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Unhas de gel são seguras? Veja possíveis riscos e como se proteger

Colaboração para o VivaBem

13/07/2023 04h00

A técnica dos esmaltes em gel promete unhas fortes, com alta durabilidade e efeito que pode até alongá-las. Mas, por trás do resultado estético, o procedimento pode trazer danos à saúde.

Apesar de ser uma forma recente de esmaltar as unhas, a ciência já reforça que tanto o uso de aparelhos com luz ultravioleta (UV) quanto os géis, entre outros produtos, como as substâncias utilizadas para aumentar o tamanho das unhas ou para perdurar a esmaltação, podem causar alergias, lesões e até câncer.

"Esse tipo de procedimento não deveria ser realizado de rotina na população em geral e, especialmente, nos mais suscetíveis a alergias", diz a dermatologista Anamaria da Silva Facina, professora da Unifesp.

O alerta da dermatologista é baseado nos estudos recentes que a ciência vem desenvolvendo para avaliar os danos à saúde. Pesquisadores apontam que além das alergias, há lesões que podem ocorrer por trauma do leito ungueal (parte abaixo da unha) que levam à queda da unha.

Outro ponto estudado é a possibilidade do procedimento favorecer o aparecimento do câncer de pele, que pode surgir até dez a 15 anos após o uso da lâmpada ultravioleta.

Risco no uso dos raios ultravioletas

Um estudo publicado na revista Nature mostrou que a exposição aos raios ultravioletas emitidos pela lâmpada usada na secagem do gel pode ser cancerígena. Os pesquisadores observaram que esse efeito era proporcional ao tempo de exposição, portanto o aumento de risco de câncer de pele existe em longo prazo.

"Para sua utilização, o ideal é se informar sobre o tipo de lâmpada que está sendo utilizada, bem como os componentes do esmalte gel e seu removedor. No caso de dúvidas, sempre procurar o dermatologista, trazendo consigo as especificações dos componentes para verificar e receber as orientações adequadas", diz a dermatologista.

Alergias não podem ser negligenciadas

As alergias são as complicações mais comuns e podem se manifestar por vermelhidão e coceira nos locais próximos da aplicação, como nos dedos e nas mãos. Mas esses sintomas podem atingir outras áreas do corpo, como nas pálpebras, e a alergia pode demorar para ser diagnosticada. Além disso, algumas pessoas podem ter quadros de alergia respiratória.

Embora o efeito da alergia possa ser perceptível no momento do procedimento ou horas depois, as alergias cutâneas secundárias, principalmente a alguns tipos de metacrilatos, entre outros produtos, podem aparecer depois de certo tempo de uso. Um estudo recente mostrou uma média de 30 meses para o surgimento do processo alérgico.

Daniel Soares de Sousa Dantas, médico infectologista formado pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, reforça que qualquer alergia, feridas, cortes oriundos do procedimento precisam ser diagnosticados e tratados. "Como a parede de proteção natural da pele é quebrada, o caminho fica aberto para a contaminação de bactérias, fungos e outras doenças infecciosas, tanto agudas como crônicas."

Como se proteger?

Um dos pontos mais preocupantes para os efeitos colaterais do uso do esmalte em gel é a falta de informação de consumidores e esteticistas que fazem o uso descontrolado do procedimento, além de não compreender os processos envolvidos e as complicações do uso de diferentes substâncias.

"O ideal é não utilizar o procedimento com alta frequência e utilizar luvas ou tecidos para proteger as mãos dos raios ultravioletas, e expor apenas a parte da unha. Atenção também vale para os materiais que são utilizados na cola para adesão, e se eles seguem todas as regras sanitárias", explica a dermatologista Renata Furtado, professora do Hospital Otávio de Freitas, em Recife. Também é indicado aplicar protetor solar nas mãos antes do procedimento.

O infectologista Daniel Soares de Sousa Dantas reforça a importância da individualização do material, especialmente no momento da higienização, lixamento e remoção da cutícula antes do procedimento, para diminuir o contágio de doenças infecciosas crônicas como hepatite B, hepatite C e o vírus HIV.

"Como os materiais têm contato com sangue e não há fiscalização que reforça que todos os materiais das manicures são higienizados, é importante que cada um leve seu material de casa, e garanta a higienização e uso individualizado. Sem emprestar para familiares ou amigos. Sendo assim, você garante que não utilizará um material contaminado."

unha de gel, esmalte secando com lâmpada ultravioleta - iStock - iStock
Luz emitida por lâmpada usada no procedimento pode causar câncer em longo prazo
Imagem: iStock

Avaliar a qualidade e procedência de todos os produtos envolvidos no procedimento de unhas em gel pode ser difícil para quem não conhece o processo, mas vale pesquisar quais são os produtos autorizados pelos órgãos regulatórios.

Por ser uma categoria nova de produtos no mercado, também é importante ficar atento às movimentações regulatórias e principalmente aos recalls de produtos. Em 2020, por exemplo, foi realizado um recall na Inglaterra de um removedor de gel para unhas por ele conter produto cancerígeno.

"O diclorometano afeta o sistema nervoso central e pode causar câncer quando inalado, uma insegurança tanto para o cliente como para o profissional responsável pelo procedimento", explica Facina.

Há contraindicações?

Esse tipo de procedimento, especialmente por conta da exposição às substâncias químicas e aos raios ultravioletas, não é recomendado para gestantes, lactantes ou crianças.

Para aqueles que encontraram um local que trouxe confiança e não tiveram nenhum sintoma relacionado ao procedimento, Furtado ressalta a importância de ficar atento aos resultados. "Ao usar esmalte em gel, nunca deixe por muito tempo, para manter a saúde das unhas naturais. Siga as recomendações passadas pelos profissionais e sempre observe o estado das unhas, antes e depois do procedimento", diz.