Ator teve paralisia causada por Guillain-Barré: 'Acharam que era hérnia'
Um ator norte-americano ficou totalmente paralisado aos 26 anos. Cody Hively foi diagnosticado com síndrome de Guillain-Barré, uma doença rara que pode prejudicar os movimentos do corpo.
Durante 2022, ele passou quase um mês em um ventilador mecânico, totalmente consciente, mas incapaz de respirar sozinho.
Em entrevista ao Insider, o ator contou que não conseguia falar ou engolir e precisava de enfermeiras para "umedecer" seus olhos porque ele não conseguia piscar. Ele também desenvolveu pneumonia grave, causada por aspirar comida enquanto estava no ventilador.
"Eu estava totalmente consciente, não em coma", disse. "Eu estava trancado em meu próprio corpo. As enfermeiras tinham que entrar e tentar adivinhar o que eu precisava."
Agora, já recuperado, ele compartilha a experiência nas redes sociais para ajudar outras pessoas com Guillain-Barré. Um de seus vídeos no TikTok sobre sua jornada foi visto 4 milhões de vezes.
O que causa doença?
- Suas causas ainda não são completamente conhecidas pela ciência, mas a doença é muitas vezes desencadeada por infecções causadas pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana), dengue ou gripe e, menos frequentemente, por vacinação, cirurgias ou traumatismos.
- O processo ocorre assim: ao produzir anticorpos para lutar contra o invasor, o corpo tem uma resposta exagerada e acaba atacando também células dos nervos periféricos, responsáveis pelo movimento e sensibilidade dos músculos.
Diagnóstico errado: eles continuaram dizendo que era hérnia de disco
Cody recebeu um diagnóstico errado antes de descobrir o que tinha. Os médicos inicialmente disseram que se tratava de uma hérnia de disco.
No início, o ator teve formigamento e fraqueza nas pernas, mas pensava que estava "sobrecarregado" após treinos intensos na academia.
No entanto, os sintomas progrediram rapidamente: ele teve problemas para fazer coisas simples como se levantar depois de se sentar. Cody também ficou dormente nos ombros, o que o deixou incapaz de levantar os braços e, por fim, perdeu todas as sensações no abdome.
"Eles continuaram dizendo que era uma hérnia de disco, e eu pensei, não é isso", contou. "Isso não explica por que minhas mãos estão formigando, por que estou começando a ficar dormente nas costas e na área do estômago."
Em determinado momento, ele mal conseguia andar e precisou de ajuda de cadeira de rodas. Em fevereiro de 2022, um médico de emergência finalmente o diagnosticou com Guillain-Barré e ele foi internado na UTI.
Em poucos dias, a paralisia do jovem progrediu a ponto de ele não conseguir realizar funções básicas. Os médicos colocaram um tubo de alimentação em seu nariz e bombearam ar mecanicamente para seus pulmões por meio de um ventilador. Ele ficou paralisado na UTI até 17 de março.
Sintomas mais comuns da Guillain-Barré
Os principais envolvem diminuição de força, alteração de sensibilidade e sensação de formigamento em diversas partes do corpo, como dedos dos pés e das mãos.
Há outros sinais e sintomas que podem estar relacionados à síndrome de Guillain Barré:
- Sonolência;
- Confusão mental;
- Perda da coordenação muscular;
- Visão dupla;
- Fraqueza facial;
- Tremores;
- Redução ou perda do tono muscular;
- Dormência, queimação ou coceira nos membros;
- Coma;
- Crise epiléptica;
- Alteração do nível de consciência.
Recuperação
O jovem precisou reaprender a andar, mas desde então ele se recuperou quase totalmente. Cody lembra que seus médicos estavam otimistas de que ele se recuperaria. Isso porque a maioria das pessoas com Guillain-Barré se recupera pelo menos parcialmente depois de meses ou anos.
Ele voltou a respirar sozinho em março de 2022. Depois, o jovem entrou em uma clínica de reabilitação, onde passou 41 dias reaprendendo a andar e usar as mãos. Cody ainda faz fisioterapia para ajudar no equilíbrio e terapia da fala, e espera recuperar o movimento facial completo para poder voltar a atuar.
Entenda o tratamento
Assim como Cody, a maioria dos pacientes se recupera totalmente dos problemas trazidos pela crise, até mesmo em casos mais graves.
No entanto, mesmo sem apresentar sintomas, a pessoa contínua com a doença e pode ter recaídas anos depois ao ataque inicial —o que geralmente ocorre em 3% dos casos.
De forma geral, a fase aguda do problema é tratada normalmente de duas formas:
- Reposição de anticorpos que não são do paciente, aplicando imunoglobulina humana intravenosa.
- Filtração do sangue do paciente, retirando os anticorpos produzidos contra a bainha de mielina.
Em caso de persistência de fraqueza muscular após a fase aguda da crise, terapia de reabilitação para reforçar os músculos pode ser necessária para a recuperação dos movimentos.
* Com informações do Ministério da Saúde e de reportagens publicadas em 15/12/2019 e 03/09/2018.
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