes e, às vezes, ficava horas sem fazer uma refeição, por falta de opção. Logo voltei a ter uma alimentação ruim.

Maíra Medeiros, influenciadora digital - Reprodução do Instagram - Reprodução do Instagram
Imagem: Reprodução do Instagram

Consegui manter os exercícios físicos por um tempo maior —cerca de seis meses. Corria de duas a três vezes por semana e participei de uma prova de 5 km, mas depois parei de praticar atividade física.

Após abandonar os bons hábitos, parei por conta própria de tomar remédio e não voltei à endocrinologista.

Assim como da primeira vez, continuava achando que nunca teria diabetes. Embora soubesse da importância de cuidar da saúde, fiquei sem me tratar por um ano e cinco meses. A pandemia do coronavírus chegou e vivi uma fase difícil. Tive crises de ansiedade, depressão e síndrome de burnout.

Iniciei o tratamento psiquiátrico e tive de fazer alguns exames. Um deles mostrou um índice glicêmico (nível de açúcar no sangue) muito alto e, em julho de 2021, fui diagnosticada com diabetes.

Eu me senti arrependida, incapaz e com raiva de mim mesma por não ter cuidado da minha saúde, mesmo após dois alertas médicos

Desde o diagnóstico, tenho tratado o diabetes adequadamente, o que inclui usar duas medicações —uma diária e outra semanal.

A alimentação ainda é o principal ponto de atenção para mim, mas tenho conseguido fazer escolhas equilibradas e ter uma relação saudável e harmônica com a comida.

Na parte de exercício físico, caminho e jogo games cuja a proposta é movimentar o corpo. Além disso, faço terapia e cuido da saúde mental.

Espero que com a minha história as pessoas possam se conscientizar de que pré-diabetes não é besteira, pelo contrário, é a oportunidade de se tratar enquanto há tempo e evitar ter uma doença crônica muito séria."

Entenda o pré-diabetes

- O que é? Uma condição de alto risco para desenvolver diabetes, na qual a dosagem de açúcar no sangue (glicemia) já está acima dos valores considerados normais, mas ainda não em níveis suficientes para o diagnóstico de diabetes.

  • Glicemia normal em jejum: de 70 a 99 mg/dL
  • Glicemia normal após refeições: até 140 mg/dL

- O pré-diabetes é uma condição silenciosa e geralmente não apresenta sintomas. É descoberto em exames de rotina, na maioria das vezes. O escurecimento da pele das axilas ou do pescoço (acantose nigricans) pode ser um sinal do problema (ou fator de risco).

- Fatores de risco do problema:

  • ter 45 anos ou mais
  • estar com sobrepeso ou obesidade
  • pressão alta
  • colesterol alto
  • HIV
  • síndrome de ovário policístico
  • já ter sofrido um infarto
  • ter tido diabetes gestacional
  • sedentarismo
  • histórico familiar de diabetes

Ao longo de 3 a 5 anos, uma em cada quatro pessoas com pré-diabetes evolui para o diabetes, enquanto duas permanecem em situação de pré-diabetes e uma consegue reduzir os níveis de açúcar no sangue para valores normais

Hábitos que ajudam a evitar ou tratar o pré-diabetes

  • Fazer ao menos 150 minutos de atividade física moderada por semana (o ideal é dividir esse tempo entre exercícios de força e aeróbicos)
  • Priorizar o consumo de legumes, verduras e frutas, alimentos ricos em fibras
  • Evitar refrigerantes, sucos e bebidas adoçadas
  • Reduzir a ingestão de alimentos ultraprocessados, fast-food e carboidratos refinados
  • Evitar doces e o açúcar de mesa
  • Não fumar
  • Não consumir bebidas alcoólicas
  • Controlar o estresse
  • Dormir bem

FONTE: Fernando Valente, professor da disciplina de endocrinologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e membro da Sbem-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional São Paulo)