Índia tem 1º caso humano do mundo de infecção por fungo que atinge árvores
Pesquisadores da Índia identificaram pela primeira vez uma infecção humana pelo fungo Chondrostereum purpureum, que causa a folha de prata, doença que atinge árvores, sobretudo da família das rosas —ele deixa a folha prateada até matar o galho.
O caso aconteceu no leste da Índia e os detalhes foram publicados no dia 13 de março no periódico Medical Mycology Case Reports. O paciente, um homem de 61 anos, é micologista de plantas e contou manejar fungos, cogumelos e materiais em decomposição.
Ele foi ao hospital contando que teve sintomas por três meses. Eram eles:
- Rouquidão;
- Tosse;
- Faringite recorrente;
- Fadiga;
- Dificuldade de deglutição.
Não havia histórico de diabetes ou qualquer outra doença crônica, infecção por HIV, doença renal, consumo de remédios imunossupressores ou trauma.
Dificuldade em diagnosticar
O estudo de caso citou a dificuldade em identificar o fungo:
- Radiografias de tórax não indicaram alterações, mas a tomografia computadorizada do pescoço mostrou um abcesso (bolsa de pus que se forma em diversas regiões do corpo, como tecidos e órgãos).
- Uma amostra do material foi colhida e enviada para analisar o pus.
- Nenhuma das análises identificou a causa da infecção. Então, a amostra foi levada a um centro colaborador da OMS (Organização Mundial da Saúde). O DNA foi sequenciado e só aí o fungo foi descoberto.
Este caso destaca o potencial de fungos de plantas ambientais para causar doenças em humanos e enfatiza a importância de técnicas moleculares para identificar as espécies fúngicas causadoras. Equipe que estudou o caso
Como ficou o paciente
- A infecção foi tratada com drenagem completa do pus, e o paciente tomou antifúngico oral duas vezes ao dia por dois meses.
- Acompanhado por dois anos, o homem ficou "absolutamente bem" e sem qualquer indício de recidiva, informou a equipe.
Fungos fatais
No ano passado, a OMS alertou que muitos fungos estão se tornando resistentes aos tratamentos. A organização divulgou um relatório com patógenos capazes de virar uma grande ameaça para a humanidade.
Emergindo das sombras da pandemia de resistência antimicrobiana bacteriana, as infecções fúngicas estão crescendo e são cada vez mais resistentes aos tratamentos, tornando-se uma preocupação de saúde pública em todo o mundo. Hanan Balkhy, diretora-geral assistente da OMS para resistência antimicrobiana
Na lista, os fungos foram divididos em três grupos de prioridade: crítica, alta e média.
Prioridade crítica
Entenda um pouco mais sobre os patógenos considerados críticos, os mais ameaçadores no momento:
- Aspergillus fumigatus: presente no ar, no solo e nas mucosas nasais de animais e humanos, é um dos fungos mais encontrados em hospitais. O micro-organismo produz esporos que podem causar alergias e até comprometer a saúde pulmonar de pessoas com o sistema imunológico debilitado.
- Candida albicans: vive em nosso organismo sem causar nenhum problema e é comumente encontrada no intestino, na boca, na vagina e na pele. Mas, quando as defesas do corpo dão brechas, gera infecções como a famosa candidíase vaginal. Em pessoas imunocomprometidas, o fungo pode causar fibrose pulmonar e tumores benignos.
- Cryptococcus neoformans: encontrado em plantas, frutos e fezes de aves (especialmente pombos), causa infecção no cérebro que pode levar à morte, além de gerar problemas nos pulmões e na pele. No mundo todo, é um dos micro-organismos que mais causam doenças em pessoas com HIV/Aids e provoca 180 mil óbitos por ano.
- Candida auris: já classificado como um superfungo (resistente aos antifúngicos comuns), habita principalmente o ambiente hospitalar, onde gera grande preocupação. O fungo tem potencial de se espalhar rapidamente e provocar surtos, sendo que a taxa de morte da infecção pode chegar a 60%.
Prioridade alta
Neste grupo, a OMS colocou os seguintes patógenos:
- Candida glabrata
- Histoplasma spp.
- Fungos causadores de micetoma (os mais comuns são Madurella, Leptosphaeria e Pyrenochaeta)
- Mucorales
- Fusarium spp.
- Candida tropicalis
- Candida parapsilosis
Média prioridade
Entraram nesta categoria:
- Scedosporium spp.
- Lomentospora prolificans
- Coccidioides spp.
- Pichia kudriavzeveii (Candida krusei)
- Cryptococcus gattii
- Talaromyces marneffei
- Pneumocystis jirovecii
- Paracoccidioides spp.
*Com informações de reportagem em 30/10/22.
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