"Sempre fui disruptivo"
Ele tem 60 anos, 30 de indústria automotiva. Começou tudo, como gosta de dizer, "ainda garoto, nos anos 1970, com coleção [de revistas especializadas] 'Quatro Rodas', 'AutoEsporte" e a paixão por carros".
Filhos de franceses, Sergio Habib iniciou o lado empresário com um lava-rápido. Mas o perfil visionário começou a dar frutos a partir do governo de Fernando Collor, presidente que ficou pouco no cargo, por conta de acusações de corrupção e tráfico de influência, mas que ajudou a abrir o mercado brasileiro.
Assim, nos anos 1990, Habib decidiu abraçar o desafio de trazer a francesa Citroën para o Brasil, como importador. Também fundou a associação que representaria outras importadoras, a então Abeiva (hoje, Abeifa) -- nêmesis da Anfavea, que representava as poucas fabricantes localizadas.
Habib atuava não só como empresário, não só como industrial. Ele era -- e segue sendo -- um vendedor. Com 1,93 m, frequentemente é visto em eventos públicos das marcas que representa usando o mesmo uniforme de qualquer um que trabalhe na loja: sapato confortável, calça em sarja, camisa social ou polo com o logo da fabricante. O diferencial são as meias coloridas que atestam sua personalidade. Terno? Só em ocasiões muito formais. Assim, deste jeito, transformou a marca francesa em uma das mais conhecidas nos 18 anos -- e criou um grupo bilionário, que foi do automotivo ao educacional, no auge.
Em 2008, ele deixou a parceria com a Citroën e foi um dos pioneiros dos carros chineses por aqui. Fechou com a JAC Motors e contou até com o apresentador Faustão como garoto-propaganda, mas essa parceria decolou rápido e caiu ligeiro. O empresário culpa a crise econômica brasileira, medidas protecionistas e a forte inveja, que se transformou em lobby, de fabricantes locais. Outra frustração foi a fábrica brasileira da JAC que não saiu do papel.
Ele segue ao lado da JAC, mas agora o desafio é importar e montar carros elétricos, além de utilitários. Será que vai dar certo?
"Quando eu trouxe carro chinês em 2009, 10 e 11, foi a mesma coisa: 'como? Um carro chinês?'. Também foi disruptivo para o mercado. Tanto assim que teve montadora que teve de baixar preço por causa da gente. O carro elétrico é disruptivo mundialmente", disse em entrevista exclusiva de mais de 2 horas a UOL Carros.