"O tempo tem passado tão rápido que eu já deixo a minha árvore de Natal montada no armário. É como se ele tivesse encurtado, ficado mais rápido. Tudo sugere velocidade, urgência. E eu, por mais que me divida, me multiplique em várias, não tenho tempo. Não tenho tempo para a demanda do meu trabalho, não tenho tempo de ler todos os livros e ver todos os filmes que me interessam. Não tenho tempo para atender todas as ligações, responder tantos e-mails e curtir as milhares de fotos. Não tenho tempo para dormir as horas que desejo e muito menos de estar ao lado daqueles que amo".
É com o depoimento acima que o documentário brasileiro "Quanto tempo o tempo tem" começa. Ele mostra que nós conduzimos a vida de forma cada vez mais acelerada. De fato. Estamos sempre correndo, tendo ou não motivos para isso. Mesmo assim, parece que não somos rápidos o suficiente para acompanhar o ritmo do tempo. Quem não reclama de não dar conta do que quer ou precisa? Quem não gostaria de esticar o dia para fazer tudo com mais calma?
Temos a sensação de que mal um ano começa, já está terminando. Isso acontece porque não conseguimos fazer nossas tarefas e desejos caberem dentro do tempo. Nós o gastamos sem perceber, na tentativa de diminuir a montanha de compromissos não cumpridos à nossa espera. Mas ela só faz crescer, porque não paramos de receber informações, ofertas de cursos novos, convites irrecusáveis e infinitas possibilidades de entretenimento. Seduzidos por tudo isso, tratamos de encaixar um volume enorme de afazeres nas nossas agendas. É assim que o tempo passa sem que a gente veja.
Mesmo que no começo da pandemia os relógios tenham aparentado uma redução em seu ritmo, com a vida dentro de casa se tornando mais arrastada, é surpreendente como o ano já passou da metade. Afinal, como explicar essa contradição?