Gafe de Lula: por que não se fala 'portador' sobre pessoa com deficiência
O presidente Lula (PT) cometeu uma gafe ao usar "portador", termo capacitista, durante a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, na quarta-feira (17). Ele apresentava um livro do fotógrafo Sebastião Salgado.
É o seguinte, você tem um livro que a pessoa que estiver acompanhando, o portador pode ir lendo o que ele está tateando com a mão.
Lula, em evento
O presidente logo foi corrigido por Janja. "Não é portador, é pessoa com deficiência", disse a primeira-dama. "Pessoa com deficiência", completou Lula.
Por que não se deve falar 'portador'
Deficiência não é algo que "se porta". O termo pessoa com deficiência foi adotado pela ONU para evitar a ideia de que a deficiência seja algo que se "porta" ou que a pessoa "leve com ela", como se fosse um objeto. A deficiência é uma condição existencial da pessoa.
Evita o rótulo. Antes de qualquer deficiência ou problema de saúde, há uma pessoa ali. Usar o termo "portador" dá a ideia de que a deficiência seja a "a marca" principal da pessoa. O mesmo serve para doenças como obesidade, diabetes e HIV: é indicado usar "pessoas com obesidade", "pessoas com diabetes", "pessoas com HIV".
Deficiência é vista como uma condição social. A ONU diz que a deficiência é resultante da combinação entre impedimentos clínicos (que podem ser físicos, intelectuais, sensoriais) e as barreiras que estão ao seu redor (na arquitetura, nos meios de transporte, na comunicação e, acima de tudo, na nossa atitude). Por isso, entende-se que a deficiência é uma condição social que pode ser minimizada conforme formos capazes de eliminar tais barreiras.
Termo "pessoa com deficiência" evita argumentos simplistas. A expressão não disfarça a existência de uma diferença e evita a armadilha como "no fundo, todo mundo é imperfeito". Por outro lado, favorece a consciência de que, em alguns casos, é necessário um tratamento desigual para que se promova equidade.
Sem reforçar estereótipos. Também não se usa mais "pessoas com necessidades especiais". O termo é visto como uma tentativa de amenizar a condição da pessoa. Lembre-se: pessoas com deficiência devem receber tratamento que não reforça estereótipo e discriminação.
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