Pálpebra tá tremendo? 10 sinais que corpo dá quando você está estressado
Colaboração para o VivaBem
31/07/2024 04h00
Doença, pressão no trabalho, problemas no relacionamento, falta de dinheiro. A lista de coisas com as quais podemos ficar estressados é grande e não para por aí. De acordo com o dicionário, estresse é um conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica, infecciosa e outras, capazes de perturbar sua homeostase (equilíbrio).
Quando o corpo humano é submetido a qualquer mudança, seja na esfera física ou não, o mesmo lança mão de ferramentas para reagir e se adaptar a essa nova realidade com alterações no corpo. A reação biológica do estresse, quando excessiva e constante, torna-se doença: desregula vários hormônios e substâncias no cérebro, causando uma série de sintomas e mal-estar.
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Veja dez sinais que seu corpo dá de que você está estressado:
1. Tremor das pálpebras
O tremor das pálpebras, cujo nome técnico é blefaroespasmo, pode ocorrer pela sensibilidade dos músculos que compõem as pálpebras às catecolaminas (adrenalina, noradrenalina) —hormônios que estarão elevados— e pela estimulação do sistema nervoso autônomo. Por serem músculos finos e delicados, são mais sensíveis às elevações dessas substâncias.
A contratura repetida e involuntária da pálpebra, em geral a de um olho só, pode ser um sinal de estresse, sobretudo quando associado a condições de fadiga, esforço visual excessivo no uso de celulares ou computador.
O tremor palpebral pode também estar associado a excesso de cafeína ou a outros problemas, como falta de nutrientes (baixos níveis de vitaminas do complexo B) e doenças dos olhos. Caso esses espasmos musculares sejam frequentes e demorados, é importante passar por uma avaliação com o oftalmologista.
2. Diarreia
Os intestinos são conhecidos como o nosso segundo cérebro por produzirem várias substâncias, entre elas, alguns hormônios. O estresse, ao desregular hormônios como a adrenalina e o cortisol, e com a estimulação do sistema nervoso autônomo, acelera e prejudica o funcionamento intestinal, podendo causar dor abdominal, como cólicas, gases, episódios de diarreia ou constipação.
Um exemplo típico é quando uma pessoa tímida precisa falar em púbico. A exposição a essa situação estressante pode lhe causar cólicas abdominais e diarreia, podendo estar associado a náuseas e vômitos. Por vezes, até um susto forte pode provocar um episódio de diarreia.
3. Azia
Além da diarreia e do desarranjo digestivo, o estresse aumenta a produção de ácido clorídrico no estômago, irritando seu interior. Isso causa queimação, refluxo do ácido em direção à garganta, azia e desconforto.
Quando o estresse é crônico, isso pode evoluir para gastrite e até para um quadro bem mais grave de úlcera, sobretudo se o estresse coexiste com uma dieta de refrigerantes, fast food, café e álcool em excesso, apimentados, frituras, doces e salgadinhos industrializados.
4. Dor de cabeça
Dores de cabeça constantes podem ser causadas pelo estresse, mas também por outros fatores. Hoje em dia o principal vilão é o celular, devido ao excesso de esforço visual, de passar horas em frente à tela, e pela má postura.
Ao ficarmos estressados, também podemos ter cãibras, espasmos e contraturas musculares involuntárias, principalmente na região do pescoço e na parte alta das costas. Nas grandes cidades, o ruído, a tensão nas ruas e a poluição podem potencializar as dores de cabeça ligadas ao estresse.
5. Taquicardia e falta de ar
Quando estamos tranquilos, nosso coração bate de forma lenta, ritmada e quase imperceptível. Se estamos estressados, o ritmo cardíaco é rápido e descompassado: o coração pula no peito. Tudo isso é causado pela liberação excessiva dos hormônios do estresse, como a adrenalina.
Já a falta de ar que sentimos num episódio de estresse é, em parte, determinada pela contração simultânea de músculos de inspiração e expiração, que acabam se anulando e não "puxam" o ar. Nesses casos, o paciente faz exames dos pulmões e eles vêm normais.
