Faustão é internado em SP: o que pode causar insuficiência cardíaca?

Fausto Silva está internado em São Paulo há 12 dias, no Hospital Albert Einstein. Segundo sua assessoria de imprensa, a internação é para o "tratamento de compensação clínica de insuficiência cardíaca".

O quadro é estável e Faustão passa por "cuidados intensivos". Não foram divulgados detalhes sobre a causa da insuficiência cardíaca de Faustão nem como está sendo realizado o tratamento.

O que é insuficiência cardíaca?

A função do coração é bombear sangue, e essa tarefa acontece em duas etapas: na primeira, o coração bombeia sangue para as artérias; na segunda, ele tira sangue das veias. Quando esse mecanismo funciona de forma incorreta surge a insuficiência cardíaca.

Esse mau funcionamento leva à redução do fluxo sanguíneo para o corpo, além do acúmulo do sangue que regressa ao coração, congestionando as veias. Assim, o coração vai enfraquecendo, até que se torna incapaz de bombear sangue suficiente para as necessidades metabólicas do organismo.

Por que isso acontece?

A insuficiência cardíaca é a consequência final de todas as doenças do coração (cardiopatias) que tiveram uma evolução desfavorável ao longo da vida. Outras condições podem ter como desfecho a insuficiência cardíaca (por ordem de maior incidência):

1. Miocardites
2. Hipertensão
3. Doença genética
4. Doença de Chagas
5. Doença valvar
6. Taquicardiomiopatias (arritmias)

Hábitos de vida como tabagismo, dieta rica em gordura, sódio, colesterol alto, sedentarismo e consumo de álcool também estão relacionados à insuficiência cardíaca. Mais raramente, anemia, hipertireoidismo, hipertensão pulmonar, igualmente, podem levar ao problema. Diabetes e obesidade também são considerados fatores de risco para o desenvolvimento da doença.

Os sintomas

Eles podem aparecer de forma repentina ou evoluir ao longo do tempo. Os principais são a falta de ar e o cansaço ao fazer esforço, mas podem ocorrer também as seguintes manifestações:

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  • Palpitações
  • Retenção de líquidos (inchaço nas pernas e tornozelos, com piora no período da tarde)
  • Ganho de peso por inchaço
  • Dificuldade de respirar na posição deitada (ortopneia) que melhora quando se senta

Sintomas menos comuns

Algumas pessoas podem apresentar outros sintomas que são considerados menos frequentes. Confira:

  • Tosse persistente que pode aumentar durante a noite
  • Inchaço no abdome
  • Perda do apetite
  • Perda de peso
  • Confusão
  • Vertigem e desmaio
  • Coração acelerado
  • Depressão e ansiedade (decorrentes dos transtornos emocionas relacionados à gravidade da doença)

Quando procurar ajuda médica

O sinal de alerta é notar que já não é possível fazer as atividades habituais porque você se sente cansado, tem fôlego curto —e até mesmo para tomar banho ou subir escadas.

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Uma vez identificada alguma anormalidade, a pessoa é encaminhada para o cardiologista.

Como é feito o tratamento?

Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de melhora na qualidade e expectativa de vida.

O objetivo é sempre aprimorar as funções cardíacas, o que pode acontecer a partir do tratamento da doença que deu origem à insuficiência cardíaca. Tal medida, muitas vezes, já impacta positivamente o cotidiano desses pacientes.

De modo geral, a terapia se baseia nas seguintes estratégias:

  • Uso de medicamentos; algumas pessoas precisam usar mais de um tipo de fármaco.
  • Mudanças na dieta com redução do consumo de sódio e de líquidos (pessoas com insuficiência cardíaca tendem a reter líquidos, especialmente nos membros inferiores. O controle do sódio e de líquidos visa reduzir o inchaço local)
  • Implante de dispositivos em casos avançados (como o marca-passo)
  • Cirurgia e transplante
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Fontes: Fernando Bacal, diretor do núcleo de transplante Cardíaco do Incor-HCFMUSP (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), coordenador do Programa de Insuficiência Cardíaca e Transplante do Hospital Israelita Albert Einstein e diretor científico da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia); Lidia Zytynski Moura, cardiologista do HCU (Hospital Universitário Cajuru) e do Hospital Marcelino Champagnat, ambos no Paraná, professora titular da Escola de Medicina PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), doutora pela FMUSP, pós-doutora pelo Brigham and Women's Hospital (Harvard Medical School) e diretora administrativa do Departamento de Insuficiência Cardíaca da SBC; José Knopfholz, professor de cardiologia e urgências da PUC-PR e diretor do Funcor da SPC (Sociedade Paranaense de Cardiologia). É decano da Escola de Ciências da Vida e coordenador da Escola de Medicina da PUC-PR, conselheiro segundo corregedor e responsável pela Comissão de Ensino Médico do CRM-PR, membro da Comissão de Ensino Médico do CFM, professor-tutor da Especialização em Educação Médica da USP-SP, tem formação em educação médica pelo Harvard Macy Institute. É coordenador do Centro de Treinamento em Acls e BLS da AHA/PUC-PR; Natan Chehter, geriatra titulado pela SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e membro do corpo clínico da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Revisão técnica: Lidia Zytynski Moura.

Referências: MS (Ministério da Saúde); Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia); CDC (Centers for Disease Control and Prevention); AHA (American Heart Association); Albuquerque DC, Neto JD, Bacal F, et al. I Brazilian Registry of Heart Failure - Clinical Aspects, Care Quality and Hospitalization Outcomes [published correction appears in Arq Bras Cardiol. 2015 Aug;105(2):208]. Arq Bras Cardiol. 2015; Malik A, Brito D, Chhabra L. Congestive Heart Failure (CHF) [Atualizado em 2020 Ago 10]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430873/.

*Com informações de reportagem publicada em 2020.

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