Dá para contrair IST pelo contato do esperma com os olhos?

Um vídeo no TikTok com quase 1 milhão de visualizações alerta para os riscos do contato do sêmen com os olhos. Segundo o infectologista Ricardo Kores, autor do conteúdo bem-humorado, essa combinação pode resultar em IST (infecções sexualmente transmissíveis).

Gonorreia, clamídia e HIV são algumas das doenças citadas pelo médico, que orienta lavar os olhos com água corrente, sem esfregar, se o contato acontecer.

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Esperma nos olhos faz mal?

Se a pessoa que ejacular tiver alguma IST, a doença pode ser transmitida pelo sêmen. "A mucosa ocular, assim como as mucosas nasal, da boca e genitais, pode ser porta de entrada para IST", afirma o infectologista Alexandre Naime.

Outras infecções possíveis além das citadas no vídeo são:

• Sífilis
• Hepatite B
• Hepatite C

O médico destaca que o risco de exposição ocular é menor se comparado com sexo desprotegido, por exemplo. A mucosa ocular tem uma superfície menor e não está comumente associada ao rito sexual —seria algo mais acidental.

Após o contato, o ideal é lavar o local com soro fisiológico —não usar água e sabão nem água destilada— e procurar atendimento médico imediato. Naime lembra que há medidas para impedir a transmissão das infecções (veja mais abaixo).

Nos comentários do vídeo de Kores, algumas pessoas cogitaram outras situações: e se o contato for no nariz? E se engolir?

A resposta é a mesma para ambos os cenários: há risco. Mas no caso do contato do esperma com a boca, mesmo que a pessoa não engula o sêmen, há risco de contrair IST se houver algum machucado na boca.

Há sintomas na hora?

Diferentemente das doenças sintomáticas, as infecções não necessariamente apresentam sintomas. Por isso é importante buscar atendimento especializado, porque a pessoa pode ter sido infectada e não saber.

Em casos mais específicos, como da gonorreia, a infecção pode levar a uma conjuntivite depois de dois dias, comenta o infectologista.

Atente-se à prevenção

Para evitar problemas, o ideal é fazer exames para ter certeza de que ninguém tem alguma doença. Além disso, é fundamental usar camisinha, inclusive no sexo oral.

No caso do HIV, mais especificamente, existe a chamada PEP (Profilaxia Pós-exposição), que é um antirretroviral indicado após uma exposição de risco ao vírus da Aids, como em casos de violência sexual, relação sexual desprotegida ou algum acidente com exposição a material biológico.

A medicação deve ser usada o mais rápido possível, preferencialmente nas primeiras duas horas e, no máximo, em até 72 horas após uma possível infecção.

Já a PrEP (Profilaxia Pré-exposição) é indicada antes da exposição ao HIV e reduz a probabilidade de a pessoa se infectar. O medicamento é de uso diário e impede que o vírus se dissemine no organismo. O antirretroviral deve ser usado sob a orientação médica para que o paciente seja devidamente acompanhado e realize exames regulares.

*Com informações de matéria publicada em 21/02/2023