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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Só há um tipo de gripe, com quatro grupos: entenda influenza A, B, C e D

Gripe (influenza): veja sintomas, remédios, como aliviar e muito mais Imagem: iStock

De VivaBem

04/09/2024 07h51Atualizada em 04/09/2024 07h51

A gripe é uma doença viral aguda transmissível que afeta o trato respiratório superior e inferior causada pelo vírus influenza. A primeira pandemia de gripe que realmente entrou para a história ocorreu há 100 anos. Estima-se que a chamada "gripe espanhola" tenha causado 50 milhões de mortes entre 1918 e 1919. Apesar de ter se iniciado na Europa, chegou a afetar um terço da população mundial, inclusive o Brasil. Mas a doença é bem mais antiga que isso.

A palavra "influenza", usada ainda hoje para nomear os vírus que provocam esse tipo de infecção nas vias respiratórias, era utilizada na Idade Média para qualquer tipo de epidemia. Segundo um estudo publicado no periódico Emerging Infectious Diseases, a origem do nome tem a ver com a crença, na época, de que as doenças que afetavam a humanidade de vez em quando eram influenciadas pelos astros. No século 18, os italianos já falavam de uma influenza di catarro que se espalhou pela Europa.

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Após a gripe espanhola, provocada pelo vírus influenza A (H1N1), outras pandemias entraram para a história, como a gripe asiática (1957), causada pelo A (H2N2), a de Hong Kong (1968), gerada pelo A (H3N2), e a mais recente, de 2009, quando uma variação do vírus H1N1 levou à morte entre 151 e 575 mil pessoas em todo o mundo, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos.

Quais os principais sintomas da gripe?

Os sinais e sintomas da gripe em casos leves incluem:

  • Tosse
  • Febre e calafrios
  • Coriza
  • Dor de garganta
  • Dor de cabeça
  • Dor atrás dos olhos ou sensibilidade ocular
  • Dor muscular
  • Fadiga
  • Diarreia e vômito (às vezes, a depender da gravidade)

Na criança, a temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o aumento dos linfonodos cervicais e podem fazer parte os quadros de bronquite ou bronquiolite, além de sintomas gastrointestinais. Os idosos quase sempre se apresentam febris, geralmente sem outros sintomas.

Quanto tempo a gripe pode durar?

Em média, a gripe dura cerca de uma semana. Casos mais graves podem durar mais tempo, geralmente de 7 a 10 dias.

O período de incubação da gripe —ou seja, quanto tempo a pessoa leva para desenvolver sintomas após ter contato com o vírus — varia de um a quatro dias. Os sintomas da gripe, ou "síndrome gripal", têm início súbito. A febre é o mais importante deles, e costuma durar cerca de três dias.

Nas crianças, a temperatura alta pode acompanhar sintomas gastrointestinais, bronquite ou bronquiolite. Depois que a febre começa a ceder, os sintomas respiratórios ficam mais evidentes e se mantêm por outros três ou quatro dias. Ao todo, a doença dura cerca de uma semana, apesar de o cansaço poder se estender um pouco mais. Nas crianças e nos pacientes imunocomprometidos o quadro é mais arrastado, podendo durar 10 dias ou mais de 14, respectivamente.

O que é bom para aliviar a gripe?

O tratamento para alívio da gripe envolve medicamentos sintomáticos (antitérmicos e analgésicos), hidratação oral (ingerir bastante água ao longo do dia) e repouso.

Qual a diferença entre gripe e resfriado?

No início do quadro, pode ser difícil diferenciar os sintomas da gripe (que é causada pelo vírus influenza) e resfriados (causado por inúmeros outros vírus). Em ambos os casos pode-se observar a presença de dor de garganta, tosse, espirros e secreção (constipação) nasal.

No entanto, chama atenção para o diagnóstico da gripe a instalação súbita e simultânea de todos esses sintomas, associados à presença de febre (geralmente alta, enquanto nos resfriados dificilmente se observa elevação da temperatura corpórea), calafrios, somados a dores nos músculos e articulações, cefaleia intensa (dor de cabeça), tosse, náuseas, vômitos e diarreia, esses últimos observados especialmente em crianças.

Como é feito o diagnóstico da gripe?

A suspeita do diagnóstico de influenza pode ser feita clinicamente. No caso do diagnóstico definitivo, ele é feito através do achado do vírus influenza em secreções de nariz e/ou garganta por meio dos testes laboratoriais, como a detecção rápida de antígeno e o teste de PCR em tempo real.

Como é a transmissão da gripe?

A transmissão direta de pessoa para pessoa ocorre por meio de gotículas expelidas pelo indivíduo infectado com o vírus ao falar, espirrar ou tossir. Também há evidências de transmissão de modo indireto, através do contato das mãos com superfícies que contenham secreções de pessoas doentes — as mãos sujas podem levar o vírus para as mucosas — boca, nariz e olhos — ou infectar outras superfícies, como maçanetas.

A eficiência da transmissão por essas vias depende da carga viral, contaminantes por fatores ambientais, como umidade e temperatura, e do tempo transcorrido entre a contaminação e o contato com a superfície contaminada.

Quais os tipos de gripe?

Só existe um tipo de gripe, causada pelo vírus influenza, que pode ser dividido em quatro grupos: A, B, C e D.

O vírus influenza tipo A é o principal causador de surtos e epidemias. A denominação dos tipos de vírus influenza A é feita por meio de dois marcadores de superfície do vírus: a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N).

Daí termos as denominações: A H1N1, A H3N2 etc. No fim de 2021, a cepa mais isolada em algumas capitais brasileiras, entre elas Rio de Janeiro, São Paulo, e Salvador, é a A H3N2 da variante Darwin, isolada inicialmente na cidade de Darwin, na Austrália.

