Renault Zoe x JAC iEV40

Motor elétrico não é a única semelhança entre os hatches, que tem porte, equipamentos e espaço parelhos

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo Murilo Góes/UOL

Ligado no futuro

Andar de carro elétrico ainda é luxo no Brasil. Preços salgados e a falta de infraestrutura adequada de pontos de recarga impedem que muita gente deixe de lado os modelos a combustão.

Enquanto os elétricos não se popularizam (algo que ainda não aconteceu em nenhuma parte do mundo, diga-se), UOL Carros convocou dois dos modelos elétricos mais baratos do Brasil para um duelo.

JAC iEV40 e Renault Zoe são próximos em quesitos como porte, proposta e equipamentos, fazendo com que disputem a atenção do mesmo consumidor.

Qual deles é o melhor? Vamos descobrir isso a seguir.

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JAC iEV40

Preço: R$ 159.900

Motor: elétrico

Câmbio: automático, sem marchas

Potência: 115 cv

Torque: 27,5 kgfm disponíveis instantaneamente

0 a 100 km/h: 10,3 segundos

Velocidade máxima: 140 km/h

Dimensões: comprimento, 4,13 m; largura, 1,73 m; altura, 1,56 m; entre-eixos, 2,49 m

Porta-malas: 450 litros

Autonomia: 300 km

Renault Zoe

Preço: R$ 149.900

Motor: elétrico

Câmbio: automático, sem marchas

Potência: 92 cv a 3.000 rpm

Torque: 22,4 kgfm disponíveis instantaneamente

0 a 100 km/h: 13,2 segundos

Velocidade máxima: 135 km/h

Dimensões: comprimento, 4,08 m; largura, 1,73 m; altura, 1,56 m; entre-eixos, 2,58 m

Porta-malas: 334 litros

Autonomia: 300 km

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Custo-benefício: Zoe é R$ 10 mil mais barato

É difícil achar dois modelos tão parecidos em um segmento tão restrito em ofertas e diversificado em termos de modelos como o de carros elétricos no Brasil. Mas JAC iEV40 e Renault Zoe poderiam ser ainda mais parelhos se a marca chinesa tivesse mantido o preço anterior de R$ 153.900, bem próximo dos R$ 149.900 pedidos pela Zoe.

Só que um novo reajuste elevou o valor da conta para R$ 159.900 - praticamente R$ 10 mil a mais. É verdade que os valores das revisões são bem menores na rede de concessionárias JAC, mas a diferença de preço entre eles seria suficiente para adquirir um carregador doméstico (R$ 5.130) e ainda cobrir o custo da instalação em sua casa.

Diante disso, o Zoe conquista seu primeiro ponto no duelo.

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Design: estilo do Zoe agrada mais

A gente sabe que gosto não se discute. E vamos combinar que os dois modelos estão longe de serem feios. Outro ponto interessante é que eles não seguem o estereótipo dos veículos elétricos, que até pouco tempo atrás pareciam seguir uma "regra" na qual o visual diferente e/ou futurista era obrigatório.

Tanto iEV40 quanto Zoe podem ser facilmente confundidos com carros movidos a combustão. E era exatamente isso que aconteceria se o exemplar cedido pela JAC não tivesse vários adesivos pela carroceria indicando que aquele carro era elétrico.

Falando nele, o iEV40 é baseado no T40, hatch aventureiro lançado pela marca chinesa no Brasil em 2017. Apenas alguns detalhes diferenciam os dois modelos, como o bocal do tanque de combustível "coberto" por um adesivo no veículo elétrico. A frente ostenta um visual mais limpo graças à ausência da grade dianteira convencional, uma vez que não há necessidade das aletas para refrigerar o motor. Atrás do logotipo da JAC fica o bocal para plugar o carregador, cuja abertura da tampa é um charme a parte.

Falta um pouco de personalidade ao interior, que é bem parecido com o do iEV20. O painel digital, por sua vez, tem um visual muito pobre e parece ter vindo de um carro de décadas passadas.

Já o Zoe tem um estilo moderno, mesmo depois de sete anos de vida. O modelo importado para cá ainda é da geração anterior, uma vez que o carro passou por uma reestilização na Europa - que deve chegar em breve ao Brasil. De toda maneira, o compacto possui linhas simpáticas e arredondadas que o fazem parecer menor do que realmente é: o carro tem 4,08 metros de comprimento, 2 cm a mais do que o Sandero.

Os designers da Renault capricharam em detalhes como o desenho dos faróis de neblina e as maçanetas das portas traseiras, que possuem uma impressão digital no lugar onde devemos apertar para abrir a porta. A cabine também peca um pouco pela simplicidade, embora o painel digital em TFT ajude a dar um toque futurista.

