Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Índia tem 1º caso humano do mundo de infecção por fungo que atinge árvores

Paciente ficou bem após dois anos de acompanhamento - Divulgação/Medical Mycology Case Reports
Paciente ficou bem após dois anos de acompanhamento Imagem: Divulgação/Medical Mycology Case Reports

Do VivaBem*, em São Paulo

30/03/2023 17h59

Pesquisadores da Índia identificaram pela primeira vez uma infecção humana pelo fungo Chondrostereum purpureum, que causa a folha de prata, doença que atinge árvores, sobretudo da família das rosas —ele deixa a folha prateada até matar o galho.

O caso aconteceu no leste da Índia e os detalhes foram publicados no dia 13 de março no periódico Medical Mycology Case Reports. O paciente, um homem de 61 anos, é micologista de plantas e contou manejar fungos, cogumelos e materiais em decomposição.

Ele foi ao hospital contando que teve sintomas por três meses. Eram eles:

  • Rouquidão;
  • Tosse;
  • Faringite recorrente;
  • Fadiga;
  • Dificuldade de deglutição.

Não havia histórico de diabetes ou qualquer outra doença crônica, infecção por HIV, doença renal, consumo de remédios imunossupressores ou trauma.

Dificuldade em diagnosticar

O estudo de caso citou a dificuldade em identificar o fungo:

  • Radiografias de tórax não indicaram alterações, mas a tomografia computadorizada do pescoço mostrou um abcesso (bolsa de pus que se forma em diversas regiões do corpo, como tecidos e órgãos).
  • Uma amostra do material foi colhida e enviada para analisar o pus.
  • Nenhuma das análises identificou a causa da infecção. Então, a amostra foi levada a um centro colaborador da OMS (Organização Mundial da Saúde). O DNA foi sequenciado e só aí o fungo foi descoberto.

Este caso destaca o potencial de fungos de plantas ambientais para causar doenças em humanos e enfatiza a importância de técnicas moleculares para identificar as espécies fúngicas causadoras. Equipe que estudou o caso

Como ficou o paciente

  • A infecção foi tratada com drenagem completa do pus, e o paciente tomou antifúngico oral duas vezes ao dia por dois meses.
  • Acompanhado por dois anos, o homem ficou "absolutamente bem" e sem qualquer indício de recidiva, informou a equipe.

Fungos fatais

No ano passado, a OMS alertou que muitos fungos estão se tornando resistentes aos tratamentos. A organização divulgou um relatório com patógenos capazes de virar uma grande ameaça para a humanidade.

Emergindo das sombras da pandemia de resistência antimicrobiana bacteriana, as infecções fúngicas estão crescendo e são cada vez mais resistentes aos tratamentos, tornando-se uma preocupação de saúde pública em todo o mundo. Hanan Balkhy, diretora-geral assistente da OMS para resistência antimicrobiana

Na lista, os fungos foram divididos em três grupos de prioridade: crítica, alta e média.

Prioridade crítica

Entenda um pouco mais sobre os patógenos considerados críticos, os mais ameaçadores no momento:

  • Aspergillus fumigatus: presente no ar, no solo e nas mucosas nasais de animais e humanos, é um dos fungos mais encontrados em hospitais. O micro-organismo produz esporos que podem causar alergias e até comprometer a saúde pulmonar de pessoas com o sistema imunológico debilitado.
  • Candida albicans: vive em nosso organismo sem causar nenhum problema e é comumente encontrada no intestino, na boca, na vagina e na pele. Mas, quando as defesas do corpo dão brechas, gera infecções como a famosa candidíase vaginal. Em pessoas imunocomprometidas, o fungo pode causar fibrose pulmonar e tumores benignos.
  • Cryptococcus neoformans: encontrado em plantas, frutos e fezes de aves (especialmente pombos), causa infecção no cérebro que pode levar à morte, além de gerar problemas nos pulmões e na pele. No mundo todo, é um dos micro-organismos que mais causam doenças em pessoas com HIV/Aids e provoca 180 mil óbitos por ano.
  • Candida auris: já classificado como um superfungo (resistente aos antifúngicos comuns), habita principalmente o ambiente hospitalar, onde gera grande preocupação. O fungo tem potencial de se espalhar rapidamente e provocar surtos, sendo que a taxa de morte da infecção pode chegar a 60%.

Prioridade alta

Neste grupo, a OMS colocou os seguintes patógenos:

  • Candida glabrata
  • Histoplasma spp.
  • Fungos causadores de micetoma (os mais comuns são Madurella, Leptosphaeria e Pyrenochaeta)
  • Mucorales
  • Fusarium spp.
  • Candida tropicalis
  • Candida parapsilosis

Média prioridade

Entraram nesta categoria:

  • Scedosporium spp.
  • Lomentospora prolificans
  • Coccidioides spp.
  • Pichia kudriavzeveii (Candida krusei)
  • Cryptococcus gattii
  • Talaromyces marneffei
  • Pneumocystis jirovecii
  • Paracoccidioides spp.

*Com informações de reportagem em 30/10/22.