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Sintomas, O Que Causa e Tratamentos


Tuberculose: tosse e sudorese noturna podem ligar alerta; veja os sintomas

Conheça mais da doença Imagem: iStock

De VivaBem

07/12/2024 05h30

"Capitã de todos esses homens da morte", "peste branca", "tísica". Estes são alguns dos nomes pelos quais a tuberculose já foi conhecida no passado. Embora esta enfermidade conviva com os homens desde a antiguidade, quando o médico alemão Robert Koch descobriu que a sua origem era uma bactéria, a Mycobacterium tuberculosis (ou bacilo de Koch), em 1882, ela era a causa de morte de 1 em cada 7 pessoas que viviam nos Estados Unidos e na Europa.

Hoje a comunidade científica festeja os resultados dos esforços para conter a doença no mundo, mas a OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2018, estimou que 1,5 milhão de pessoas, em todo o globo, ainda morrem em decorrência da tuberculose.

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Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, ela é um sério problema de saúde pública, e os dados do Ministério da Saúde revelam que, aqui, todos os anos, os casos somam 70 mil, e os óbitos chegam a cerca de 4.500.

Apesar de se relacionar a fatores socioeconômicos [Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz em 1984, e sobrevivente da tuberculose, disse que ela é filha da pobreza, seu pai e provedor], a doença é prevenível e curável.

E boa parte do sucesso da prevenção e do tratamento cabe a você, que deve estar atento aos sintomas, tomar a iniciativa de buscar ajuda o mais rápido possível, bem como aderir ao plano terapêutico sugerido pelo médico.

Entenda a tuberculose

Trata-se de uma doença infecciosa causada por um tipo de bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis —que é transmitida por meio de aerossóis (partículas líquidas minúsculas) produzidos pela tosse, espirros ou fala.

Existem ainda duas outras bactérias parecidas, e menos comuns: a Mycobacterium africanum e a Mycobacterium bovis, que podem provocar enfermidade semelhante.

Como isso acontece?

A infecção se dá de pessoa a pessoa. Ao entrar em contato com o doente, você pode ser infectado, e tal infecção está diretamente ligada ao grau e duração dessa exposição.

A OMS estima que em cerca de ¼ da população mundial a tuberculose seja latente, isto é, o bacilo conseguiu entrar no organismo, mas se mantém contido pelo sistema imunitário. Assim, a doença não causa sintomas e nem pode contaminar outras pessoas.

Contudo, em situações como a imunossupressão (redução das reações de defesa do corpo), a enfermidade pode ser ativada.

Quando as "redes de proteção" do organismo falham, a bactéria atinge os pulmões, causando a tuberculose pulmonar, a forma mais comum da doença.

Mas a patologia também pode acometer outras partes do seu corpo, quando será denominada tuberculose extrapulmonar. Nessa modalidade, os gânglios linfáticos (situados no pescoço, na barriga, no tórax), a pleura (membrana que reveste o pulmão), além de ossos e articulações, fígado, baço, o sistema nervoso central (SNC), e até a pele e os rins podem ser atingidos.

Importante saber que, para transmitir a tuberculose, é preciso estar doente.

Quem precisa ficar atento

A tuberculose pode acometer homens e mulheres, em qualquer idade.

Pessoas que tenham seu sistema imunitário comprometido, como infectados pelo HIV, indivíduos malnutridos, com diabetes, que fazem uso de tabaco e álcool, além de grupos que vivem aglomerados ou confinados (como os privados de liberdade), bem como a população que vive em situação de rua, são os mais suscetíveis.

As condições a seguir também aumentam o risco para a doença. Confira:

  • Câncer de pescoço e cabeça
  • Leucemia e Linfoma de Hodgkin
  • Doença renal grave
  • Desnutrição (peso corporal baixo)
  • Uso contínuo de fármacos específicos (corticosteroides, imunossupressores, como os usados em transplantes de órgãos)
  • Uso de drogas

Veja como reconhecer os sintomas

O principal sintoma da tuberculose é a tosse —seca ou produtiva (com secreção e, por vezes, com estrias de sangue), que persiste por mais de 3 semanas.

Você também poderá observar as seguintes condições:

  • Perda de peso
  • Febre vespertina (ao final do dia)
  • Sudorese noturna
  • Falta de ar
  • Cansaço
  • Perda de apetite
  • Dor no peito

Quando procurar ajuda?

Ao identificar os sinais e sintomas acima descritos, e que não passam por mais de 3 semanas, procure um médico para avaliação.

Lembre que, apesar de algumas das manifestações da tuberculose serem semelhantes aos de uma gripe comum, esta última é sempre aguda —isto é, não dura muito tempo.

Geralmente, o primeiro profissional procurado é um médico da UBS (Unidade Básica de Saúde), que será capaz de identificar a doença.

Na hipótese da presença de fatores complicadores, como a coinfecção com o HIV, intolerância ou resistência ao tratamento padrão, além de outras doenças —o paciente será encaminhado para um infectologista ou pneumologista.

Como é feito o diagnóstico

O médico ouvirá seu relato, levantará seu histórico de saúde e fará o exame físico.

Diante da suspeita diagnóstica da tuberculose, serão solicitados exame de imagem —a radiografia do tórax, e os seguintes testes laboratoriais:

  • Baciloscopia (pesquisa o bacilo da tuberculose nas amostras do catarro); é também chamada de BAAR (abreviação para Bacilo Álcool Ácido Resistente)
  • Teste rápido molecular para tuberculose
  • Cultura de micobactéria
  • PPD (sigla para Derivado Proteico Purificado - que observa a reação do organismo contra proteínas do bacilo da tuberculose)

Como saber se eu tenho tuberculose latente?

