Não é só cigarro que aumenta casos de câncer de pulmão na América Latina
Principal causa de mortes por câncer em 2020, os tumores de pulmão fizeram 1,8 milhão de vítimas só em 2023, segundo a OMS. O tabagismo continua sendo o principal fator de risco para a doença. No entanto, principalmente entre os não fumantes, há outras condições que aumentam o risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão.
Características na América Latina
Na América Latina, há características que tornam a doença "diferente" de outras partes do mundo, como a Europa, que vão além das particularidades genéticas, explica o oncologista Luis Corrales, do Centro de Pesquisa e Manejo do Câncer, na Costa Rica, durante Seminário de Oncologia da Pfizer da América Latina, realizado em Bogotá, na Colômbia.
No México, na América Central, e em outras partes da América Latina, o tabagismo tem uma incidência mais baixa do que em outros países da região. Mas ainda continuamos tendo outras causas que não envolvem apenas o tabagismo. Luis Corrales, oncologista da Costa Rica
Estudos (e assim como especialista) destacam os seguintes pontos:
Altos índices de infecções como HIV, tuberculose e HPV;
Queimadas (incêndios florestais);
Maior exposição à substâncias prejudiciais, como gás radônio ou ao amianto, presentes na mineração, por exemplo;
Poluição atmosférica.
No Chile, por exemplo, estudos mostram o maior risco de câncer de pulmão com profissionais que trabalham na mineração. Na América Latina, ainda temos os países tropicais, com maior número de pacientes com infecções latentes.
Há outros exemplos de ocupações de maior risco, que são frequentes em países da região, como mecânicos e trabalhadores de fábricas têxtil, metalúrgica, de metal pesado, entre outras.
Corrales esclarece ainda que mais pesquisas são necessárias para entender as particularidades do câncer de pulmão na região latino-americana. No entanto, o "comportamento" da doença já se mostra totalmente diferente em relação à Europa.
Na Europa, as pessoas fumam muito mais do que na América Latina, por exemplo. Mas aqui estamos vendo um aumento do câncer em não fumantes de forma muito mais frequente do que em outras partes do mundo.
E os cigarros eletrônicos?
Corrales explicou que, mesmo sem grandes estudos sobre o assunto, é possível que as pessoas que usam cigarro eletrônico tenham risco aumentado para o câncer de pulmão.
Um estudo publicado neste ano, no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, mostrou que pessoas que pararam de fumar e passaram a consumir cigarros eletrônicos têm maior probabilidade de desenvolver câncer de pulmão do que aquelas que não usam "vapes".
Outro artigo publicado no periódico World Journal of Oncology apontou que o cigarro eletrônico pode causar câncer anos mais cedo que a versão tradicional.
Fumaça tóxica, queimadas
A fumaça tóxica, mistura das queimadas e poluição, que pairava pelo Brasil e países ao redor também foi abordada pelo especialista —duas coisas que aumentam risco de câncer de pulmão.
"O fato de estar inalando essa fumaça constantemente provoca uma inflamação crônica nas vias aéreas. Ao longo do tempo, são essas inflamações que vão causar o câncer de pulmão", explica o oncologista.
*A jornalista viajou a convite da Pfizer Brasil.
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