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Brasil tem remédio para dar "choque" quando time baixa guarda no vôlei

José Ricardo Leite

Do UOL, em Katowice (Polônia)

08/09/2014 06h01

"Eu geralmente entro pra isso mesmo, pra dar um gás". Essa frase do ponteiro Lipe resume um pouco da sua função na seleção brasileira masculina de vôlei. O jogador é o mais usado do banco quando o técnico Bernardinho opta por uma substituição para tentar quebrar o ritmo de um adversário que cresce no jogo durante o Mundial.

Lipe é daqueles que não param de vibrar e está sempre com os olhos arregalados como se fosse uma chama para manter o time aceso. Junto com o capitão Bruninho, são os dois que mais fazem o perfil de levantar a equipe na base do grito.

"A personalidade deles dá uma contagiada, eles têm esse negócio da garra e todo mundo vai junto, e acho que isso ajudou nessa vitória", falou o líbero Felipe ao comentar a dupla na vitória de virada por 3 sets a 1 sobre Cuba, no domingo.

A entrada dos dois, junto de Leandro Vissotto, modificou o panorama de uma partida em que a equipe brasileira demonstrava certo abatimento após perder o primeiro set e ver o rival liderar por 14 a 11 na segunda parcial. Quando chamados do banco, já sabiam que tinham a função de "incendiar" o elenco.

"Pensei mais em tentar pra dar um choque na galera do que tecnicamente ser perfeito. Nós paramos de errar e começamos a jogar com uma atitude mais agressiva. Estávamos nos encolhendo mais. Minha entrada e a do Lipe, que tem essa característica também, conseguiu dar mais um ânimo pra equipe", falou Bruninho, que estava fora por conta de uma lesão no dedo da mão direita.

O levantador, como capitão da equipe, já é um dos que mais falam e incentivam durante o tempo todo. Já Lipe conta que sempre teve o jeito raçudo durante toda a carreira e não aceita que a seleção brasileira perca quando joga o seu melhor. Por isso tenta "agitar" quando vê que o psicológico do time está atrapalhando.

"Sempre, sempre (foi assim). Na vida sou mais tranquilo, mas aqui dentro viro um bicho e quero ganhar, independentemente se estou bem ou mal. Ainda mais na seleção brasileira, aqui eu não admito perder pra ninguém. Não é uma arrogância ruim. Não é querer ser superior a ninguém, mas se jogarmos com nosso potencial máximo, não dá pra ninguém, é uma agressividade gostosa. Sempre fui assim em todos os clubes", explicou.

Até o mais tranquilo Leandro Vissotto se contagiou pela dupla ao ver que entraria junto com eles. "A gente vendo de fora via que o jogo estava morno e conversamos eu, Lipe e Bruno pra entrar e dar uma oxigenada e um gás na galera, porque estava muito morno. Deu uma aquecida ali e o jogo fluiu melhor", comentou.

Apesar de na partida contra o cubano eles terem sido importantes na virada, todos ressaltaram a importância de o banco poder contribuir nos momentos em que alguns jogadores importantes e que vinham se destacando não faziam um bom jogo, como Lucarelli e Wallace, dois dos principais pontuadores da equipe.

“Sabemos que o Brasil é isso, não são só seis titulares, são 14 e só vamos chegar lá pra frente com isso”, falou Bruninho."O Vissoto entrou bem e o Bruno também, é bom ver que os 14 jogadores estão prontos.", endossou Lipe.

O triunfo da noite deste domingo, em Katowice, foi o quinto em cinco jogos da seleção de Bernardinho, que havia batido antes Alemanha, Tunísia, Finlândia e Coreia do Sul. Agora, na segunda fase, enfrentará os quatro classificados do Grupo C (China, Bulgária, Canadá e Rússia).

Na próxima etapa, os países de uma chave só enfrentam os da outra que vão cruzar (A contra D e B contra C) e são levados os resultados da primeira fase, exceto os jogo contra os países que foram eliminados (no caso do Brasil, serão levadas só as vitórias sobre Alemanha, Finlândia e Cuba, os outros três do grupo que passaram). O próximo jogo será contra a Bulgária, na próxima quarta-feira, às 11h30 (horário de Brasília).