Quando um paciente recebe o diagnóstico de tuberculose, o médico deve investigar a doença nas pessoas de sua convivência, ou entre aquelas com as quais ele teve contato prolongado.

Para esse fim, ele solicitará o teste PPD, também conhecido como Teste tuberculínico ou Reação de Mantoux —que identificará a presença, ou não, da infecção.

Esse procedimento é essencial. Quando a tuberculose é latente, ela poderá avançar na presença de alguma condição em que haja a queda das defesas do corpo, como uma infecção por HIV ou o uso de medicações imunossupressoras.

O que esperar do tratamento

O objetivo dele é a cura. A terapia padrão é medicamentosa, e combina alguns antibióticos com diferentes mecanismos de ação. Espera-se que eles matem a bactéria, e ainda previnam que ela se torne resistente a um ou mais fármacos.

O esquema básico de tratamento dura 6 meses. A primeira fase, chamada de intensiva, tem duração de 2 meses; a segunda fase é a de manutenção, e dura 4 meses.

Em geral, caso o paciente siga todas as orientações médicas, o resultado é o desaparecimento da doença.

A tuberculose latente precisa ser tratada?

Sim. E ele se dá por meio da quimioprofilaxia —um tratamento preventivo— no qual se usa uma das medicações da terapia da tuberculose para evitar que a doença se desenvolva.

Essa estratégia só pode ser feita em pacientes não doentes. O uso do antibiótico, de forma inadequada, poderia levar à resistência a esse tipo de medicamento - o fármaco deixa de fazer efeito para você ou é necessário o uso de doses cada vez mais altas.

O tratamento é seguro?

Sim. E, em geral, é bem tolerado.

A maioria das pessoas não tem efeitos colaterais. Podem ocorrer, no entanto, alguns efeitos brandos, como desconfortos gastrointestinais (que podem ser controlados), formigamentos, ou até alguns graves, como a hepatite medicamentosa.

O que acontece se eu não me tratar?

Como o tratamento dura 6 meses, por vezes, as pessoas desistem de tomar os remédios. Nesses casos, o risco da tuberculose progredir aumenta. Além disso, podem ser observados:

  • Maior tempo de duração da doença
  • Ausência do efeito esperado dos remédios
  • Presença de mais efeitos colaterais com a substituição dos fármacos do tratamento básico
  • Baixa resposta aos novos medicamentos
  • Progressão do contágio entre familiares e comunidade, o que inclui a resistência aos antibióticos

A doença pode voltar, mesmo depois do tratamento?

Sim. Pode ocorrer uma infecção por um novo bacilo ou reativação de um quadro anterior. Tal situação é mais comum entre imunodeprimidos ou populações mais suscetíveis como pessoas em situação de rua, que vivem em ambiente carcerário ou situação de extrema pobreza.

Estou grávida? Posso ser tratada?

Sim. O tratamento de gestantes é possível, desejável, e é realizado com segurança para a futura mãe e seu bebê, e ainda tem a finalidade de prevenir o contágio após o nascimento.

Na gestação, o tratamento está bem indicado em todas as fases e a adesão à terapia deve ser impecável. O mesmo para o momento do aleitamento materno. Neste caso, o monitoramento próximo da lactente é essencial para evitar efeitos adversos dos medicamentos.

Dá para prevenir?

Sim. Criada há 100 anos, a vacina BCG, até hoje, é a única usada no mundo todo para prevenir a tuberculose.
Além disso, para precaver-se do contágio evite:

  • Aglomerações
  • Compartilhamento de espaço com pessoas infectadas
  • Permanecer em locais pequenos e sem ventilação

Tomei a BCG na infância, posso ter tuberculose?

Sim. A vacina reduz o risco de adoecer e de ter formas mais graves da doença. Apesar de as evidências científicas serem controversas, uma revisão dos resultados de 12 estudos mostrou proteção contra doenças pulmonares em percentuais de 44% a 99%, em 11 deles, enquanto apenas 1 mostrou não haver proteção.

No momento, várias novas vacinas contra a enfermidade estão em desenvolvimento. Os dados foram publicados pelo prestigiado jornal New England Journal of Medicine.

Tenho tuberculose. Como posso evitar o contágio dos outros?

Em primeiro lugar procure ajuda de profissionais da área da saúde e siga suas orientações. Além disso, adote as seguintes medidas:

  • Tome seus medicamentos na forma e tempo indicados pelo médico. Depois de algum tempo de tratamento, a capacidade de infectar outras pessoas se reduz. Contudo, é o médico que poderá dizer-lhe o momento de voltar à vida normal
  • Proteja sua boca ao tossir, espirrar e até sorrir com um lenço. Descarte-o imediatamente em local seguro
  • Faça isolamento social e evite contato com outras pessoas. Se for possível, durma em local separado da sua família, ao menos nas primeiras semanas do tratamento
  • Mantenha a casa arejada

Fontes: Rafael Mendonça Rey dos Santos, médico de família; Giovanni Breda, médico infectologista; Orjana Araújo de Freitas, médica pneumologista. Revisão Técnica: Giovanni Breda.

Referências: Ministério da Saúde; OMS (Organização Mundial da Saúde); CDC (Centers for Disease Control and Prevention); Ahmad Zaheen, Barry R. Bloom. Tuberculosis in 2020 — New Approaches to a Continuing Global Health Crisis. N Engl J Med 2020; Rotimi Adigun; Rahulkumar Singh. Tuberculosis. StatPearls. NCBI. 2019.

*Com reportagem de maio de 2020

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