O controle do ritmo de inspirar e soprar o ar é capaz de deter rapidamente a taquicardia e o mal-estar do estresse. Tente respirar lenta e suavemente pelo nariz, levando o ar para dentro enquanto a barriga infla, e relaxando tudo, para o ar se esvair. Observe como o coração se acalma. É uma técnica simples e rápida da ioga que todos podem usar em situações de estresse. É o popular "respire fundo", só que com mais técnica.
6. Alergias e problemas de pele
Podemos dizer que o estresse "tá na cara". Isso porque, ao prejudicar o funcionamento do sistema imune, as bactérias proliferam mais na pele. Os estressados e estressadas tocam mais o rosto, propagando essas bactérias, e piorando a acne. Além disso, os delicados vasos sanguíneos do rosto se alteram e dão a aparência cansada.
O estresse também pode causar alergia emocional, com coceiras, vermelhidões e formação de placas inchadas e incômodas na pele, a urticária. Há também condições mais graves da pele, como a psoríase, que pioram com o estresse.
No entanto, o elo entre alergia e estresse vai além da pele. Condições como asma brônquica, rinites e as chamadas doenças autoimunes podem ser desencadeadas ou piorar muito com o estresse.
7. Alterações na libido
A libido ou desejo sexual interliga substâncias químicas do cérebro e hormônios sexuais no sangue com imagens, memórias, cheiros, tons de voz, estimulações sensuais. Mas sabemos que ela diminui com o estresse.
Mais uma vez, as alterações neuro-hormonais globais iniciadas por adrenalina e cortisol desbalanceiam outros hormônios responsáveis pela libido e sexualidade, sendo os principais: testosterona, estrogênios, prolactina e oxitocina. Além disso, o estressado está "com outras coisas na cabeça".
8. Sudorese
Suar é um dos principais meios do organismo para controlar a temperatura do corpo. Em condições de estresse, temos uma resposta anormal dos vasos sanguíneos e das glândulas de suor da pele, ocasionando sudorese excessiva no rosto, mãos e peito.
Um médico experiente pode suspeitar de estresse já no primeiro aperto de mão com o paciente, se ele estiver com a mão suada, fria, pegajosa, e tremendo levemente.
9. Alterações de apetite
Muitas pessoas têm menos apetite e não cuidam tão bem da alimentação quando estão estressadas: comem pouco, podem sentir enjoo e "engulho" ao comer, e perder peso de modo indesejado.
Já outras descontam na comida, tentam reduzir a ansiedade e os sintomas de estresse comendo de forma rápida e seletiva, buscando alimentos "gratificantes", como fast-foods, chocolates, bolos e sorvetes.
Há casos de pessoas que precisam tratar o estresse associado a esse padrão alimentar para conseguir emagrecer.
10. Queda de cabelo
O estresse pode estar implicado na queda anormal de cabelos, na forma de "clareiras", a chamada alopécia aerata; ou na forma de queda difusa, o eflúvio. As alterações na microcirculação causadas pelo desbalanço da adrenalina e do cortisol no estresse são novamente as responsáveis.
Como os fios de cabelo se renovam lentamente, às vezes a queda de cabelos só é percebida semanas ou meses depois de um período estressante.
A boa notícia é que quando o estresse é a principal razão da queda, em geral ocorre a recuperação da "cabeleira". Por outro lado, na calvície determinada por tendência familiar e excesso de hormônios masculinos (calvície androgênica), a perda de cabelos tende a ser definitiva.
Fontes: Breno Serson, médico psiquiatra pela USP (Universidade de São Paulo) e Hospital das Clínicas, autor do livro "Transtornos de Ansiedade, Estresse e Depressões: Conhecer e Tratar (MG Editores)"; Roberto Melo Cardoso, clínico geral e presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica - Regional Ceará.
*Com informações de matéria de janeiro de 2022