No fim das contas, o Zoe agrada mais por ter um estilo bem diferente do restante da gama Renault e também pela originalidade do projeto, sem precisar apelar para traços polêmicos.

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Desempenho: iEV40 anda mais

Aqui não tem discussão: o iEV40 dá um banho no Zoe quando o assunto é desempenho. De acordo com a JAC, o hatch precisa de 10,3 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, quase três segundos a menos do que o Renault.

A sensação de maior agilidade é a mesma ao volante: o iEV40 responde com maior rapidez ao pisar no acelerador e embala sem cerimônia. Se não fosse a ausência total de ronco do motor, o motorista poderia até achar que está ao volante de um veículo a combustão.

Frente ao JAC, o Zoe parece anestesiado mesmo no modo convencional. Se o motorista escolher o modo Eco, então, aí é bom deixar a pressa de lado: o modelo da Renault foi feito prioritariamente para uso urbano.

Porém, é bom frisar que o sistema de regeneração de energia do Zoe é muito mais eficiente do que no rival. Prova disso tivemos na volta da sessão de fotos, quando encaramos uma estrada sinuosa em descida. Depois de pouco mais de um quilômetro, o Zoe ganhou mais de 10 quilômetros de autonomia, enquanto o iEV40 regenerou meros três quilômetros.

Colocando prós e contras na balança, o modelo da JAC leva este quesito.

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Itens de série: vitória apertada para o Zoe

Já dissemos que a diferença de R$ 10 mil é um fator importantíssimo a favor do Zoe. Isso porque, além de custar bem menos, o modelo da Renault também agrada pela boa lista de equipamentos.

Anote aí: o carro vem com 4 airbags, ar-condicionado digital, computador de bordo, função Eco, sensor de chuva, sensor crepuscular, sistema de som Bose com seis alto-falantes, amplificador e subwoofer, assistente de partida em rampas, rodas de liga leve de 16 polegadas, central multimídia R-Link com tela tátil de 7 polegadas, navegador por satélite (GPS) e painel digital.

Só que o iEV40 não fica para trás, não. O chinês é importado com computador de bordo, ar-condicionado digital, função Eco, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, central multimídia com câmera de visão em 360 graus, rodas de liga leve, câmera frontal embutida no espelho retrovisor e freio de estacionamento elétrico. A JAC peca na segurança ao oferecer apenas o airbag duplo frontal obrigatório, sem bolsas infláveis laterais (presentes no Zoe) e do tipo cortina.

A decisão foi por detalhes, mas o Zoe recebe bem os ocupantes e levou a melhor mais uma vez.

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Vida a bordo: Zoe recebe melhor os ocupantes

Zoe e iEV40 são muito parecidos nas dimensões. Enquanto o Renault tem 4,08 metros de comprimento, 1,56 metro de altura, 1,73 metro de largura e 2,58 metros de distância entre eixos, o JAC é alguns centímetros mais longo (4,13 metros de comprimento), tem os mesmos 1,56 metro de altura e é pouco mais largo (1,75 metro).

A maior diferença entre eles está na distância entre eixos, que no iEV40 é de 2,49 de distância entre eixos - portanto, 9 cm a menos do que o Zoe. Quem percebe isso na prática são os passageiros do banco traseiro, que possuem um pouco menos de espaço para as pernas.

Falando nisso, o assoalho é alto nos dois modelos por conta da instalação das baterias no assoalho, mas a posição incomoda mais no iEV40. Não há como se sentar sem apoiar as pernas totalmente na base do banco, e isso pode incomodar pessoas mais altas por conta da posição dos joelhos - que ficam muito elevados, como acontecia nas antigas picapes de cabine dupla.

O acabamento é de boa qualidade nos dois carros. O isolamento acústico é elogiável no iEV40 e quem acha que ele poderia ter aspecto mais pobre se engana, já que o carro mostra ter peças bem encaixadas e vem até com revestimento de couro com costuras aparentes. O Zoe também fica no meio-termo, embora o nível de acabamento seja bem superior ao da maioria dos modelos da Renault fabricados no Brasil.

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Vencedor

O Renault Zoe levou a melhor por goleada, mas não pense que foi uma vitória confortável. O modelo vence por ter uma construção mais moderna e principalmente por custar R$ 10 mil a menos do que o iEV40. Se não fosse essa diferença o embate seria muito mais acirrado.

Isso porque o elétrico chinês tem melhor desempenho, bom espaço interno e vem de fábrica com o cabo para recarga, algo que a Renault inexplicavelmente oferece como opcional.

Porém, o JAC perde na lista de equipamentos de série, conforto e em tecnologias como o sistema de regeneração de energia, algo muito importante quando pensamos no risco de ficar a pé.

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