Tipo de tuberculose pouco conhecido ataca aparelho urinário e genitais
Causada pelo bacilo de Koch, a tuberculose atinge prioritariamente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos como pleura, gânglios, meninges, intestino e rins. Sua transmissão ocorre por meio de gotículas de saliva expelidas no ar. Pouco conhecida, uma das consequências mais graves da tuberculose pulmonar é a tuberculose geniturinária.
A tuberculose ainda é bastante prevalente no Brasil e sua evolução costuma ser lenta e com poucos sintomas. A maioria dos casos começa pela infecção no pulmão, porém o retardo no diagnóstico ou o abandono do tratamento pelo paciente antes da cura total são as principais causas para a disseminação dessa infecção pelo organismo através da corrente sanguínea, atingindo, não só o aparelho urinário, mas também outros órgãos.
No aparelho urinário, o primeiro órgão a ser afetado é o rim, sendo que nessa primeira fase o paciente não apresenta sinais da doença.
Os sintomas começam a aparecer quando o bacilo de Koch alojado no rim consegue chegar à bexiga, provocando incômodos para urinar semelhantes aos de uma infecção urinária comum (cistite). A tuberculose urinária pode provocar a destruição dos rins e a diminuição de capacidade de bexiga, fazendo com que o paciente precise urinar muitas vezes durante o dia e à noite, sempre eliminando pequenas quantidades de urina e com muita dor.
Por ser uma infecção, essa doença pode ser curada com o tratamento correto, que dura, no mínimo, seis meses com o uso diário de medicamentos específicos que são disponibilizados de forma gratuita nos postos de saúde.
O abandono do tratamento antes do prazo recomendado pode causar a permanência da doença, e com bacilos mais resistentes.
É importante procurar um médico e ser disciplinado no uso das medicações até o final do tratamento recomendado.
A tuberculose geniturinária tem incidência entre 7,1% e 15% dos casos de doença pulmonar.
Fatores de risco e sintomas
Diabetes, tabagismo e doenças que diminuem a imunidade (como Aids) podem facilitar a infecção pelo bacilo de Koch. A doença é mais comum entre os homens, além de pessoas em situações vulneráveis como profissionais de saúde, pessoas em situação de rua e indivíduos privados de liberdade.
A variação extrapulmonar da tuberculose pode apresentar os mesmos sintomas gerais que se observa no acometimento pulmonar (febre, sudorese, fraqueza, emagrecimento), mais os sintomas específicos de acordo com a localização.
No caso da tuberculose geniturinária, muitos pacientes podem não apresentar qualquer sinal. Quando há sintomas, podem ocorrer dor ao urinar, dor na região lombar, sangue na urina, micção frequente, infecção urinária de repetição e febre. Porém esses sintomas costumam demorar a aparecer.
A tuberculose geniturinária pode levar a complicações que irão afetar a qualidade de vida dos pacientes, por isso são muito importantes o diagnóstico precoce e o tratamento adequado
A tuberculose urinária é uma das formas mais comuns de tuberculose extrapulmonar.
Após o foco inicial pulmonar, o bacilo atinge os rins e a próstata pela corrente sanguínea. A partir do rim, a infecção atinge o ureter e a bexiga e, a partir da próstata, todo o trato genital masculino. É uma doença de difícil diagnóstico, exigindo um alto grau de suspeição clínica.
A doença atinge inicialmente o rim, podendo destruí-lo completamente e descer até a bexiga, ocasionando sintomas urinários, muitas vezes insuportáveis, como o aumento da frequência miccional. Pode atingir ainda outros sistemas como o aparelho genital, incluindo próstata e epidídimos (órgãos localizados acima do testículo).
Nas mulheres, além do aparelho urinário, a tuberculose geniturinária pode afetar trompas, endométrio e ovários, podendo causar infertilidade, doença inflamatória pélvica, amenorreia ou aumento do fluxo menstrual.
Tratamento
O tratamento da tuberculose pulmonar se dá por meio de medicamento por seis meses e é realizado somente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para melhor controle e acompanhamento da doença.
O desafio é que muitos pacientes param de tomar os remédios ao cessarem os sintomas, quando na realidade ainda não estão de fato curados. Isso pode fazer com que a bactéria se torne resistente e até mesmo causar a morte.
A prevenção da tuberculose pode ser feita por meio da vacina BCG nos recém-nascidos.
Números do Ministério da Saúde apontam que, em 2020, o Brasil registrou 66.819 casos novos de tuberculose, o que corresponde a uma incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. Em 2019, foram diagnosticados 73.864 casos novos da doença (35 por 100 mil habitantes) —a queda provavelmente foi consequência da pandemia de covid-19. A doença é influenciada por aspectos ambientais e condições socioeconômicas adversas.
Fontes: Alfredo Canalini, ex-presidente da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia); Ubirajara Barroso Jr., urologista; e Antonio Peixoto de Lucena Cunha e André Avarese de Figueiredo, membros do Departamento de Infecções, Inflamações e ISTs da SBU;
*Com reportagem de março de 2022
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