O tipo B infecta exclusivamente os seres humanos.

O tipo C infecta humanos e suínos — é detectado com menos frequência, geralmente causa infecções leves, apresentando implicações menos significativa à saúde pública, não estando relacionado com epidemias.

Em 2011 um novo tipo de vírus da gripe foi identificado, o vírus influenza D, o qual foi isolado, nos Estados Unidos, em suínos e bovinos e não é conhecido por infectar ou causar a doença em humanos até o momento.

Há diferenças entre os subtipos?

"Após a pandemia de 2009, os brasileiros começaram a ter uma noção maior do que é influenza, uma cultura que já existia no Hemisfério Norte", comenta Nancy Bellei, professora de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Assim, hoje é comum as pessoas falarem em "gripe H1N1" ou "gripe H3N2".

É muito difícil diferenciar os subtipos de gripe pelos sintomas. As diferenças dependem mais de questões individuais —se você observar várias pessoas com o mesmo vírus, cada uma reage de uma forma. Porém, quando se observa o impacto dos diferentes subtipos nas populações, é comum se observar algumas diferenças.

Nancy afirma que o H3N2, por exemplo, parece causar mais mortes em idosos. "E alguns estudos com pacientes hospitalizados mostraram que o H1N1 causa uma falta de ar mais precoce que o H3N2", acrescenta. O pediatra Renato Kfouri, que preside o departamento científico de imunizações na Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), acrescenta, ainda, que o influenza B costuma ser um pouco mais grave em crianças do que em adultos.

Quando a gripe se torna preocupante?

A gripe se torna preocupante e precisa de ajuda médica em casos de persistência da febre, falta de ar e taquicardia.

Quais as principais complicações?

A gripe pode evoluir para pneumonia viral, provocando dificuldade respiratória variável, chegando até a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), situação em que a função pulmonar, isto é, as trocas gasosas, pode ficar extremamente prejudicada, semelhante aos casos graves de covid-19 com índices de letalidade elevados.

Entre as complicações, temos ainda a pneumonia bacteriana secundária, infecção viral, miosite, miocardite, que podem se desenvolver em até 48 horas a partir do início dos sintomas. O vírus se replica nas vias respiratórias superiores e inferiores a partir do momento da inoculação e com pico após 48 horas, em média.

Quem pode ser mais afetado pela gripe?

Crianças, idosos, gestantes, pessoas não vacinadas, imunocomprometidos, portadores de doenças crônicas, com neoplasias, nefropatias, obesidade, doenças pulmonares prévias, doenças hematológicas, distúrbios metabólicos, pacientes com infecção pelo HIV, com transtornos neurológicos que podem comprometer a função respiratória ou aumentar o risco de aspiração.

Como se prevenir da gripe?

A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção contra a gripe e suas complicações. Anualmente, o Ministério da Saúde realiza a campanha nacional de vacinação contra a doença. Em 2021, a cobertura vacinal contra a gripe foi prejudicada em decorrência da pandemia do coronavírus.

Além disso, na composição da vacina administrada neste ano havia um componente H3N2, porém diferente da cepa circulante atualmente. A atual cepa H3N2 será um dos componentes da vacina a ser administrada no Brasil a partir de maio de 2022.

A infecção da gripe é transmitida da mesma forma que a covid, portanto são válidas as mesmas medidas universais como: usar máscaras; evitar aglomerações e ambientes fechados; evitar sair de casa em período de transmissão da doença; evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe; lavar as mãos com água e sabão; usar álcool gel; cobrir o nariz e boca ao espirrar ou tossir; evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca; não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas. Adote hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos.

Qual a eficácia da vacina da gripe?

A eficácia da vacina varia de 50% a 85%, dependendo do subtipo contemplado. A resposta de cada paciente também pode variar de acordo com a idade e a exposição prévia aos agentes, entre outros fatores. Em geral, o imunizante começa a fazer efeito duas ou três semanas depois da aplicação, por isso é importante se vacinar no outono para ter proteção garantida no inverno. Crianças com menos de 9 anos que são vacinadas pela primeira vez devem receber duas doses com intervalo de um mês entre elas.

Quando uma nova variante surge, como no caso da circulação no Brasil no fim de 2021 da H3N2-Darwin, a eficácia da vacina tende a cair até que a vacina seja atualizada.

Em que época do ano os casos aumentam?

No Brasil, os casos costumam aumentar entre os meses de abril e agosto, entre o outono e o inverno, devido à maior aglomeração de pessoas em ambientes mais fechados com pouca ventilação, o que facilita sua disseminação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gripe sazonal afeta de 5% a 10% da população mundial, e causa cerca de 650 mil mortes por ano, sendo que crianças, idosos e pessoas com determinadas doenças são as principais vítimas.

A elevação no número de casos observada em algumas capitais brasileiras no fim de 2021 é surpreendente. Vários fatores podem explicar isso: relaxamento das medidas preventivas após a diminuição dos casos de covid, baixa adesão à vacinação contra a gripe neste ano e a presença de uma nova variante, a H3N2-Darwin.

Preciso ir ao hospital se estiver gripado?

O atendimento médico deve ser procurado especialmente nos casos de febre elevada, desconforto respiratório, e pessoas com fatores de risco para complicações e persistência dos sintomas. Quadros leves podem ser tratados ambulatoriamente e sem sair de casa.

A gripe pode matar?

Sim, os grupos de risco são mais propensos a complicações graves e morte. A letalidade está associada principalmente à instalação de quadros da Síndrome Respiratória Aguda Grave.

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